Morro do Moreno: Desde 1535
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Barra do Jucu

Ponte antiga que era o único acesso à Barra do Jucu

Barra do Jucu é um pequeno balneário de Vila Velha, ainda tranqüilo, localizado a 15 quilômetros do centro da cidade, que atrai muita gente por seu alto astral. É um dos locais de destaque da nossa cidade.

A região tem de tudo: montanhas, rios, mar e lagoa, reservas ecológicas, o agito das festas como o carnaval e a calmaria das pequenas cidades no restante do tempo. Suas ruelas ainda sem calçamento encantam os visitantes e à noite o lugar se torna um ponto de encontro de boêmios.

Antiga vila de pescadores, guarda até hoje as características de vila. Fica próxima à foz do Rio Jucu, onde nos fins de tarde a atração é a revoada das garças boiadeiras. O Rio Jucu é um rio histórico, que serviu às primeiras investigações do sertão capixaba, nos primórdios da nossa história. Foi o rio que permitiu o desbravamento do interior dos municípios de Vila Velha, Cariacica e Viana. Veja texto escrito por Dom José Caetano da Silva Coutinho, em visita datada de 1812:

“Os moradores de Ponta da Fruta, e da Barra do Jucu, que pertencem à Freguesia de Vila Velha, ficam quase sempre sem Missa por causa da sua pobreza, e distância, em que moram; e por isso deixei Portaria de Oratório na Fazenda do Jucu do Coronel Bernardino Falcão de Gouveia Vieira Machado, com Cemitério, e Pia batismal, por toda a sua vida, e tudo dependente do Pároco. Este homem é muito celebrado pela sua riqueza, ambição, bazófia, e gênio satírico, e engraçado; E nós andamos debaixo de sua proteção quase um mês, e lhe ficamos muito obrigados. No dia 13 de Outubro subimos nas suas Canoas pelo Rio Jucu, e viemos pela sua Vala, ou Canal entrar na Vila da Vitória Capital da Capitania do Espírito Santo pelo meio-dia, e no Escaler do Governo com dez Remadores Índios, comandado pelo Capitão de Milícias, Francisco Guimarães, que ficou meu Afilhado. Desembarcamos no Cais do Palácio do Governo.”

A Barra do Jucu é muito famosa pela praia utilizada para a prática de surf e bodyboard e pelas tradicionais Bandas de Congo. Oferece também uma boa culinária à base de peixes e de frutos do mar.

Pela Barra do Jucu, chega-se à Reserva Ecológica de Jacaranema através da Ponte da Madalena, feita para pedestres. A Ponte da Madalena foi construída em 1996. Seu nome é em homenagem à Banda de Congo do Município, e ficou famosa pela música "Madalena":

Madalena do Jucú 
(Adaptação de Martinho da Vila)

Madalena Madalena
Você é meu bem querer
Eu vou falar pra todo mundo
Vou falar pra pra todo mundo
Que eu só quero é você

Minha mãe não quer que vá
Na casa do meu amor
Eu vou perguntar a ela
Eu vou perguntar a ela
Se ela nunca namorou

O meu pai não quer que eu case
Mas me quer namorador
Eu vou perguntar a ele
Eu vou perguntar a ele
Porque ele se casou

Eu fui lá pra Vila Velha
Direto do Grajaú
Só pra ver a Madalena
E ouvir tambor de congo
Lá na barra do Jucu.

A Reserva Ecológica de Jacarenema é uma área de preservação de restinga, manguezal, estuário e campos rupestres que são vegetações importantes para a Mata Atlântica. Na Reserva, também pode ser admirado o fenômeno conhecido como Pororoca, uma vez que o rio Jucu (que cruza a reserva) desagua no mar. Dentro do grupo de belezas naturais pertencentes a Vila Velha, o cenário exuberante das Ilhas das Garças e Itaiaia mostra a dimensão do potencial turístico da cidade.

Possui inúmeras praias, muito freqüentadas por surfistas e pelo pessoal que gosta desse esporte. No local acontecem campeonatos de "surf", alguns deles de nível nacional, Body Board e Canoagem sobre as ondas, de onde já saíram vários campeões mundiais. Apesar disso, durante quase todo o tempo, o lugar é calmo, e suas praias são procuradas por quem quer sossego.

