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Aprendendo todo dia – Por Antônio Rosetti

Capa do Livro: O Diário da Rua Sete – 40 versões de uma paixão, 1998 - Capa: Anderson Marques

Eu cursava a Faculdade de Filosofia (Fafi) quando Paulo Torre, um amigo e colega de classe, me convidou para trabalhar nO DIÁRIO. Ele já era editor e eu entrei como repórter.

A proposta era renovar, aprimorar e atualizar o jornal.

Outros alunos foram convidados, mas depois tomaram outro rumo. Acho que desse grupo só eu fiquei.

Na época, Fafi e O DIÁRIO tinham tudo a ver no que diz respeito a expectativas culturais e políticas.

Esse "recrutamento" de fafianos foi feito em outras ocasiões, espelhado em experiência muito bem sucedida, que foi a seleção e treinamento dos formandos Hesio Pessali e Renato Soares pela Veja, que começou a circular em 1968.

Gostei logo do trabalho, do ambiente, dos colegas, que já conhecia de outras ocasiões.

Efetivamente, a redação dO DIÁRIO oferecia possibilidades de aprendizado. Estávamos motivados. Foram contratados também profissionais maduros, com grande bagagem e experiência. Um detalhe: era permitido errar.

É absolutamente correta a afirmativa, que remonta àquele período e à própria redação do jornal, de que O DIÁRIO era o maior jornal da Rua Sete de Setembro. Cada edição era um exercício. E nem sempre o dever de casa era bem feito. Três profissionais foram decisivos para o aprimoramento da nossa turma: Cláudio Bueno Rocha, Vinícius Seixas e Hesio Pessali, que estava de volta a Vitória depois de passar pela Veja. Eles se comportavam - eu via assim - como mestres, muito mais do que como o organograma indicava: diretor-responsável, editor-chefe etc... Dedicavam-se a ensinar e tinham conhecimento e talento para tanto.

O DIÁRIO nem sempre era uma festa durante o tempo que passei lá entre 1969 e 1971. Trabalhávamos muito, nos divertíamos, éramos e somos um grupo super-amigo, mas tivemos que conviver e nos confrontar com a pesada censura da ditadura militar, que incluía visitas dos censores à redação para dizer o que podia ser publicado e o que não podia, além de "convites" para conversas na Polícia Federal.

Havia também coisas engraçadas na censura, como a proibição de os jornais citarem o nome da filha única do general Geisel. Provavelmente, ela e o pai não participaram dessa decisão, que mais parece um preciosismo de dedicados censores de escalão menor.

Acho que O DIÁRIO não chegou a ser bem percebido pelo público-leitor de então. Não conseguiu competir com A Gazeta, apesar de nossa mobilização e esforço. Tentou ampliar tiragem com manchetes sensacionalistas e algumas arrojadas decisões, infelizmente economicamente inviáveis: edições extras em algumas ocasiões, como eleições, ou a tentativa de ser vespertino, contrariando os hábitos locais de leitura. A explicação era "posicionamento" face à concorrência.

O Caderno de Cultura, editado por Amylton de Almeida, causava enorme alvoroço. Lá tentávamos exercitar nossa capacidade crítica, defendíamos ideologias, posições intelectuais, palpites e idiossincrasias. Era também permitido mexer com quem estava quieto, o que resultava em grandes confusões. A irreverência era uma marca muito forte.

Trabalhar nO DIÁRIO definiu a minha vocação de jornalista, o que até então não estava claro. Lá aprendi, me motivei, gostei.

 

Fonte: O Diário da Rua Sete – 40 versões de uma paixão, 1ª edição, Vitória – 1998.
Projeto, coordenação e edição: Antonio de Padua Gurgel
Autor: Antonio Rosetti
Compilação: Walter de Aguiar Filho, março/2018

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