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As bacias dos rios Jucu e Santa Maria da Vitória

Rio Jucu próximo a sua foz

As bacias dos rios Jucu e Santa Maria são essenciais para a Grande Vitória. Nelas estão 70% do PIB capixaba.

As bacias dos rios Jucu e Santa Maria da Vitória têm papel vital para cerca de 1,5 milhão de pessoas que são abastecidas por suas águas todos os dias.

“Somente o rio Jucu é responsável pelo abastecimento de 60% da população da Grande Vitória. Ele fornece água para Vila Velha, Viana, a maior parte de Cariacica e toda a ilha de Vitória, o que reforça a necessidade de preservação”, destaca o vice-presidente da diretoria provisória do Comitê da Bacia Hidrográfica (CBH) do Rio Jucu, Paulo Sérgio Reetz.

Reetz conta ainda que o Jucu e o Santa Maria produzem 25% da energia elétrica consumida no Estado, ajudando a compensar a dependência em relação ao sistema elétrico nacional.

Para o presidente do Instituto Ecobacia, Alberto Pêgo, um outro aspecto considerável é a dependência da economia do Espírito Santo em relação a esses dois rios, já que 70% do Produto Interno Bruto (PIB) capixaba estão concentrados nas suas áreas de abrangência.

Ele reforça, ainda, que as bacias são essenciais para a sobrevivência da população que mora na Grande Vitória, uma vez que grande parte dos alimentos consumidos é produzida nos municípios da Região serrana que fazem parte das duas bacias.

Estudos governamentais que embasam o projeto      “Espírito Santo 2025” demonstram que um dos principais gargalos a serem enfrentados para o estabelecimento de condições estáveis de crescimento é a oferta de água em quantidade e qualidade suficientes, o que eleva a posição de destaque das duas bacias.

“Caso no futuro as vazões se tornem insuficientes, será necessário o uso de águas de bacias mais distantes, o que acarretará em alto custo”, reforça o professor de Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Antonio Sérgio Ferreira Mendonça.

De olho no problema, a Companhia Espírito-Santense de Abastecimento (Cesan) está presente em todos os comitês criados, que têm como objetivo preservar os recursos hídricos existentes.

“Para a empresa, as duas bacias são tão importantes quanto o petróleo. A Grande Vitória não sobrevive sem elas. Sem essa água falar em desenvolvimento industrial e populacional é impossível”, analisa o diretor de Administração e Meio Ambiente da Cesan, Luiz Moulin.

Fique por dentro

Por que os rios Jucu e Santa Maria da Vitória são importantes?

Toda a água para abastecimento da Grande Vitória é proveniente das bacias desses rios, região que abriga cerca de 60% da população do Estado, bem como o seu mais expressivo complexo industrial e comercial.

• Esses rios são a única fonte de abastecimento de água da região da Grande Vitória num raio de 50 quilômetros.

• Cerca de 70% do Produto Interno Bruto (PIB) capixaba se encontram na área das duas bacias.

• Os rios Jucu e Santa Maria são responsáveis por 25%da energia elétrica consumida no Estado.

• Nas desembocaduras desses rios estão localizados manguezais comum a área de 18 Km2 e que representam 20% da área de todos os manguezais do Estado.

• Nas bacias desses rios estão situadas diversas Unidades de Conservação (UC’s).

• O assoreamento da baía de Vitória, que depende do manejo da bacia hidrográfica do rio Santa Maria da Vitória, é fator limitante no uso do complexo portuário nessa baía.

• A manutenção do equilíbrio de nutrientes na baía de Vitória é dependente das contribuições provenientes do rio Santa Maria da Vitória.

• O rio Santa Maria da Vitória é o principal tributário de água doce do seu estuário e da baía de Vitória, sendo fundamental na manutenção desse ecossistema.

• As bacias ocupam aproximadamente 10% do território do Espírito Santo.

Alerta de racionamento

O aumento do consumo de água na Grande Vitória junto com a redução da demanda tem levado a uma conta amarga: o perigo real de racionamento.

“Não é alarme. A água já acabou. Em determinadas épocas do ano, em alguns locais,não há mais água. Na localidade de São Paulina, na nascente do Jucu, região de Pedra Azul, já existe o problema da escassez”, afirma o presidente do Instituto Ecobacia, Alberto Pêgo, um dos responsáveis pelo processo de mobilização dos comitês dos rios Jucu e Santa Maria da Vitória.

