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Dados sobre os tropeiros - Por Armando Garbelotto

Capa do Livro: Tropas & Tropeiros – O transporte a lombo de burros em Conceição do Castelo, 2013

Muitos foram os tropeiros, assim como incontáveis foram os animais das tropas, que, durante mais de um século carregando a produção cafeeira, viabilizaram a colonização e o desenvolvimento de Conceição do Castelo. Embora esse período tenha encerrado na década de 1960, foi possível entrevistar os últimos tropeiros do município, além de colher de testemunhas da atividade, dados a respeito de alguns deles, cuja trajetória merece registro. Vejamos:

Adão Rodrigues

Nasceu em 1925, em Santo André, hoje distrito de Aracuí, no município de Castelo. Começou a lidar com tropas aos 20 anos, quando se transferiu dali para o lugar denominado Cajú, nas antigas terras da Fazenda Santa Helena, a fim de trabalhar na lavoura de café do italiano Iris Caretta. Iris possuía um lote de burros para puxar sua produção e a de vizinhos e, quando faltava tropeiro, era Adão quem ia tocar os burros na estrada. A seguir, Adão mudou-se para Piaçu, em Muniz Freire, ficando pouco tempo por lá, na tropa de Manoel Bicalho. Já casado, foi para Santo Antônio, onde trabalhou com Baurity Teixeira, na tropa do proprietário Tércio Pinheiro. Dali se transferiu para a Fazenda do Areão, de Colmar Vieira, onde permaneceu aproximadamente até o fim das tropas. Atualmente, aposentado, reside na sede de Conceição do Castelo.

Algenário Rodrigues Pimenta

Era de Macuco, distrito de Piracema, no município de Afonso Cláudio, onde nasceu em 1915. Tornou-se tropeiro a partir dos 8 anos de idade, ajudando na tropa de seu tio e de seu pai, Félix Pimenta, acompanhando-o nas viagens para Castelo e Afonso Cláudio. Aos 29 anos, já casado e dono do próprio lote de burros, mudou-se para a sede de Conceição do Castelo, onde, mais tarde, comprou uma pequena propriedade rural e uma caminhonete Willis, fruto do trabalho com a tropa. Seus dez burros de carga eram conduzidos por ele, a cavalo, e um ajudante, a pé, e esses animais atendiam pelos nomes: Diamantina (guia da tropa), Gemada, Avenida, Desempato, Canela, Bugarim, Rojão, Lambari, Figueiro e Recreio. Em 1960, Algenário passou a tropa e foi morar na cidade de Castelo, onde vive até hoje.

Ângelo Colodette (Angelim)

A necessidade de trabalhar com tropa houve quando seu pai, Antônio Colodette, filho de imigrantes italianos, construiu uma máquina de pilar café e arroz no terreno da família, em Taquarussu. Angelim diz que, em 1944, com 18 anos, já viajava para Castelo, levando café no lombo de oito burros para entregar no Vivacqua. Eram dois dias de ida, arranchando em Povoação, itinerário que cumpriu até meados dos anos 50, quando os caminhões começaram a chegar a Taquarussu. A partir de então, restou-lhe o uso da tropa apenas na região, puxando café para a máquina, que era tocada a água. Nessa época, foram seus ajudantes de tropa Moacir de Souza e José Santana. Quanto aos burros e mulas, tinham os seguintes nomes: Canário (guia da tropa), Mato Grosso, Segredo, Ruão (burro de sela), Centenário, Sucena (Açucena), Rio Branco, Ventania, Delicado e Baim (que era um cavalo e que fazia a função de madrinha da tropa).

Ângelo Graciano (Angelim)

Nasceu em 1918, próximo à localidade de Santa Luzia, onde seus pais, filhos de imigrantes italianos, eram meeiros. Aos 13 anos de idade foi para Muniz Freire. Lá, em 1938, Ângelim Graciano iniciou-se na profissão de tropeiro, trabalhando com o lote de burros da firma De Biase & Cia. Segundo ele, a distância de Muniz Freire a Castelo eram duas marchas, ou dois dias, passando por Vieira Machado, Morro Vênus e Fazenda Desengano, mas houve ocasiões de seguir a viagem via Santo Antônio. E quem tocava seus burros na estrada era o preto Eustáquio. Quando foi entrevistado, em 2004, Seu Angelim Graciano morava na sede de Conceição do Castelo, mas faleceu logo depois.

