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De bonde com Grijó - Da Av. Jerônimo Monteiro seguindo para a Rua do Comércio

Rua do Comércio, 1932

Como disse anteriormente, a Av. Jerônimo Monteiro faz com que eu vez por outra mude o seguimento do assunto que estou abordando, devido ao fato de ela oferecer fatos mais concretos. Dessa forma é que poucos que vivem em Vitória atualmente e os mais novos não conhecem certos aspectos que o centro da cidade oferecia e muitos antigos os esquecem. Quando era prefeito da Capital durante o período de 05/04/71-13/03/75, ainda nos sistema de nomeação pelo governo do Estado, sendo governador na época o Dr. Arthur Carlos Gherardt Santos, o prefeito Chrisogono Teixeira da Cruz trouxe para Vitória uma novidade que é muito antiga na Europa. Era um tipo de cerca ou alambrado que atingia a cintura do adulto. Canos galvanizados e pintados foram colocados a partir da altura do Bar do Menezes, até a entrada da Rua da Alfândega. A intenção era fazer com que os pedestres, principalmente as crianças, fossem protegidos, também servia para educar o povo a atravessar na faixa. De início o prefeito foi muito criticado. No entanto, após o alambrado ter salvado diversas pessoas de acidente em que um carro espatifou-se nele, o povo reconheceu que o prefeito estava com a razão. Mais tarde, devido às batidas de carros e a não-recuperação do mesmo, o prefeito Setembrino Edwaldo Netto Pelissari, que governou a cidade entre 04/04/75 e 22/06/78, no sistema biônico, fez grandes transformações no passeio para pedestres e acabou por retirar o alambrado. Porém, durante o tempo em que permaneceu no local, foi de grande serventia à população. Se fosse novamente instalado, evitaria acidentes. Já que estou falando em prefeito, os prefeitos que governaram por menos tempo foram o Coronel PM Moacyr Monjardim, de 22/06/78 a 28/06/78, e o radialista e advogado Luiz Carlos Peixoto, no período de 15/03/71 a 04/04/71. Ambos exerceram mandato tampão (preencher afastamento eleitoral, pois no regime não havia vice-prefeito e assumia a primeira autoridade municipal desimpedida, com as normas eleitorais).

Vou aguardar o bonde que já vem correndo no sistema de linha comum no ponto próximo ao Hotel Palace, na antiga Rua do Comércio, hoje Florentino Ávidos, mas antes comentarei sobre algumas casas comerciais, como a Sapataria Ok, a Alfaiataria Zémino, este, pai do saudoso Wilsinho de Oliveira, antigo funcionário do Instituto Brasileiro de Café e excelente jogador de futebol e basquete, tendo jogado pelo Vitória FC. Foi um senhor craque. Era casado com dona Naná. Gente finíssima. Cito a Escola de Belas Artes, onde o professor Homero Massena transmitia seus conhecimentos aos seus alunos. A secretária, Cecília Jouffroy, fazia daquela escola um prolongamento, de sua residência, tal era sua dedicação por ela. Ressalto ainda as instalações do SESI, principalmente o Serviço Social, que foi o primeiro a instalar-se no Estado, que tinha como diretora a minha querida tia Geny Grijó. Também ali funcionavam gabinetes dentários e dentre eles o escritório de Roberto Humberto Ruschi e Bebeto e o do hoje colunista social e empresário Hélio de Oliveira Dórea. Ao lado vinha a Casa Hilal (não confundir com Helal), outra casa antiga, com mais de 60 anos no comércio de Vitória, hoje dirigida por César e Sami, sendo este uma das expressões da arte plástica de nossa ilha. Na parte superior do prédio, entrando-se pela Rua Nestor Gomes, ficava a Faculdade de Direito do Espírito Santo, depois esta passou para a Ufes. Ali funcionou a Escola de Comércio de Vitória, de propriedade do Sr. Wady Nagem, pai do saudoso engenheiro Rogério Nagem.

