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Capixabas, modéstia à parte

Parque Moscoso, ao fundo Ed. Moscoso - anos 50

O Brasil se encontrava em plena guerra contra, se não me engano, o Japão para entrar bonito na Copa da Alemanha. As ruas de Vitória estavam vazias.

Logo dou de cara com a Praça Costa Pereira, suas árvores, seus pássaros, o suntuoso teatro e a velha escadaria que leva à Catedral Metropolitana, na Cidade Alta. Era início de tarde e o sol me permitia ver seu brilho no canal da Avenida Beira-Mar.

Esta ilha é a única cidade do mundo onde ao olhar pela janela do carro se vê o mar, um navio, um trem e até um avião. Todos em movimento.

Agora estou no Parque Moscoso, cercado de casarios centenários e o edifício onde se encontrava o cinema Santa Cecília. Passo pelo Dominó, ambiente de "responsa", que abrigou em suas mesas a juventude transviada dos anos 60.

Passo pela Santa Casa e entro no mercado. É cheiroso o Mercado da Vila Rubim. E tem de um tudo. Reparo nas pontes velhas. Esta ilha é sim um presépio. Agora já é noitinha e estou no Triângulo das Bermudas, na Praia do Canto, depois de passar pelo aterro, a Curva da Jurema, a Praça dos Namorados e o Iate Clube. Dou uma volta na infinita Praia de Camburi com seus restaurantes por toda a orla.

Antes havia feito uma pacata viagem dos sonhos. Navegar naquela escuna que fica atracada no início da Praia de Camburi, perto da Estátua de Iemanjá, entrar devagar no canal, ver Vila Velha e a Avenida Beira-Mar, o Centro, Santo Antônio, São Pedro e depois voltar à Praia do Canto. Não sem antes dar uma parada na Ilha das Caieiras.

Falando nisso pode-se chegar de carro, ònibus, bicicleta, barco, canoa, nadando, como quiser, aos pontos de encontro gastronômicos de São Pedro. Depois desço para Santo Antônio e dou uma parada no Clube dos Pescadores.

Sento no local, de frente para o mar, com cheiro de mar. Apresenta-se lépido um peroá frito, recém-sacrificado para o deguste. Não há caviar no mundo que se compare a uma posta honesta de peroá frito.

O Triângulo das Bermudas - que me perdoem as ruas 24 horas do Brasil - faz jus ao nome que nasceu dos boêmios. Não haveria espaço aqui para nomear os bares, restaurantes, casas noturnas que permanecem, realmente, sempre abertos.

Vitória funde-se e confunde-se com Vila Velha. Atravesso a Terceira Ponte. A visão é espetacular. Só vendo. A baía vista assim do alto - que me perdoe Paulinho da Viola pelo plágio - mais parece o céu no chão. Vejo o Convento da Penha no cume do morro. Só quem subiu a pé aquela sacra trilha, revestida de pedra lascadinha - como já fez o locutor que vos fala -, sabe a altura exata do templo, símbolo do Estado. Orar mais perto de Deus facilita o trabalho Dele. Sei lá.

Vou até a Praia da Costa e aprecio suas águas verdinhas. Sigo por Itapuã e Itaparica e se deixar vou até a Barra do Jucu. Mas não hoje. Volto pela ponte e o cartão-postal fica visível de outro ângulo.

Como eternizou o poeta e jornalista Marien Calixte: viver é ver Vitória. Como de fato.

 

Autor: Paulo Bonates - Médico, psicanalista e jornalista
Fonte: Jornal A Gazeta, em 4/01/2006
Compilação: Walter de Aguiar Filho, junho/2012 

 

Veja links e fotos relacionados a esta crônica:

>> Mercado da Vila Rubim 
>> Culinária Capixaba
>> Terceira Ponte 

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