Antônio Dadalto

Foi levando sua produção de café para Castelo, em seus dez burros, e de lá trazendo para a família os produtos necessários não só ao seu sustento, como também para fornecer a outros lavradores, que, em 1937, Antônio Dadalto, filho de imigrantes italianos, abriu sua venda na localidade de Santa Luzia, onde havia se estabelecido em 1921, como proprietário rural. Nessa mesma época, construiu ali uma máquina de beneficiar café, que utilizou especialmente para pilar o café que comprava de seus fregueses. A partir de então, quem ficou à frente da tropa foi seu filho, Avelino Dadalto, auxiliado por Pedro Arvelino, e às vezes também por Chico Fraga. Avelino, por sua vez, trabalhou com a tropa até fins da década 40, quando o pai comprou seu primeiro caminhão, um Chevrolet Gigante.

Aristides Viana

Como já foi registrado, nasceu em 1913, na Palhada – Santa Helena –, tendo iniciado na lida com burros em 1923, na tropa de seu pai, João Gonçalves Viana. Aprendeu a cozinhar e a tocar burros durante as viagens para Castelo e, não raras vezes, Afonso Cláudio e até para Santa Leopoldina. Com 18 anos de idade, já era arrieiro, isto é, o chefe de um dos três lotes de burros que o pai possuía, até que aos 27 anos, casado e já morando em Montacavalo, na região do Angá, passou a tropear por conta própria, carreando café para pilar em Santa Helena, Monforte e Santo Antônio, nas máquinas de Marcelino de Souza, Genésio de Vargas e Oscar de Azevedo, respectivamente, donde seguia para Castelo. Trabalhou com a tropa até o fim dos anos 60. Aristides Viana faleceu recentemente em Castelo, com 94 anos, 45 dos quais passados no duro serviço de tropa. Foi o tropeiro mais velho entrevistado para este livro, um dos últimos remanescentes da fase de ouro das tropas.

Baurity Teixeira

Nasceu em 1926, em Virgínia, hoje Jaciguá - Vargem Alta. Veio para Conceição com 14 anos e órfão, logo após a morte de seu pai, quando a convite de Colmar Vieira, seu conterrâneo, pois era também de Virgínia, foi morar na Fazenda do Areão.

Ali, aos 17 anos, Baurity já comandava a tropa da fazenda, trabalhando na roça e puxando café, milho e feijão que Colmar comprava para vender em Castelo. Depois, em 1947, foi para Santo Antônio, na divisa com a fazenda do Areão. Neste local, Baurity Teixeira trabalhou, durante quinze anos, para o proprietário Tércio Pinheiro, até que sua tropa foi trocada pelo caminhão. Santo Antônio, no caminho para Castelo, era ponto de convergência da região e passagem obrigatória dos primeiros caminhões. Atualmente, Baurity mora na Palhada, bem na divisa de Conceição do Castelo com Castelo, onde é proprietário rural. Sobre seu pai, que viveu e morreu em Jaciguá, chamava-se Balduíno Teixeira. Este era fumeiro, natural de Ubá - Minas.

Bráulio Bento da Silva (vulgo Marreco)

Nascido no Angá, em 1927, ainda adolescente perdeu os pais, que eram meeiros. Por consequência, visto as tantas dificuldades e a separação dos irmãos, passou a viver como “andarilho” e dormir em paióis e tulhas das fazendas, onde havia tropas que transportavam a produção. Como era muito forte e bem mandado, logo foi requisitado para o duro trabalho nas tropas, além dos serviços na lavoura. Bráulio lembra que, com 18 anos, já fazia o trecho Angá a Castelo, ajudando o tropeiro Aristides Viana. Depois, morando em Santa Luzia, trabalhou para os Dadalto, puxando café até a máquina de beneficiamento. Dali foi para Taquarussu, onde permaneceu por um tempo na tropa de Angelim Colodette, retornando em seguida para o Angá. Lá, já no fim das tropas, trabalhou para Zeca de Mello (José Vieira de Mello). Hoje, aos 81 anos, Bráulio Bento vive em Santa Luzia.

Dejair Ferreira do Rosário

Nasceu em 1946, em Alto Monforte, onde, desde 15 anos de idade, foi tropeiro de Antônio Gomes Gonçalves, mais conhecido como Antônio Leonídio, transportando, com um lote de apenas seis cargueiros, mudança de família, milho em palha, telha, inclusive de tabuinha, feijão, mandioca, lenha e, principalmente, o café, que ambos levavam para beneficiamento em Piaçu, no município vizinho de Muniz Freire. Naquele tempo, segundo Dejair Ferreira, as coisas eram tão difíceis; e o dinheiro, tão pouco, que costumava ganhar uns quilinhos de banha, feijão, farinha, fubá e canjiquinha como pagamento pelo trabalho na tropa. Hoje, aposentado, reside na sede de Conceição do Castelo.

