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A água de São Mateus – Por Francisco Aurélio Ribeiro

Revista angaba, Ano I número 02 – dezembro de 2008 Idéias e Cultura no Espírito Santo

Se você tiver ziquizira, quebranto, mau olhado, mandinga, dores lombares, vá a São Mateus e tome um banho de descarrego. A água de lá está tão salgada que você sairá depurado; por dentro e por fora, se dela fizer uso. Mas não se admire se o cabelo ficar seco, duro, como se você tivesse acabado de se banhar em Guriri. E não há condicionador que dê jeito! Agora, se você tiver algum problema renal, água lá só mineral. É melhor e não faz mal.

Felizmente, a chuva também está chegando lá e, brevemente, cremos, os lençóis freáticos estarão abastecidos com a boa água (doce) pluvial e logo os mateenses e visitantes poderão usufruir a boa água como deve ser: insípida, incolor, inodora. Pois é, pessoal, só quando acontece um problema desse é que a gente se dá conta da importância da água em nossa vida. Apesar, de o Brasil ter a maior reserva de água potável do mundo, já estamos convivendo com a sua falta em muitas regiões. O pessoal do Nordeste já passa por isso há muito tempo.

Dizem que D. Pedro II, em meados do século XIX, ficou tão condoído com o flagelo da seca e o drama dos retirantes que cogitou a venda das jóias da coroa (Não, não eram as da imperatriz, mas as dele). Não o fez, e, se o tivesse feito, talvez só tivesse resolvido alguns problemas daquele ano. Outras secas viriam, e virão, ainda. Algumas foram relatadas em clássicos da literatura como A bagaceira, O quinze, Vidas secas, Seara Vermelha.

O problema é que não bebemos petróleo, nem minério de ferro e, muito menos aço. Não comemos asfalto, cimento e nem granito ou mármore. Ai de nós se não cuidarmos melhor do mundo em que vivemos, o nosso maltratado planeta Terra, e de sua principal fonte de vida, a água. Queremos o progresso, sim, mas a qualquer preço, não! Chegam as experiências do passado. Se o projeto industrial de Anchieta prejudicar, irremediavelmente, o estuário do rio Benevente e toda a sua ecodiversidade, fiquemos com a natureza. Os seres humanos viveram milhares de anos sem indústria e sem aço, Mas, sem água, morreremos todos.

QUEM É

Francisco Aurélio Ribeiro é capixaba de Ibitirama, pequena cidade na serra do Caparaó, ES. Formado em LETRAS e DIREITO, fez Especialização em Língua Portuguesa (PUC-MG), Administração Universitária (OUI-UERJ), Mestrado e Doutorado em Letras (UFMG). É Professor Universitário há mais de 25 anos e foi um dos criadores do Mestrado em Estudos Literários da UFES, além de ter sido o primeiro Secretário de Produção e Difusão Cultural da UFES (1992-1996); quando criou a revista Você, a Edufes, a Orquestra de Câmara da UFES, o Teatro e o Cinema Universitários. Possui 40 livros publicados, dentre literatura infanto-juvenil (16), crônicas (04), poesia (01) e os demais de crítica e historiografia literária, além de dezenas de artigos em revistas especializadas do Brasil e do exterior. É pesquisador da Literatura e História do Espírito Santo, de questões da alteridade e do tema Mulher e Literatura. Tem-se dedicado, também, à história da indústria capixaba, tendo publicado a história da CST, em 2006, e da Findes, em 2008. Em 2007, publicou O Convento da Penha. Fé e Religiosidade do Povo Capixaba, obra patrocinada pela CST. Pertence à Academia Espírito-santense de Letras, da qual é Presidente, em seu terceiro mandato, e ao Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo. Cronista fixo do jornal A Gazeta, do qual é colaborador desde a década de 1980.

 

Fonte: Revista a’angaba, Ano I número 02 – dezembro de 2008 Idéias e Cultura no Espírito Santo
Autor: Francisco Aurélio Ribeiro
Compilação: Walter de Aguiar Filho, agosto/2016

Variedades

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