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A introdução do cacau em Linhares

Cacau de Linhares - Foto: Diariopopularonline.com.br

Linhares só poderia esperar por um futuro melhor, se, primeiro, conseguisse uma forte base econômica e, segundo, se houvesse uma estrada para escoar esta produção. Até então, a única atividade que dava alguma renda era a extração de madeira, à qual a maioria dos que tinham posse por aqui se dedicava.

E novamente o destino vai construir sua teia.

Segundo o Dr. Lastênio Calmon, o primeiro plantio de pés de cacau em Linhares, e que não vingou, foi feito em 1880, por um baiano, Domingos, que fora contratado por Joaquim Francisco da Silva Calmon. Outros foram feitos ainda no sítio Taquaral, no Cipó, na fazenda Sossego, e o Talma Pestana tinha uma bela árvore em seu quintal.

O impulso inicial ao plantio sistemático de cacau em Linhares foi dado em 1917, quando o Sr. Bernardino Monteiro era governador do Estado e o Sr. Nestor Gomes era secretário da Agricultura.

A zona apresentava condições realmente favoráveis àquele cultivo, com chuvas abundantes no inverno, verão mais seco, contando porém, com tempestades chuvosas e, nas cheias, o rio Doce se encarregaria de regar as plantações ribeirinhas.

Assim, ainda em 1917, veio a Linhares um fazendeiro do sul da Bahia: Dr. Filogônio Peixoto, irmão do escritor Afrânio Peixoto, acompanhado de outro cacauicultor, o Coronel Antônio de Negreiros Pego. Ajudados pelo Coronel Lastênio Calmon, vereador na época, andaram pelas terras do município para escolherem onde se estabelecer. Filogônio ficou com as que compõem a Maria Bonita e o Coronel Pego, as fazendas Gigante e Primor.

Foi Filogônio quem introduziu aqui o método, até pouco tempo usado, de plantar cacau debaixo da sombra das árvores, cortando apenas o mato baixo.

Em 1918, outros pioneiros do cacau chegaram a Linhares e, no mesmo local onde fora no passado a fazenda Bom jardim, Nestor Gomes instalou a fazenda Goitacases, por conta do Estado, para ali fazer plantios e distribuir sementes no futuro. Ficou na administração o Sr. Olintho Reis que plantou um lote de cacau.

Nestor Gomes, sucedendo a Bernardino no governo, irá dar o verdadeiro e final impulso à cacauicultura linharense. Em 1921, “sancionou lei concedendo terras gratuitamente a agricultores que quisessem se dedicar à cultura do cacau, estabelecendo o número de cacaueiros correspondentes aos hectares a serem doados, bem como concedendo prêmios àqueles que alcançassem as metas determinadas e isentando-os de impostos por 10 anos”.

Além disto, conseguiu ajuda federal para a Fazenda Goitacases, que passou a chamar-se Estação Experimental do Cacau e cujo primeiro diretor foi o engenheiro agrônomo José Rosendo da Silva. Foram feitas várias instalações na Estação e novos lotes de cacau foram plantados.

Ali, debaixo destas árvores já adultas, vimos pela primeira vez este fruto esplêndido, em andanças folgadas nas tardes preguiçosas, e levamos as primeiras mordidas de mutucas, moscas picadoras amarelas, que, num passado distante, tanto tinham incomodado D. Pedro II. E foi ali também que provamos o sabor agridoce de polpa das sementes do cacau; semente maravilhosa que num passado muito, muito mais distante, era a moeda corrente do laborioso povo asteca e que daria, agora a Linhares, a moeda corrente de um progresso infindável.

 

Fonte: Panorama Histórico de Linhares, 1982
Autora: Maria Lúcia Grossi Zunti
Compilação: Walter de Aguiar Filho, fevereiro/2012 

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