Passando pela escadaria Bárbara Lindenberg, subia-se uma rampinha onde se localizavam a Farmácia Catedral, especializada em homeopatia, e a outra do Sr. Gastão Roback, além da Casa Verde, famosa, de cuja existência, porém, me lembro muito pouco. O Café e Bar Americano, que era frequentado por marinheiros estrangeiros e damas da noite. Em frente existia uma estação de tratamento de esgotos. Dando uma entrada na Rua General Osório, que era uma rua estreita e quase sem saída, alguns destaques. Um deles era a presença ali das casas de prostituição, 120, 127 e 130, onde menor de 18 anos não entrava mesmo. Em frente, o prediozinho de A Gazeta, que anos mais tarde foi demolido para que A Gazeta desse a sua arrancada para o futuro, construindo-se um de 12 andares e anos depois foi implantado um dos maiores parques gráficos do país. Ao lado do 130, o Hotel Rex, a tinturaria do Chee Lee, e a residência mais adiante de Roberto de Oliveira, o Gifu. Em baixo da 127, a loja de móveis do Mala; ao lado, a casa de eletrodomésticos de Alziro Calmon. Pouco comércio existia na General. Na esquina a Igreja Batista, até hoje funcionando no local. O Centro de Saúde que ficava nas redondezas. Na rua do Comércio ainda tínhamos o armazém de secos e molhados, por atacado, de José Neffa, de onde se originou a rede de Supermercados São José, por volta de 1976. Eu trabalhava na Golden Cross, como vendedor, onde tenho a honra de ter sido classificado entre os dez melhores vendedores do país, e ter recebido uma plaqueta de ouro como prêmio (todos cantam sua terra eu vou cantar a minha). O nosso escritório funcionava no décimo andar de A Gazeta. Minha passagem pelo supermercado era quase obrigatória, onde, em uma lanchonete anexa ofereciam-se ótimos frios. Mesmo sendo obrigatória a aquisição de fichas, para os pedidos, eu conseguia fazer o lanche sem entrar na fila e pagava na saída. Mas todos os dias, ao efetuar o pagamento, recebia de troco uma caixa de fósforos ou um bombom ou as manjadas balas. Certo dia, antes do lanche, adentrei o supermercado e comprei um pacote de fósforos. Fiz o lanche na hora de pagar peguei uma nota de hum cruzeiro, juntei algumas caixa de fósforos e mais umas balas e fiz o pagamento, deixando no caixa e me retirei. Minutos depois apareceu no escritório da Golden Cross a caixa chorando e pedindo para que eu pagasse em dinheiro, senão era ela quem iria pagar. Fiz ver que aquilo era uma advertência contra a administração supermercado, pois eu pegava com moeda e recebia fósforos e balas de troco mas que iria passar mais tarde por lá para pagar em dinheiro, pois fui caixa de banco e sabia que o prejuízo caía no caixa. A partir desse dia passei a receber o troco sempre em moedas. Pelo menos para mim. Mais tarde os Neffa abriam o restaurante JAC (nome composto pelas iniciais de José, Antônio e Carlos), sendo o tiro inicial para a melhor apresentação dos ambientes em casas de alimentação. O restaurante funcionava na parte superior da loja e o seu primeiro gerente foi o guitarrista Paulo Ney, que brindava os frequentadores com músicas de seu repertório. Como o capixaba era comodista e achava o lugar fora de mão, os Neffa resolveram encerrar suas atividades.

Na página anterior teci comentários sobre a aviação civil. Para os que não pegaram esse tempo, vou comentar o fato que era de uma grande importância nos aeroportos do Brasil. Para quem estava esperando um avião chegar ou decolar, os alto-falantes do aeroporto anunciavam dessa forma na nossa cidade: uma batidinha clássica, batidinha no microfone para ver se estava no ar, ou aquele apito de microfonia. E lá ia a mensagem: "Aeroporto de Vitória. Aproximou-se desse aeroporto o avião do Cruzeiro do Sul prefixo PP-HXY [fictício], procedente de Salvador." Já quando era na decolagem, fazendo as observações para entrada no ar, o locutor, dizia: "Aeroporto de Vitória. Atenção senhores passageiros do avião prefixo PP-XYX [também fictício] da Varig, com destino a Salvador, Aracaju. Maceió, Recife, Natal e Belém, queiram aguardar no portão de embarque e boa viagem”. Os leitores vão me desculpar, mas, aproveitando este assunto com referencia aeroporto, e que faz farte do continente, mas serve à população de Vitória, quero narrar fatos interessantes de sua história local. Depois volto para Rua do Comércio. Ali foi palco de uma história interessante relacionada a um compadre de meu pai. Pouso e decolagem nas aeronaves sempre mexeu com os humanos. Assim é que, por volta de 1943, o Sr. Sebastião Cirylo, que era fazendeiro em Santa Cruz, município de Aracruz, possuía um caminhão Internacional K-7, que era uma maravilha para a época. Quando vinha a Vitória, chegava aqui cheio de encomendas para levar para Santa Cruz. Certo dia, após fazer todas as compras, inclusive a de três caixões de defunto, ao passar pelas extremidades do aeroporto. parou para assistir à decolagem de um Junker trimotor da Cruzeiro do Sul. Na carroceria viajava um carona. Depois da decolagem, o Sr. Cirylo deu a partida e foi embora. Caía uma garoa fina e o carona não fez cerimônia: entrou para um dos caixões para defender-se da chuva. Mais adiante, na Serra, um indivíduo pediu carona e recebeu ordem positiva. Quando viu os caixões, ficou escabreado e perguntou sobre eles, recebendo como resposta que estavam vazios. No entanto, os da boleia não sabiam que o primeiro carona estava abrigando-se da chuva em um dos caixões. Já próximo de Santa Cruz, o que estava no caixão abriu a tampa e, colocando um braço para fora, perguntou: "A chuva já melhorou?". Foi o suficiente para o homem despencar da carroceria, sofrendo fraturas e escoriações. Na época esse fato foi enfoque da imprensa nacional.