Floriano José Mariano

Nascido em 1932 no município de Domingos Martins, veio para Conceição do Castelo com um ano de idade e, pouco tempo depois, foi morar no Areal, na terra do imigrante italiano Gaetano Spadetto. Ali, em 1952, Floriano iniciou sua vida de tropeiro, puxando a produção de café para beneficiamento na propriedade de Augusto Maretto, na mesma região, trajeto que fazia até duas vezes por dia, auxiliado por Zé Preto. Depois, passou a trabalhar também a frete, para várias outras localidades próximas da sede de Conceição, onde os caminhões não conseguiam chegar. Nesse serviço transportava de tudo, especialmente o café, que era destinado às máquinas de pilar de Nicolau de Vargas, Antônio Colodette e Genésio de Vargas. Floriano diz que trabalhou com a tropa até 1964, embora os Spadettos já se utilizassem de caminhão, um Chevrolet.

Francisco da Costa (Teco)

Nasceu em 1944, em Monforte Frio, onde se instalaram seus avós, ex-escravos, que derrubaram ali a mata e plantaram os primeiros pés de café, logo após o fim do cativeiro. Teco diz que foi tropeiro a partir dos 12 anos de idade, trabalhando em companhia de seu padrinho, Durval Máximo, que era de origem italiana. Exerceu essa atividade até o final dos anos 60, levando café dali para beneficiamento em Monforte Quente, na mesma região, até que o transporte nesse trecho definitivamente passou a ser feito em caminhão. Monforte Frio, a 20 quilômetros da sede de Conceição, surgiu do Quartel de Monforte, na Estrada de São Pedro de Alcântara, rota das tropas entre Vitória e Minas Gerais no século XIX.

Genésio de Vargas Corrêa

Proprietário da Fazenda Monforte, herdada de seu pai, Emygdio de Vargas Corrêa. Para atender sua produção de café, possuía máquina de beneficiamento, muitos empregados, carros de bois e, como não podia ser diferente, tropa de burro. Ponto de convergência da região, ali chegavam tropas vindas de Monforte Frio, Angá e Viçosa, carregadas de café para pilar, motivo porque a fazenda era uma das mais importantes de Conceição do Castelo. Genésio contava com dois lotes de burros para escoar a produção para Castelo. Lá, negociava com Archilau Vivacqua e, posteriormente, já no declínio da atividade tropeira, Jorge Chamon. Nessa fase, Genésio vendeu um dos lotes de burros e comprou seu primeiro caminhão, um Chevrolet, em sociedade com Zenir Conrado, o Nilzinho. Seus tropeiros eram Agenor da Silva e Sebastião Cristina, um mulato e o outro preto.

Genésio Sobrinho da Silva (vulgo Genésio Rosa)

Era filho de Maximiano Sobrinho da Silva e Rosa de Jesus. Nasceu em 1919, em Atrás da Serra, perto de Rio do Peixe, no município de Afonso Cláudio, onde viveu até os 17 anos, tendo sido tropeiro desde menino. A seguir, transferiu-se para a sede de Conceição, onde tocou burros para Castelo até o final da década de 40, nas tropas de Severino Pinto, Zé Grillo e Conradinho de Vargas (irmão da comerciante Theonila de Vargas, viúva de Francisco Dias da Silva). Mais tarde, já no declínio das tropas, morou no Angá, tendo ali puxado café e mercadorias para Zeca de Mello. Genésio lembra que, nessa época, quando tinha seus 42, 43 anos, parou de mexer com tropa, por causa de uma hérnia. Como não podia mais pegar muito peso, criou os filhos capinando café. “Foi triste – diz ele, porque trabalhar com tropa era o que mais gostava de fazer na vida”. Hoje, com 89 anos, Genésio Rosa mora na sede de Conceição.

João Bissoli (Carioca)

Nasceu na sede de Conceição do Castelo, em 1923. Com 14 anos de idade, já ajudava o pai, o tropeiro Ângelo Bissoli, trabalhando na máquina de pilar café da família, que beneficiava até 300 arrobas de café por dia. A partir de 1941, João Bissoli passou a comandar a tropa e, quando não viajava para Castelo, ia para Mata Fria, Monforte Frio, São Bento das Pedras, Ribeirão do Meio e até para Rio do Peixe, em Afonso Cláudio, onde o pai possuía uma propriedade rural. Nesse ir e vir fazia frete puxando cochoeiras (pranchas de madeira, serradas a braço), telhas, areia, tijolos, mudanças e principalmente o café. Em 1962, com o avanço dos caminhões, vendeu o lote de burros e dispensou o então ajudante Pedro de Oliveira, o Pedrinho do Pedrão. De uns tempos para cá, João Bissoli vive em Vila Velha.

