Morro do Moreno: Desde 1535
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A Natureza e a Obra – Por Norbertino Bahiense

Nossa Senhora da Penha

A história do Convento da Penha constitui um dos preciosos capítulos na própria História do Brasil e, talvez, o primeiro da História do Espírito Santo.

Recordemos a natureza. Reconstruamos, lógica e documentadamente, o que foi destruído ou modificado; e resumamos o que alguns esclareceram, historiaram, ou conduziram para o terreno da Ienda.

A beleza estonteante da Baía de Vitória é reconhecida por todos que a ela aportam, percorrendo-a em barcos, passeando pelas suas margens ou sobrevoando-a pelas vertiginosas asas da aviação.

O pontilhado irregular de suas ilhotas, as convidativas sombras do Moreno, da Penha, do Penedo e do Atalaia, bem nas suas bordas, o reflexo pouco distante do histórico Mestre Álvaro, do Moxuá e outras serranias, a desembocadura caprichosa do Santa Maria, o desaguar rasgado do Marinho, a grandiosidade admirável de sua barra, contrastando com o pitoresco do seu escoadouro pelo extremo que se espreme sob a ponte da Passagem, — a poesia cantante da Pedra dos Ovos, o capricho impressionante da Pedra do Elefante, os velhos canhões coloniais postados no antigo Forte de São João, onde hoje se ergue, majestoso e dominante, o "Saldanha da Gama", os argolões de cujos restos ainda existem vestígios nas bases do Penedo e ligadas aos quais grossas e pesadas correntes fechavam, outrora, o canal, a belíssima ponte "Florentino Avidos" ligando a ilha ao continente, — tornam esta linda baía, realmente, uma das miragens fascinantes do nosso querido Brasil.

Se há, no país, a Cidade Maravilhosa, o nosso incomparável Rio de Janeiro, no Espírito Santo, temos a baía maravilhosa: — a baía de Vitória.

Disputando à natureza algo de belo e grandioso a ser plantado nos seus altos e nas suas ribeiras, a mão do homem, num esforço ousado e titânico, engastou nos píncaros de Vila Velha, o Convento da Penha, e nos altos do Atalaia, essa obra prima da engenharia que é o Cais de Minério através do qual sai, para o mundo, o ferro inigualável de nossas minas gigantescas.

São bem dois símbolos — o moderno, honrando e glorificando a engenharia e, ao mesmo tempo, fazendo-se crescer e agigantar, aos nossos olhos, o antigo — ou seja esse relicário primoroso que é o Convento da Penha, desafiando as contingências do tempo.

Construído em partes, pelos frades, leigos e escravos, — sem os requisitos técnicos da engenharia moderna, — o Convento da Penha aí está, lindo, sólido e soberbo, na crista de uma Montanha, subindo, quase verticalmente da cota zero da baía, a seus pés, à altitude de 145 metros.

Na rocha que o abriga, há abundância de ferro, ouro e chumbo.

Sentinela altaneira, postado sobre a solidez do granito, virado para todos os lados, tendo a lhe arrebentar sobre as bases as ondas espumantes do Atlântico, na bravura das tempestades ou na mansidão preguiçosa das manhãs serenas, a lhe emoldurar o monte as verdejantes matas que o circundam, dominando o horizonte até a sua linha de núpcias oceânicas, — ele sobrevive em toda a expressão de sua grandeza. Nem mesmo a natureza, nas explosões mais violentas, conseguiu abalá-lo na sua estrutura. Feriram-no, é verdade, os raios de 2 de agosto de 1769, de 1846, de 27 de janeiro de 1867, de 14 de fevereiro ainda de 1867 e de 8 de janeiro de 1900; — mas esses golpes não abateram o gigante, servindo, sim, para fortalecer a confiança dos crentes na excelsa Padroeira, cuja imagem ele abriga e guarda, no silêncio religioso de seus muros e na majestade invulgar de suas paredes.

 

Fonte: O Convento da Penha, um templo histórico, tradicional e famoso 1534 a 1951
Autor: Norbertino Bahiense
Compilação: Walter de Aguiar Filho, janeiro/2017

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