Mas, voltando ao aeroporto, como disse anteriormente, o número de companhias de aviação era reduzido e destaque era para a Cruzeiro do Sul, antiga Condor, a Panair do Brasil e depois de 1950 vieram a Varig Aerovias do Brasil, Loyde Aéreo, Navegação Aérea brasileira (NAB), Linhas Aéreas brasileiras (LAB) e Vasp. A Transbrasil foi uma fusão das aerovias Brasil e Sadia. O hangar pertencente à Panair prestava serviço às demais empresas. Existiam duas pistas: uma em barro e outra em grama. As aterrissagens e decolagens deixavam uma cortina de poeira vermelha infernal. Os voos dirigiam-se muitas vezes aos únicos estados que possuíam pista de cimento armado, na época: Rio de Janeiro (aeroporto Santos Dumont) e São Paulo (aeroporto de Congonhas). No Norte do país, na época da II Grande Guerra Mundial, os Estados Unidos, com interesse de usar as costas brasileiras como ponto de apoio para suas aeronaves, construiu bases em diversos estados no Norte/Nordeste em asfalto e cimento armado, assim é que os estados de Bahia, Sergipe, Pernambuco e as cidades de Natal, Fortaleza e Belém foram agraciados com essas pistas. Além de Fernando de Noronha, também Vitória foi agraciada com uma pista de cimento armado, que foi construída pela empreiteira Koteca, sob a responsabilidade do engenheiro Norberto Madeira da Silva. Por volta de 1944. Octávio Schineider, João Monteiro. Edmilson Esteves, João Luiz Horta Aguirre, Wilson Freitas, Nilson Chaves, o Nena, e Ulisses Álvares e outros cujos nomes me fogem à memória, aos quais peço desculpas pela omissão, formaram o Aeroclube do Espírito Santo. Mais tarde surgiram outros adeptos. dentre esses, Ellias Tomazzi, o seu Xinga, Darinho Tavares, Nelson Silva, o Nelson Calado, os Folador (pai e filho), Fernando Gaspar, que sofreu um grande acidente que quase custou-lhe a vida. Acrescem-se os instrutores Edmilson, Jorge Silva, Edson "Cacau" e Alfredo César. Este continua em atividades como vice-presidente, depois de ter sido presidente por diversas vezes. Como instrutor, está incluído entre os mais antigos do Brasil. O Alfredo César é filho do antigo secretário do Ginásio Espírito Santo e Colégio Estadual do Espírito Santo; sua genitora é Altair. Os primeiros aviões adquiridos, através de doações do homem de imprensa Assis Chateaubriand, foram: O PP-TKR e PP-RVZ. Por incrível que pareça, o PP-TKR, com mais de 50 anos, depois de sofrer várias reformas, ainda voa. Depois de alguns anos, adquiriu um Paulistinha, que foi batizado de "Gilda", com a estrela Rita Hayworth. Era um aviãozinho moderno, bonito. O aeroclube ainda possuía um avião Stinkson e um Cesna, mais tarde adquiriu um NA, para acrobacias. A turma que praticava voos dava um duro tremendo para executar as subidas e descidas, tudo devido às carências. Condução não existia, e a estrada que dava para o aeroporto era péssima; nos tempos secos tinha-se de enfrentar a poeira; nos dias de chuva, a lama. Só existia o ônibus da Serra, que passava três vezes ao dia. Para quem tinha carro, tudo bem, mas, para aqueles que não possuíam, o jeito era carona nos carros das empresas aéreas, caminhões na beira da estrada ou Jipão da Aeronáutica quando ia à cidade. O bar e restaurante dos irmãos Nestor e João Camilo só funcionava nos horários de embarque e desembarque; até a água tinha que ser mineral, pois a que se usava era extraída de poços e geralmente era barrenta. Depois que os voos foram crescendo, principalmente nos dias de 1950, quando os cassinos do Estado começaram a funcionar, os aviões, que  em média de oito a nove pousos por semana, nas sextas-feiras, sábados e domingos, triplicavam, o que motivou as obras de modernização do Aeroporto Eurico Salles. Hoje já podemos considerá-lo como um aeroporto internacional.

