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Bodas de Prata de Cinira Benezath Furtado

Catedral Metropolitana de Vitoria

As injustas obrigações da vida pública não nos permitiram estar presentes às cerimônias e à recepção que comemoraram as bodas de prata do casal amigo. Do ponto em que nos encontramos fomos reconstituindo na imaginação as cenas comoventes daquela rememoração sentimental.

Os amigos, os parentes, a sociedade solidária e curiosa, uns pretendendo apenas reparar faltas pequeninas, ausência a aniversários, a enfermidades leves; outros desejando interceptar as impressões do casal, senti-lo na vivência daqueles instantes culminantes, observar detalhe por detalhe, as transformações fisionômicas dos filhos. No andamento das sequências, todos vestidos de ternura e de saudades revividas.

Cinira Benezath Furtado é uma das mais queridas amizades do nosso grupo. Nos momentos de alegria e nos momentos sombrios que a sorte tem trazido, os nossos e ela estão sempre unidos pela mesma fibra inalterável de uma amizade que não teve jamais momentos de fraqueza. Sem vacilações e sem recuos, sem exageros e sem lisonjas desnecessárias, todos nós estamos festejando a sua felicidade e formulando os votos mais elevados pela realização total de seus desejos.

Não a vimos no desfile cadenciado e tranquilo daquele dia, mas compreendemos que arrepios de emoção andaram percorrendo a assistência no instante em que ela, exaltada pela simpatia e pelo sorriso de seus amigos, caminhava no braço do marido, na reconstituição de um momento vivido há vinte e cinco anos atrás. Entre outros, participavam do cortejo os três filhos do casal, homens feitos, todos firmemente iniciados na vida prática, estudando e trabalhando, dignificando com os seus esforços os anos de luta e sacrifício dos quais participaram e sentiram na existência em comum.

Conhecemos Cinira Benezath Furtado quando ela andava, ainda menina, estudando, pela Escola Normal. Lembramo-nos dela na reminiscência de um quadro vivido no pátio, entre colegas, numa atividade esportiva. Fazia parte, se não nos enganamos, de uma equipe de voleibol, e, juntamente com outras moças do seu tempo, era figura de destaque nos jogos, presença obrigatória nas quadras de basquete, onde "Baé", Orlando Furtado, pontificava no auge da carreira de amador.

Vimo-la a segunda vez quando passávamos por Maruípe. Casada, esperando o primeiro filho, costumava fazer a pé o trajeto da atual Avenida até o ponto dos ônibus nos Fradinhos, em direção ao trabalho. Ligada à família de Dona Augusta Mendes por laços de amizade e convivência, ao chegarmos ali encontramo-la como pessoa da casa, e até agora, parece, esses laços se têm apenas fortalecido.

Funcionária pública de mérito, servidora atuante da repartição em que trabalha, Dona Cinira granjeou com seu imenso calor humano um inumerável concurso de amigos. O marido e os filhos, dedicados e lutadores, compensam-lhe, com as vitórias que têm obtido, os momentos de dificuldade que teve de enfrentar com heroica decisão. Deve ser a rememoração circunstanciada desses anos de canseiras, de esperança e de realizações, que destacam no seu semblante as irradiações dessa simpatia inigualável.

Enquanto segue vagarosamente, ondulando nas oscilações da marcha nupcial, seus olhos estão mergulhados ao longe dos dias e seus anseios estão simbolizados nos três rapazes com os quais ela estuda, aos quais transmitiu, juntamente com o esposo, o espírito de fé e de perseverança. Todos sabem que ela não está ouvindo os acordes harmoniosos da música dos órgãos que enchem os espaços imensos da bela catedral. Está apenas sonhando agora, a jovem senhora plácida e loura, cujas rugas começam a sulcar-lhe o lindo semblante que se contrai. Parece estar procurando isolar-se em espírito, e, com o esposo e os filhos a quem tanto ama, consagrar esse momento glorioso de sua vitória.

25/08/65

 

 

Fonte: Crônicas de Vitória - 1991
Autor: Mário Gurgel
Compilação: Walter de Aguiar Filho, março/2019

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