Morro do Moreno: Desde 1535
Site: Divulgando desde 2000 a Cultura e História Capixaba

De bonde com Grijó – Mercado da Capixaba

Planta do Mercado da Capixaba - Fonte Memória Capixaba

Mas deixemos o Rio Grande do Sul de lado e vamos voltar aos bondes. Transportado por um deles eu estava chegando na Av. Capixaba. Depois do primeiro ponto existia uma parada obrigatória, que era em frente ao antigo Mercado da Capixaba. Mas antes desejo mencionar o fato que prendia atenção de todos os passageiros, que eram os anúncios de certos produtos, como: Sabonete Eucalol, Empório Capixaba, Sal de Frutas Eno, Sal de Uva Picôt, mas o mais interessante era este: "Veja ilustre passageiro o belo tipo fagueiro que está ao seu lado, no entanto acredite, quase morreu de bronquite. Salvou-lhe o Rum Creosotado". Havia outros, como "Bromil o amigo do peito", "Saúde da Mulher", "Taneco — O Alfaiate que não é bom, mas serve", "Alfaiataria Júlio Lima", "Pílulas de Vida do Dr. Ross", Biotônico Fontoura, Modess, Café Santa Helena, "Duralex Sed Lex nos cabelos só Gumex", Café Gato Preto, casas Pernambucanas, casa Madame Prado, Café Glória e Pagani, e Casa Flor de Maio, que até hoje existe na Praça Oito, vendedora dos famosos chapéus Prada e Ramezzoni e diversos produtos de couro e que até hoje segue a mesma linha de comércio, que a torna a casa de comércio mais antiga de Vitória.

Salto do bonde no Mercado da Capixaba, que era um dos pontos mais tradicionais da Cidade, onde quase todas as famílias em diversos dias da semana se encontravam principalmente aos sábados e domingos, quando o trânsito de pedestres no interior do mercado era quase insuportável. Este era provido de quatro portas grandes pelas quais as pessoas adentravam suas lojas todas e delas saíam, Pela parte da Av. Capixaba, a maioria das lojas era composta de bares e botequins frequentados por diversos tipos de fregueses, sendo uns com mesas e outros só com serviços de balcão. Por exemplo: o bar do Sr. Passinho, que fazia esquina com a rua O’Relly de Souza e Avenida Capixaba, vendia principalmente no balcão. Oferecia pingas, batidas e tira-gosto. Ao seu lado o único tipo de comércio diferente era executado por José Maia. Seu ramo era barbearia. No entanto, o Sr. José Maia era um frequentador assíduo dos bares da redondeza, e seu preferido era o de Antenor Rodrigues. Ele era um grande apreciador de carne de saruê e lagarto. Eu, mais José Luís Mendonça, César, seu irmão, e Saul armávamos ratoeiras para capturar saruês e laços para pegar lagartos. No dia seguinte, ás vezes, eram cinco ou seis gambás capturados pelas ratoeiras de madeira que fazíamos. Já os lagartos eram apanhados através de armadilhas com laços, e sua captura era mais difícil; no entanto, quantos fossem capturados o Sr. José Maia comprava. Após o expediente, em um dos bares "o pau" quebrava entre umas e outras. Depois vinha o bar do Sr. Antenor Rodrigues, um bar de freguesia mais seleta. Já o bar do senhor Gélio e Dodô era o mais popular. Fugindo à característica do local, o Sr, João Abreu possuía um armazém de secos e molhados que levava o seu nome. Ele era pai do Dr. Geraldo dos Santos Abreu, Dra. Mansueta, Dr. Aryildo dos Santos e Creusa Abreu. O bar mais modesto da redondeza era o do Sr. Pedro Botti, frequentado por pessoas mais humildes.