Feito o comentário, largo os aviões e volto ao itinerário dos saudosos bondes. Em frente ao armazém de secos e molhados do Sr. José Neffa ficava, e ainda existe, o Palace Hotel Vitória. Do outro lado, o Bar Mauá, ponto de encontro do pessoal da estiva. Ao lado, a Firma do Sr. Dumans, concessionária da General Motors. Junto a ela, o Ferro Velho de Zacarias Fernandes Moça, português de primeira linha, que começou a montar sua vida comercial com sucatas. Lembro-me que o Sr. Zacarias sofreu um grande golpe, quando com mais de seis filhos, todos pequenos, perdeu a esposa. Era comum ao entrar na loja, que começava a mudar de ramo para o de ferragens, deparar-se com os guris brincando pela loja. Mais tarde quase todos passaram pelos balcões trabalhando e estudando. Quando o "Velho" veio a falecer alguns deles já possuíam diplomas de médico, economista e advogado. Hoje é uma firma de renome no Estado e ainda é gerida por seus filhos. Era um homem de respeito, e seus filhos conservam o seu caráter sempre em alta. A loja de Edgard Rocha, grande amigo de meu pai, outro que veio de um armazém de secos e molhados na Avenida Capixaba e passou para o ramo de representações de sal, automóveis e mais tarde passando para o ramo cinematográfico, associando-se a Dionísio Abaurre e Luís Severiano Ribeiro, que era o "papa" do ramo no Brasil. Dois grandes casamentos foram realizados e comemorados pelo casal Didi e Edgard. O primeiro, da filha Marlene com o comandante de linhas internacionais da aviação comercial Wilson Barbosa, realizado no Clube Piraquê, na lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio. Mais tarde, um dos maiores casamentos já realizados em Vitória, o de Valéria com José Dias Lopes, na Catedral de Vitória, com recepção no antigo Clube Vitória, o "Aristocrático do Moscoso", com direito a recepção para mais de mil pessoas e com bufê do Rio de Janeiro, orquestra de Heitor Latorraca e filmado por J. Severiano e apresentado para todo o Brasil. Felizmente os casais vivem até hoje em perfeita harmonia, curtindo filhos e netos. Dona Didi continua firme e seu filho Edgarzinho é um próspero representante comercial e empresário. Vizinho de loja era o seu Carone, que, após encerrar o comércio de sapatos, passou a ser atacadista, daí surgindo uma grande rede de supermercados na Grande Vitória. O Sr. Scopel era outro atacadista da Rua do Comércio. Ainda existia o armazém de Clóvis Rezende. Ali só existia um bar e caldo-de-cana, que era de Haroldo Marins, o "Haroldo Mamau". Já entrando na Presidente Pedreira, o Café Pagani, que usava o nome de seus proprietários, depois passou para o grupo Zanandréa. Em seguida, o Colégio Nossa Senhora da Vitória – Salesiano — do qual tive a honra de, juntamente com o mano Zé Cláudio, ser uns dos fundadores. Mais tarde nos transferimos para a Academia de Comércio de Vitória. Isto por volta de 1943. Lembro-me do diretor, Padre Emílio Miotti, professores, padres Mário e José Quintiliano, e de alguns colegas da época, como Mário Monjardim, o Babinho, Geraldo Nader, o Bigodão, Manoel da Silva Nunes, o Mané Diabo, José Felipe, Nacélio Radagásio Paiva, Fernando e José Mainardi, Guilherme Ayres, Severo, Afonso e China. Em frente ao colégio, a garagem do Sr. Borgo, pai de Delfin e Eloy.

