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Colunas e festas – Por Ronaldo Nascimento

Sob as ordens de Chiquinho

Minha vida como jornalista começou com uma substituição a Eleisson de Almeida, no extinto jornal Sete Dias, que era semanal e em cores, em 1958. Depois, fui para A Tribuna, onde me profissionalizei escrevendo diariamente. Passado algum tempo, Marien Calixte, que era diretor dO DIÁRIO, me convidou para assinar uma coluna sobre a nova geração.

Aceitei o convite, e passei a fazer a coluna, assinando-a com pseudônimo (Roney), porque já assinava outra coluna nA Tribuna com meu nome. Posteriormente deixei A Tribuna e passei a assinar todos os dias uma coluna nO DIÁRIO, chamada Em Dia Com Os Fatos. Era uma coluna versátil, que tinha um pouco de política, de administração, de negócios, de sociedade.

Eu não fazia parte diretamente da redação, só tinha uma coluna diária. Mas vivia sempre na redação, estava sempre quebrando o galho, ajudando a fechar o jornal... o que invariavelmente acontecia às 4 ou 5 horas da manhã.

Fiquei nO DIÁRIO de 1961 a 1973, tendo uma convivência muito amiga com as pessoas que trabalhavam lá. O pessoal dO DIÁRIO fazia jornalismo com a alma. Era uma época em que o jornalista podia dizer o que pensava e o que sentia, coisa que atualmente não acontece. Era um jornalismo de ataque.

Lá ninguém ganhava bem e quase ninguém vivia apenas de jornalismo. Muitas pessoas tinham os seus empregos e trabalhavam no jornal por paixão, com a alma envolvida pelo calor da profissão. Eu, por exemplo, trabalhava na Companhia Vale do Rio Doce. Formei-me em advocacia pela Faculdade de Direito de Vitória, e administração de pessoal pela Fundação Getúlio Vargas.

No início dO DIÁRIO, Plínio Marchini e Hélio Dórea lançaram um tablóide semanal, que circulava aos domingos com espaço para sociedade e literatura. Com a saída do Hélio Dórea para A Gazeta, o tablóide ficou sendo dirigido por Marien Calixte, e eu também dava uma parcela de contribuição. Era um suplemento muito lido, mas não dava lucro porque eu e Marien não tínhamos tino comercial.

Outras colunas dO DIÁRIO, nessa época, eram Giro, do Everaldo Pelissari; Vitória Confidencial, de Esdras Leonor; e Pessoas e Fatos, de Marien Calixte.

Fatos que hoje não teriam maior repercussão, na época chocavam os mais moralistas. Foi o caso de uma curra que aconteceu na Avenida Beira Mar, onde hoje é a Igreja Batista. O Carlos Alberto Nunes, editor de polícia do jornal, teve acesso ao laudo médico, no qual o legista dizia que "foram encontrados sinais de esperma na região anal da currada". Ele publicou o laudo, não imaginando o tamanho da polêmica. Para se ter idéia da dimensão que a coisa alcançou basta dizer que o bispo de então, D. João Batista da Motta e Albuquerque, exibiu um exemplar da edição no sermão da missa dominical, na Catedral, dizendo que aquilo não era jornal para ser lido nos lares capixabas.

O Carlos Alberto era muito engraçado. Ele escrevia que, à meia-noite,  passava na Jerônimo Monteiro um carro-fantasma, sem ninguém dirigindo. Por  causa disso, a calçada do Cine Glória ficava lotada de gente pra ver...

O DIÁRIO era também responsável por grandes promoções sociais. Eu fazia anualmente uma seleção das pessoas da nova geração que mais se destacavam. O Esdras Leonor promovia uma festa chamada Personalidades, de que participaram pessoas importantes na vida nacional, como, por exemplo, Carlos Lacerda.

O Marien também fazia sempre uma festa muito bonita na antiga sede do Clube Vitória, que era chamado "o aristocrata do Moscoso". Durante dez anos eu fiz a festa Menina Moça, um show-desfile no Saldanha da Gama.

O jornal era muito querido pela melhor sociedade de Vitória, dentro da qual tinha boa aceitação. Expressões publicadas nO DIÁRIO se tornaram conhecidas e usadas, como "encaixotar sereno", que eu empregava em minha coluna. Encaixotar sereno era virar a noite. Era como eu definia as intermináveis noites de boemia ao lado de uma garrafa, uma boa música e uma paixão. A boemia era também a marca registrada de muitas pessoas que trabalharam nO DIÁRIO e até hoje fazemos festas, sempre que possível.

 

Fonte: O Diário da Rua Sete – 40 versões de uma paixão, 1ª edição, Vitória – 1998.

Projeto, coordenação e edição: Antonio de Padua Gurgel

Autora: Fernando Jakes Teubner

Compilação: Walter de Aguiar Filho, fevereiro/2018

Imprensa

Obrigado Antenor – Paulo Maia

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