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Daqui se avista o Convento da Penha!

Foto de Guilherme Santos Neves sobrevoando de teco-teco o Convento da Penha em 1953

Desde que a fé e o esforço dos capixabas – tendo à frente o santo Frei Pedro Palácios – plantaram, no alto do penhasco, a ermida das palmeiras e, depois, o Convento da Penha, para lá se voltaram e voltam ainda a vista e as preces de milhares de devotos de Nossa Senhora.

Bem contado o tempo decorrido, pode-se dizer que este cenário esplêndido atrai o olhar de todos há mais de quatrocentos anos. Anchieta anota assim a visão serena, numa de suas cartas, escrita em 1584: “Na capitania do Espírito Santo há duas vilas portuguesas perto uma da outra meia légua por mar. Em uma delas, que está na barra e chamam Vila Velha [...] está num monte mui alto e em um grande penedo uma ermida de abóboda que se chama Nossa Senhora da Penha, que se vê de longe, do mar e é grande refrigério e devoção dos navegantes”.

Também Frei Vicente do Salvador, no século XVIII, registra a ´maravilha`: “a ermida de Nossa Senhora da Penha [...] se pode contar por uma das maravilhas do mundo, considerando-se o sítio, porque está sobre um monte alto, um penedo que é outro monte, a cujo cume se sobe por cinqüenta e cinco degraus lavrados do mesmo penedo, e em cima tem um plano em que está a igreja e a capela, que é de abóboda, e ainda fica ao redor, por onde anda a procissão, [um] cercado de peitoril, donde se não pode olhar para baixo sem que fuja o lume dos olhos”.

Mais uma voz, e concluo: o famoso orador sacro, Frei Francisco de Monte Alverne, que, de 1819 a 1821, foi guardião do nosso Convento, no Panegírico de Nossa Senhora da Penha, talvez pronunciado aqui numa das festas da Santa, dizia aos seus ouvintes exaltados, depois de proclamar de ser a Penha “monumento da grandeza e da magnificência de Maria” e “mais eloqüente que os mais sublimes elogios”. “Quando os vossos netos perguntarem: Que penha é esta, sobre que se levanta este edifício onde à porfia se depositam os mais expressivos penhores de reconhecimento? A voz dos séculos responderá: Foi a gratidão que consagrou a Maria este soberbo troféu para que todas as idades reconhecessem sua preeminência e valia”.

Bem, Estamos às vésperas da Festa maior em que os capixabas exaltam a nossa querida Padroeira. E não será mal – ao revés, será bem – que aqui faça eu, aquém interessar possa, esta sugestão que a muitos parecerá ingênua: o Convento da Penha é o mais alto, o mais belo, o mais impressionante monumento de fé que se construiu no Espírito Santo. De mil partes – dos montes e morros, dos descampados, dos caminhos, das estradas, das pontes, das praias, do alto dos edifícios, de quase todos os recantos da Grande Vitória, na Barra do Jucu, nos altiplanos doutros municípios próximos ou distantes, se avista, em dias de sol ou chuva, lá no alto, imponente e sereno – o Convento de Nossa Senhora.

Ora, para melhor guiar o caminhante – seja gente da terra ou de outras plagas – para alertá-lo, preveni-lo, chamar-lhe a atenção, bem que se poderia, nos pontos em que, por momento fugidio ou por tempo mais demorado, se divisa e avista a bela maravilha da nossa fé, aí fincar um marco de madeira tosca ou polida e nele, em letras de forma ou escrita à mão, se lançar o aviso cordial: “Daqui se avista o Convento da Penha!” Também nos altos prédioa, no tope ou nas janelas, lá em cima, se desfraldaria, em pano, como bandeiras de fé, o aviso amorável.

E olhem: mais do que um aviso ao passante, mais do que um amistoso ato de informação turística, esse marco será – principalmente agora, às vésperas da grande Festa – um meio expressivo e original de proclamar, alto e bom som, a nossa devoção contrita à Virgem da Penha.

 

Autor: Guilherme Santos Neves, publicado originalmente em A GAZETA, de 25 de março de 1973

Convento da Penha

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