João Gonçalves Vianna

Um dos mais importantes e mais antigos tropeiros lembrados para este trabalho. Morava no lugar denominado Palhada, perto da sede da Fazenda Santa Helena, na divisa de Conceição com Castelo. Sua tropa de quatro lotes de burros (40 animais) transportava de uma só vez 80 sacas de café de 60 quilos. João Vianna viajava principalmente para Castelo, e às vezes também para Afonso Cláudio, onde entregava café no armazém de José Haddad. Isso quando não ia mais além, fazendo carreto dali para Santa Leopoldina, para embarque do produto no porto do rio Santa Maria, quando então ficava até quatorze dias fora de casa. Trabalhou com a tropa até os sessenta anos de idade, sempre auxiliado por vários outros tropeiros, como o filho Aristides Viana, João Canuto, Nelson Farias e João Peão.

João Ventorim Sobrinho

Nascido em São João de Viçosa, em 1908, era neto de imigrantes italianos. Começou a trabalhar com tropas em 1940, quando abriu uma venda de secos e molhados, ali mesmo. Por volta de 1945, transferiu os negócios para a sede de Conceição, quando o então distrito estava no auge de seu progresso. Em Conceição, foi comerciante até o começo dos anos 60, em sociedade com Segundo Casagrande, adquirindo café e cochoeiras para vender em Castelo. Sua tropa, de dois lotes de burros, ficava sob o comando dos empregados Alaíde, José Alves de Oliveira, apelidado de Zé Macaia, Ozires Teixeira e Sebastião da Adelaide. João Ventorim era também dono de caminhão, um GMC, que ele próprio dirigia para Castelo. Mais tarde, foi morar em São Gabriel da Palha, no norte do Estado, onde se estabeleceu como produtor de café. Faleceu em 1973.

José Paquiel

Foi arrieiro de tropa em Monforte Frio, de 1965 a 1971, trabalhando para Aristóteles Gonçalves Leite, o Tote, que era proprietário de terra e comerciante no local. Paquiel recorda que tinha 17 anos quando começou a mexer com a tropa, puxando café que Tote comprava na região para beneficiamento na máquina de Emidinho Ferreira, em Monforte Quente, ponto em que a estrada de rodagem e os caminhões haviam chegado. Além disso, trabalhava também a frete, transportando milho, mudanças, palmito, moirões e cochoeiras. Hoje, aposentado, José Paquiel diz que lembra com saudade daquele tempo, especialmente do seu ex-ajudante Manuel Tomaz e dos animais da tropa, cujos nomes eram Serenata (guia da tropa), Jurema, Aliança, Carinhoso, Carinhosa, Flor de Minas, Escovado, Vila Rica, Rochedo e Japonesa.

José Grillo

Foi viajando para Castelo, com um lote de burros, a fim de vender café e voltar trazendo mercadorias, que José Grillo sucedeu seu pai, Manoel Francisco Grillo, no comércio de Conceição do Castelo. Mais tarde, nos anos 30, quando os caminhões começaram a chegar a Conceição, Zé Grillo substituiu a tropa nas viagens para Castelo pelo caminhão de Olinto Marques, até que passou a fazer o transporte no próprio caminhão, um Ford, dirigido por Zenir Conrado e que transportava 60/70 sacos de café pilado. Nem por isso, entretanto, deixou de possuir burros e mulas de carga, que dependia para puxar o café que comprava de seus fregueses, e também para levar-lhes os mantimentos necessários à permanência na roça, inclusive nos lugares mais remotos do município. Em 1948, aos 52 anos, José Grillo faleceu.

Lourenço José de Souza

Como proprietário no lugar chamado Córrego Grande, em Monforte Frio, mantinha um lote de burros no trecho que vai dali a Monforte Quente, descendo o Emboque (Entre Pedras) para entregar café aos fazendeiros da época, ora para Luiz Ferreira da Silva, ora para Genésio de Vargas Corrêa, os quais, por sua vez, beneficiavam o produto e faziam a exportação para Castelo já em caminhão, mas muitas vezes também na própria tropa, quando chovia e a estrada de carro ficava intransitável. Seus dez burros de carga eram conduzidos pelos tropeiros Agenor da Silva e Hildebrando Xavier e atendiam pelos nomes: Novato (guia), Mulata, Estrelo, Segredo, Invejado, Escovado, Dourado, Maranhão, Roxinho e Saudoso.