Na Barra do Jucu, os visitantes podem apreciar as Bandas de Congo, que perpetuam um ritmo inédito, herdado de índios e negros, são parte integrante da cultura popular “capixaba”

Notável pela marcação rítmica dos “congos”, ou seja, tambores, e das “casacas”, um “reco-reco” de cabeça esculpida – esmeradamente executado hoje em dia pelo artesão Mestre Vitalino –, as bandas de congo são indispensáveis não só nas festas de São Benedito, santo padroeiro dos náufragos desde o século XIX, como também nos bailes e espetáculos de novos artistas como o grupo Manimal, que lançou um novo movimento musical chamado “rockongo”, misturando o congo à música “pop” universal, tendo-se já apresentado pela Europa, e a banda Casaca.

Confira a letra da música Morro da Concha (que fica na Barra do Jucu, ao norte da Praia do Barrão), de autoria da Banda Casaca:

Morro Da Concha
Composição: Renato Casanova

Lá em cima, tudo pode acontecer
se você está sozinho alguém pode aparecer
quanto mais alto, mais longe pode enxergar
todo mundo lá em baixo querendo me "sacanear"
olha, os fiéis estão chegando pra rezar
mas é em baixo da cruz que o bicho pode pegar
tem urubu trocando idéia com calango
você fica de bobeira, nosso tempo vai passando
vem cá pro morro, vem pra cá você também
vem cá pro morro, vem sentir o que faz bem
o sol esquenta e já tá tudo ocupado
tem surfista, tem turista pulando pra todo lado
achei estranho, mas eu não fiz comentário
essa fumaça aí na frente, o morro vai desabar
de bicicleta, asa delta ou como for
tomando água de coco, se escondendo do calor
curtindo o rock, reggae e congo de norte a sul
isto é o morro da concha, isto é Barra do Jucu..

Morro da Concha

O Morro da Concha possui uma história curiosa, contada pelo artista plástico Kleber Galvêas, ilustre morador da Barra do Jucu:

“Nos anos 60, o francês Charles Baffet, falecido por volta de 1990, veio para o ES como diretor da companhia de navegação Delta Line e adquiriu a Pedra da Concha, que no passado era uma ilha e fica no mesmo paralelo que a ilha da Trindade. Ele defendia a tese que o tesouro muito procurado por diversos aventureiros na Ilha da Trindade na verdade estaria no morro da concha. Usando operários que cavavam, fotos com infravermelho, detector seletivo de metais, bombas de água e trator, procurou o tesouro por 22 anos, Segundo me disse encontrou apenas cachimbos, fragmentos de louças, poucas moedas de cobre e talheres de prata.

Pouco antes de falecer vendeu o Morro da Concha para a família Vivacqua e virou pintor. Retratou toda a sua aventura em Paramaribo, inúmeras paisagens do ES e realizou fantásticas cópias de Gougain e Van Gough.”

A escritora Marilena Soneghetti, traduziu a alma da Barra do Jucu:

“A Barra do Jucu é o bairro onde moro, na desembocadura do Rio Jucu; pouco mais que uma vila de pescadores, perdida no tempo, preguiçosa e lânguida. Após rodar o mundo e viver longos anos em São Paulo, (uma loucura!) e tendo meu marido se aposentado, escolhemos para viver esse lugarzinho tranqüilo, alegre, cheio de gente interessante. Quem não é pescador ou lavadeira é musico, pintor, poeta, jornalista e alguns maluquinhos (B.J. está se tornando um reduto de artistas); tudo muito democrático, o que resulta em boa convivência.. As ruas são de terra, o comércio é mínimo. Tem pracinha, Igrejinha, criança soltando pipa, cachorro dormindo no meio da rua, revoar de garças ao fim da tarde, uma praia de altas ondas, colorida de surfistas, o Morro da Concha que esconde uma enseada mansa cheia de barcos, e a permanente brisa do mar que nos (des)penteia e refresca. Não tem jeito; quem mora aqui, vive impregnado de poesia”.

 

Compilação: Walter de Aguiar Filho, junho/2012



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Tudo começou com os imigrantes recém-chegados da Itália. Eles tinham o costume de produzir os alimentos dentro de suas propriedades, já que havia poucas casas de comércio na região e o dinheiro era escasso. Então, eles mesmos faziam os pães, o fubá, a massa de macarrão e criavam vacas para produção de leite.

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