Na esquina da Rua Araribóia vinha a casa "Esquina da Sorte", do italiano Sr. Cariello, que era especializada em massas, defumados, queijos e vinhos. Ele era pai do líder estudantil e mais tarde vereador pela UDN Orlando Cariello (um dos maiores cobras dos patins de Vitória na época). Na parte superior do prédio do mercado, fundada em 1938, ocupando toda a área, ficava a PRI — o Rádio Clube do Espírito Santo "A Voz de Canaã", hoje já beirando os 61 anos, fundada por um grupo liderado por Mezzin e Balbino Quintaes Jr, que entendiam de rádio e conseguiram colocar a rádio no ar. Ela manteve este nome até a década de 60 e com potência de 1KW, que mal alcançava Cariacica, Viana e Serra. Depois a eles juntaram-se Luís Noronha, Cícero, José de Almeida. Jair Amorim, Darly Santos, o Mickey, Duarte Jr, Bertino Borges, Solon Borges, que mais tarde viriam a tornar-se radialistas. Após muitas dificuldades técnicas e financeiras e, por que não dizer, administrativas, quase parando suas atividades, foi transformada pelo governo em Rádio Espírito Santo. Depois da saída do governador Carlos Lindenberg, com exceção do governo Santos Neves, os demais a usaram como cabide de empregos, admitindo pessoas completamente desentrosadas em relação aos meios radiofônicos. A rádio teve momentos heróicos, pois concorria com emissoras, principalmente do Rio de Janeiro, como: Rádio Nacional PRA-9. Tupi PRG-3, Mayrik Veiga PRG-6, Roquete Pinto e outras de São Paulo e Minas Gerais. Dentro dos seus parcos recursos técnicos, levava ao ar programas esportivos em que o Darly Santos, o Mickey, e Duarte Jr. faziam transmissão de futebol em dupla à semelhança do que faziam Antônio Cordeiro e Jorge Cury na Rádio Nacional. Outro baluarte era o Bertino Borges, mesmo carente de uma boa voz para o rádio, apresentava os programas de sua criação, que eram: Brinca Pessoal, Paraíso Infantil e o de grande audiência que era "Felicidade para Você". Interessante que este programa era o que mais crítica recebia, pois era um programa de dedicatórias musicais e de mandar abraços para fulano e sicrano. Nessa altura o telefone em Vitória ainda era do tempo de manivela e, para utilizá-lo, pedia-se linha à telefonista. Então, o jeito era os pedidos serem entregues na portaria da rádio, e depois levados ao ar. A dicção do Bertino não era boa, o que tornava o programa sujeito a críticas. Mas o homem levava em frente, eram três horas de programação. Muitos diziam que ele assemelhava-se aos programas de serviço de alto-falantes de parques de diversões. Tudo isso ocorria na década de 40 e foi quase ao início da década de 60. Hoje, em pleno fim de mais um milênio e com toda técnica que se usa na Rádio Mundial, as emissoras estão aí atendendo pedidos de músicas, "alôs", felicitações de aniversários etc, Bertino era possuidor de uma voz adequada para cerimônias eclesiásticas e solenidades, que demandavam voz em tom baixo.

Minha homenagem ao Bertino, que talvez tenha sido o primeiro a usar o "slogan" do velho Guerreiro Abelardo Barbosa, o Chacrinha, que nada se cria tudo se copia. Outros programas havia, tudo ao vivo. Um exemplo: "Calouros no Ar", com representação de Darly Santos, ou Duarte Jr. Os calouros eram acompanhados pelo regional de Maurício de Oliveira, que era composto com Zé Oliveira, Duca, Dário, Carlos Poyares (flauta). Outro programa infantil era apresentado com Renato Silva, que era conhecido por "Vovô índio". A exibição da Orquestra de Mundico, o Conjunto Vagalume, de Hélio Mendes, e o Bando Tropical (conjunto vocal) eram grandes atrações de auditório, geralmente aos domingos. Músicos como Zezito Hadad, Cícero Mendes. Henrique Borges, o Ferrugem, Caleto, Duca, Betinho, Dazinho e Bezinho, Paiva, Hélio Mendes, Maurício Oliveira, Paulo Ney, Moacir Barros, Marinho Carlos, Dário, Mundico davam show e não ficavam a desejar aos melhores do Brasil. Ainda davam uma colher de chá a figura folclórica da Ilha, o saudoso Ataré, com seu violino, e seu irmão o pianista José Carlos. Ambos eram filhos de dona Ricardina Stamato Castro, pianista e professora de música. Havia também um programa de estúdio, a radionovela, que tinha como intérpretes Linda Nagle, Arlete Cypreste, Terezinha Gobi, Darli Santos Noranha e Codi Santana Có. Como cantores contava a rádio com: Silvio Roberto, o Esquindim, Armando Mauro, o Romeu da Canção, Alceu Rocha (que era gamado em Sílvio Caldas), José Pereira da Silva, o Navalhada, Betinho Daumas, que imitava o som de um pistom com as mãos nas narinas, Arquipo (que gostava de imitar o Vicente Celestino). Darly Santos e Nestor Silva, o cantor sorriso. Do lado feminino destaque para Maria Cibeli. De 1960 para cá, o programa campeão de audiência foi o Programa Jairo Maia, que hoje conta com 38 anos no ar. No entanto, o destaque para esse programa foi na década de 60, quando ele lançou o quadro "Qual é a música". Este programa tinha uma audiência tão grande, que chegou a causar transtorno no circuito telefônico devido ao horário, pois era das 14 às 17 horas e em certa parte da tarde coincidia com o sorteio do jogo de bicho. Dessa maneira as linhas congestionavam-se, e a solução achada pela Telest foi fazer um acordo com o Jairo Maia para a mudança do horário para a parte da manhã, o que foi aceito e permanece até hoje. Hoje a rádio opera com um transmissor com potência de 25 Kw, com alcance em grande parte do Brasil e até certas partes do exterior (conforme o horário). Possui unidades móveis, serviços via fax, internet, e-mail e satélite. Conta atualmente com grandes profissionais, como: Gilda Soares, Jane Billichi, Vera Caser, Violene de Carvalho, Mírian Ramos, Ana Paula, sua atendente Cecília, e Rita Venturine. Pelo lado masculino, Francisco. Gonçalves, Paulo Duarte, Oswaldo Oleari, Eduardo Ribeiro, Jair Batista, Cipriano Pedrolino, Guido Gonzada são responsáveis pelo bom desempenho e grande audiência com boa marca no Ibope.