Marcelino Bernardes de Souza

Nasceu na Fazenda Santa Helena em 1870. Era filho bastardo do Barão de Guandu, João Bernardes de Souza, com uma de suas escravas, de nome Luzia Mineira. Com a morte do pai em 1899, Marcelino ficou à frente dos negócios da fazenda. Em 1925, adquiriu de seus herdeiros legítimos, por meio de compra, a sede da fazenda com 50 alqueires de terras, onde havia muitos animais de carga e de montaria, imenso cafezal, máquina de pilar café e rancho, no qual pousavam tropas de Conceição, Brejetuba, Rio do Peixe, Piracema e Afonso Cláudio. Santa Helena era o último ponto antes de atingir Castelo. Curiosamente, logo após a abolição, foi um dos primeiros núcleos de colonos italianos em terra conceiçoense. Marcelino de Souza administrou a fazenda até 1956, quando faleceu.

Olegário Ascacibas Sinfroni

 Nasceu em Itatiaia, próximo a Ribeirão de Santa Tereza, em 1928. Era filho de Cândido Sinfroni e Isabel Ascacibas. Começou a labutar com tropa aos 20 anos de idade, deixando a roça para tocar burros para o proprietário de terra Aristides Dável, em Tinguá. Já casado, trabalhou para Aristides Viana, na região do Angá. Mas já era a fase final das tropas. Olegário conta que, depois disso, morando ali perto, em Barro Branco, voltou a trabalhar na lavoura de café, até que conseguiu, à custa de muita dificuldade, comprar duas juntas de bois, tornando-se então carreiro. Mais tarde transferiu-se para a cidade de Castelo, onde vive até hoje.

Oscar de Azevedo

Como comerciante nas décadas de 1930 e 1940 em Santo Antônio, em sociedade com Antônio Ferrão, mantinha dois lotes de burros no caminho para Castelo, transportando café, feijão, milho e outras coisas que adquiria na região. Sua tropa era dirigida por ele mesmo e o filho, Grimaldo de Azevedo, ambos auxiliados pelos tocadores Pedro Grande e Zé Lero. A distância de Santo Antônio a Castelo é de 20 quilômetros, que ele fazia até duas vezes por semana, descendo por São Manoel e indo despejar o café e se abastecer no armazém de Archilau Vivacqua. Trabalhava também a frete e, pelo menos uma vez por ano, ia até Rio do Peixe, em Afonso Cláudio, a fim de puxar café em coco para a máquina de Neca Pinto (Manoel Pinto). Em Santo Antônio, possuía também máquina de pilar café e rancho. Oscar trabalhou com a tropa até 1947, ocasião em que comprou uma propriedade de 12 alqueires de terras na Formosa e lá foi morar, dando como entrada no negócio um dos lotes de burros. Era filho de Higino Augusto de Azevedo, muladeiro que veio de Minas no final do século XIX.

Remy Gomes

Proprietário na localidade de Tinguá, onde foi arrieiro de tropa de 1970 a 1975, já nos últimos anos da atividade. Tinha como tocador de burros Romildo Andreão (Alemão), que depois deu lugar a Fidélis Ferreira, e fazia o transporte do café ali produzido até Santa Tereza e Cedro, para beneficiamento. Depois, passou a comprar, vender e a barganhar burros e mulas e, por conta desse negócio, ia para Pindobas, Monte Alverne, Fazenda do Centro, Patrimônio do Ouro, Fruteiras e Guiomar. Hoje, aos 80 anos, mora na sede de Conceição. Remy conta que, na década de 60, quando tinha seus trinta e poucos anos, costumava viajar com seu sogro, o muladeiro Abel Frade, para Minas, a fim de comprar muares e trazê-los para Conceição. Ainda nos anos 60, foi importante colaborador da famosa Festa do Rodeio da Fazenda Santa Tereza, uma das primeiras, senão a primeira, festas de rodeio do Espírito Santo, cuja montaria usada era o burro ou a besta.

 

Fonte: Tropas & Tropeiros – O transporte a lombo de burros em Conceição do Castelo, 2013
Autor: Armando Garbelotto
Compilação: Walter de Aguiar Filho, abril/2016

Curiosidades

Fotopintura

Fotopintura

Inventada por André Adolphe Eugène Disdéri (1819-1889/90) em torno de 1863, a fotopintura é obtida a partir de uma base fotográfica em baixo contraste - que tanto pode ser uma tela quanto uma imagem sobre papel - sobre a qual o pintor aplica as tintas de sua preferência, geralmente guache, para o papel, e óleo, para as telas.  Já em 1866 encontramos os primeiros praticantes deste processo no Brasil, que era denominado nos países de língua inglesa de photography on canvas.

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