O secretário da Associação Barrense de Canoagem, Eduardo Pignaton, completa: “Lá, já não é possível irrigar o dia inteiro. É preciso combinar com o vizinho. O problema existe. Agora, ele não é irreversível.”

Para Pignaton, reverter esse quadro demanda políticas ambientais e sociais integradas, já que os rios possuem usos múltiplos.

Na visão dos dois, um aspecto físico, agravado pela ação humana, acentua o problema. Eles explicam que o Jucu retém pouco a água das chuvas e, por ser pequeno e possuir muitas quedas, a velocidade da água a leva logo para o mar.

“O rio não tem barreiras. Com o assoreamento, a calha fica rasa, o que leva ao acúmulo menor de água. Além disso, retificações feitas na década de 50, para eliminar cheias, aceleraram o seu curso”, conta Pêgo.

Devido à escassez, há expectativa de que a Cesan amplie a captação para outras bacias.

Para o professor da Univix Fernando Guzzo, que já desenvolveu trabalhos sobre o tema, a situação é no mínimo preocupante.

“Se não forem tomadas medidas adequadas e urgentes no sentido de orientar, disciplinar e controlar o uso da água é de se prever que a Grande Vitória poderá ser atingida por uma crise de escassez”, acentua.

Percurso de curvas e declives

Os rios Jucu e Santa Maria da Vitória têm como característica básica o fato de nascerem em grandes altitudes e apresentarem muita sinuosidade e declives.

A nascente do rio Jucu fica na Serra do Castelo, uma ramificação da Serra de Pedra Azul. Esse é o ponto culminante da bacia, com 1.800m de altitude.

O Jucu tem uma extensão de 166 Km, desde a nascente, em Domingos Martins, até a foz, na Barra do Jucu, em Vila Velha.

De acordo com o gerente do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) Fábio Ahnert, o rio possui dois “braços” principais, o Jucu Braço Norte e o Jucu Braço Sul, que vão se unir logo após a entrada no município de Viana.

Segundo ele, o braço norte é mais extenso que o sul e atravessa áreas menos protegidas por cobertura florestal. “A cobertura florestal da bacia, em relação às demais do Estado, é considerada boa. Entretanto, ainda se faz necessário a recuperação de muitas áreas degradadas e um melhor uso do solo”, registra Fábio.

A analista de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Iema Adriana de Oliveira Pereira dos Reis reforça que na nascente do Jucu, na região de Pedra Azul, está um dos maiores Índices de chuva do Estado, 1.700mm anuais, em média, havendo registros superiores a 2.000mm.

Informações Gerais

Rio Jucu

• Área – 2.220,55 km2

• Principais afluentes – Rios Jucu Braço Sul, Barcelos, Ponte, Jacarandá e D’ Antas, além do ribeirão Tijuco Preto e o córrego Biriricas

• Gerenciamento – Rio de domínio estadual

• Extensão – 169,5 Km

• Nascente – Serra do Castelo, que é uma ramificação da Serra de Pedra Azul. Esse é o ponto culminante da bacia, com 1.800 metros de altitude

• Foz – Na Barra do Jucu, em Vila Velha

• Municípios cobertos pela bacia – Domingos Martins e Marechal Floriano e parte de Viana, Vila Velha, Cariacica e Guarapari

• Principais atividades econômicas – Agropecuária, hortifrutigranjeiros, industrial, turismo e geração de energia elétrica

Rio Santa Maria da Vitória

• Área – 1.810,14 Km2

• Principais afluentes – Rios Posmouser, Claro, São Luiz, Bonito, da Prata, Mangaraí, Caramuru, Duas Bocas, Triunfo, Farinhas, Fumaça e São Miguel

• Gerenciamento – Rio de domínio estadual

• Extensão – 132,42 Km

• Nascente – Serra do Garrafão, município de Santa Maria do Jetibá

• Foz – Deságua na Reserva Ecológica da Ilha do Lameirão, na baía de Vitória

• Municípios cobertos pela bacia – Integra, além de Santa Maria de Jetibá, grande parte do município de Santa Leopoldina, cerca de metade de Cariacica e uma pequena parte (14%) do território da Serra. Embora não esteja inserida fisicamente na bacia, Vitória também a integra por ser abastecida pelas águas do rio.

• Principais atividades econômicas – Além do abastecimento humano, seus usos são para irrigação, indústrias e a geração de energia

Fontes: Iema, Cesan e Labgest/Ufes.

 

Fonte: A Tribuna, Suplemento Especial Navegando os Rios Capixabas – Rio Jucu – 26/08/2007
Compilação: Walter de Aguiar Filho, agosto/2016

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