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Comemoração dos 65 anos da UFES - Por Denise Moraes

Passarela da UFES, década de 1970

Na longínqua década de setenta, a prioridade era a aprovação no Vestibular da UFES. Fizemos a inscrição para o vestibular para o curso de Letras - Português/Inglês e minha irmã para Desenho. Chegou a fase das provas, passamos na primeira etapa e fomos para a próxima, chegando à fase final. Em casa ficamos apreensivos pelo resultado que seria transmitido pela Rádio à noite. Uma longa noite. Iniciou-se a transmissão, e ao citar o nome do meu curso, eu fiquei atônita, o mundo silenciou ao aproximar-se da letra "D", e mal ouvi meu nome, estava incrédula com o som que parecia sair abafado da voz do locutor. E logo meu pai me parabenizou, então acreditei que fora classificada. Fiquei feliz, mais um sonho realizado. No dia seguinte, fui à UFES para constatar nas listas afixadas nas paredes dos prédios do Campus e nos Jornais locais. Quanta euforia dos candidatos aprovados e decepção dos reprovados. O início do primeiro período, novas amizades, a adaptação e a conciliação do horário do banco. Lembro-me da Passarela, a travessia em que muitos insistiam em pular a mureta, prejudicando o ainda tranquilo trânsito na BR e por vezes um acidente com alunos inescrupulosos. Lá de cima da Passarela, admirava o entorno.

E voltemos à UFES... Aos prédios do Campus, à Cantina. Dessas lembranças, vem-me à memória a aula de Literatura Portuguesa e uma ligação do grupo para o escritor Carlos Drummond de Andrade, uma pesquisa sobre sua obra, foi indescritível. A simplicidade e autenticidade ao atender o telefone e falar sobre sua obra, uma proeza que nos fascinou.

Professores de gabarito, e formaram-se grandes personalidades no Estado. Ao longo desse tempo, sinto-me honrada por ter feito três exposições de pinturas de quadros no "Espaço Zenira", na Biblioteca, no Município de Alegre e em Jerônimo Monteiro. Para meu contentamento, minha filha formou-se Veterinária na UFES, em Alegre.

Em março de 1962, já como primeiro Reitor da UFES, recém-federalizada, Dr. Jair Dessaune instalou o gabinete do Reitor e a sede da Reitoria, provisoriamente e sem ônus para os cofres públicos, no escritório e garagem térreos de sua residência na Rua do Rosário, 202 - Centro, na expectativa de cessão de um imóvel adequado para instalá-la posteriormente. Dr. Jair encaminhou expediente ao MEC solicitando providências para que fosse desapropriada a área pertencente ao Victória Golf & Country Club, em Goiabeiras, para ali se instalar a futura cidade universitária. Tal desapropriação foi realmente efetivada pelo Decreto Lei n° 1026, de 18 de maio de 1962. Informação do Livro da UFES.

A UFES, certamente, na sua trajetória em direção ao futuro haverá sempre de homenagear e reconhecer seu imenso legado para a educação superior no Espírito Santo e no Brasil. (Trecho retirado do depoimento de Reinaldo Centoducatte - Reitor da UFES em 2014 do livro - Jair Dessaune - Um Exemplo). Como foi substituído na Reitoria, em 1963, Dr. Jair não pôde participar, efetivamente, da construção do Campus. Troquei e-mails, mensagens com o radialista Fábio Pirajá e o seu neto Dr. Marcos Dessaune, o qual lançou o livro - Jair Dessaune - Um Exemplo - em parceria com a viúva Laurita Dessaune. Um pequeno trecho publicado na Revista O CRUZEIRO, DE 02.03.1968, sobre a nova Reitoria. "Comissão de Planejamento da UFES com o Deputado João Calmon e o Ministro Hélio Beltrão e o Reitor Alaor de Queiroz Araújo".

E as reminiscências que se enraízam no baú da vida vêm à tona. A reunião liderada por um vizinho acadêmico em medicina no ano de 1972, um líder que reunia os amigos para participar dos eventos na UFES. Havia o festival de cinema no telão, e para quem já se preparava para ingressar na Federal, era um estímulo de caráter sociocultural.

A FLICES comemora mais um ano de existência nesse espaço que lhe é peculiar, e homenageia distinta Dama da Cultura na Antologia da AEL. E essa dama completa sessenta e cinco anos de existência, formando seus filhos enaltecendo o Espírito Santo nas Ciências Médicas, Matemáticas, nas Letras que encantam com sua rimas poéticas, nas Artes que inspiram a alma do artista, ganham asas e vislumbram na tela do Campus pitoresco, emoldurado com plantas aéreas sob o dia ensolarado, anoitecer de céu estrelado e cheiro de capim molhado das brumas. Em cena, permanecerá no Teatro da UFES com longevidade.

 

Fonte: UFES: 65 anos – Escritos de Vitória, 33 – Secretaria de Cultura da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), 2019
Conselho Editorial: Adilson Vilaça, Ester Abreu Vieira de Oliveira, Francisco Aurélio Ribeiro, Elizete Terezinha Caser Rocha, Getúlio Marcos Pereira Neves
Organização e Revisão: Francisco Aurélio Ribeiro
Capa e Editoração: Douglas Ramalho
Impressão: Gráfica e Editora Formar
Foto Capa: David Protti
Foto contracapa: Acervo UFES
Imagens: Arquivos pessoais
Autora: Denise Moraes
Membro da AFESL - Academia Feminina Espírito-santense de Letras.Poetisa e Artista Plástica.
Compilação: Walter de Aguiar Filho, fevereiro/2020

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