O primeiro possuía caminhões de transporte e o segundo era um dentista de fama nacional. A Vitoriawagem, de propriedade de Mário Pretti e Eugênio de Queiroz. Já na esquina com a Marcos de Azevedo, a casa de Alberto Gonçalves, especializada em material de construção e louças para sanitários. Era pai de Nazareth, Maria Aparecida e Rogério. Este era tão magro que adquiriu o apelido de "Bombinha de Bicicleta". Na Rua do Comércio existia a firma Hard e Hand, que fazia esquina com a Presidente Pedreira. Limitava-se com o Cine São Luís. Na outra esquina a casa de peças de José Andrade, com um grupo de funcionários que sabiam de cor e salteado o estoque de mais de 5 mil itens. Eram eles: Ely Ribeiro, Edson Ferreira e Evandro Wanzo. Davam show de conhecimento. Em cima funcionava a Rádio Vitória e mais para frente, diversas casas de comércio têxtil. Na parte que dá para o cais do porto, da altura do atual Moinho Buaiz até a Rua João dos Santos Neves, toda área era baldia, sendo que existiam umas ruínas pertencentes à Ferrovia Leopoldina Railway. Na Rua João dos Santos Neves vinham as escadarias da Santa Casa de Misericórdia e dali tomava-se rumo à Vila Rubim, depois de passar em frente à Escola de Farmácia do Estado, hoje incorporada à Ufes. A loja de Leozílio José de Souza, especializada em material elétrico para construção, era o início da Rua Marcos de Azevedo. Na parte superior da loja, a residência do Dr. Otto Ewald, esposo de Dona Altair, mãe do inesquecível Roberto Ewald, professor e secretário municipal em diversas gestões municipais. Do outro lado da rua, a casa comercial de Radagázio Paiva, especializada em vendas de pneus e acessórios de borracha e venda de bicicletas. Em cima, o Hotel Popular, o Canaã, logo adiante o bar mais antigo de Vitória, o Bar e Café Santos, mas antes vinha a casa de fogos "Zezé do Balão". Ele era casado com dona Maria e pai do nosso grande jogador de futebol, já comentado anteriormente, Zezinho. Também existia uma loja de tecidos com o mesmo nome do hotel, que era de propriedade dos Sily. Mas vamos ao bar. A tradição do bar era o pão francês cortado ao meio com manteiga e fatias de queijo Palmira ou Borboleta, aqueles queijos com embalagem em latas redondas e levadas ao forno de lenha (estou com a boca cheia de água) e acompanhados com café e leite. Este bar era o quebra-galho dos médicos e dos internos da área de medicina da Santa Casa de Misericórdia. Um dos pontos de fim de festa dos noctívagos e boêmios da cidade. Como detalhe, as suas mesas com estrutura, imitando troncos de árvores e com os tampos em mármore, Avelino, Alberto e José Caseira comandavam a casa. Em frente, o corte no meio da pedra por onde passava o trem da Vale do Rio Doce, que trazia o minério de ferro de Itabira e outras mercadorias de Minas Gerais e outros estados para serem exportados pelo Porto de Vitória. Ao lado, a subida da Santa Casa de Misericórdia. Depois do Bar Santos, a subida da Rua São João; logo no início da subida ficava uma pensão de mulheres da vida e servia de entrada para diversas casas que davam frente à Rua Duarte Lemos. Seu nome era Pensão São João e em baixo ficava uma barbearia. A agência do Banco Comércio e Indústria de Minas Gerais ficava no início do corte da linha do trem. Na descida da Rua Pedro Palácios havia um posto de gasolina, de propriedade de Urbano de Souza. Certa ocasião, ao descarregar combustível, um caminhão tanque sofreu o efeito de uma combustão espontânea e quase levou tudo para o espaço. Porém o seu motorista, na ânsia de evitar males maiores, virou verdadeira tocha humana e morreu no hospital. O corre-corre foi uma coisa louca. Ninguém sabia para onde se ir. Infelizmente eu estava presente, como passageiro de ônibus, que parara em frente ao posto. A sorte é que não houve explosão, mas a sensação de medo foi medonha.

 

Fonte: A Ilha de Vitória que Conheci e com que Convivi, vol. 6 – Coleção José Costa PMV, 2001
Autor: Délio Grijó de Azevedo
Compilação: Walter de Aguiar Filho, agosto/2019

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