Saindo da Rádio Espírito Santo, pelo lado da Rua Araribóia, encontrava-se o Bar Cinco de Outubro, do português José Gonçalves, ponto favorito do pessoal da rádio e dos jornalistas de A Tribuna. Era um bar com mesas de mármore, e sua especialidade era vinho e cervejas, como: Brahma Chopp, Cascatinha e Theotonia. Havia também uma charutaria e vendas de cigarros. Em frente à Rádio Espírito Santo, onde acha-se hoje o Supermercado Boa Praça, existia o melhor caldo-de-cana de Vitória, era o caldo-de-cana do Sr. Lyra. Ali se comia o melhor pastel da Ilha, que era feito pelo Sr. Carvalho, pai do Devanir Carvalho. Este continuou a fazê-lo após a morte do pai, mas só que não era tão bom como aquele que ele fazia. Um caldo-de-cana tirado na hora e tomado com um ou mais pastéis, porque ninguém se contentava com um. Depois do Cinco de Outubro encontrávamos o armazém dos irmãos Coronel. Alfredo e Horácio com boa frequência. Do outro lado da rua a padaria de João Coutinho, que até hoje ainda existe, mas pertencente a outro proprietário. Dessa padaria guardo as recordações das filas para a aquisição de pães e manteiga por ocasião da II Grande Guerra Mundial, devido ao racionamento de trigo — um produto de horrível qualidade, misturado com farinha de milho: já a manteiga, vinda da Holanda, era qualquer coisa de louco e que jamais consegui comer.

Voltando para o mercado, lá estava o Armazém do Povo, do Sr. Victorino Cardoso. (Que homem legal.) Quando aposentou-se, os seus filhos Rubens, Rômulo e Ralph transformaram o armazém em mercearia e mais tarde passaram para o ramo de supermercados, criando mais tarde a rede Santa Marta, com o logotipo de um esquilo, que simboliza a economia do lar. Depois de possuírem quatro lojas e negociarem mais de vinte anos, passaram a rede para frente e foram curtir suas aposentadorias. Na entrada, para o interior do mercado, principalmente aos sábados e domingos, com uma mesinha improvisada, encontrávamos dona Pulu vendendo o seu famoso mingau de aipim e seus bolinhos famosos. Era quase impossível por ali passar e não tomar um copo de mingau (eta coisa gostosa!). Descendo rumo à maré, vinha a casa de verduras e frutas do pernambucano Joaquim, que também era fornecedor de navios, juntamente com Samuel Fonseca. Do outro lado da rua ficava o restaurante dos irmãos Nestor e João Camilo, que mais tarde, com o aterro da Esplanada Capixaba, passou a chamar-se "Esplanada". Ainda no mercado encontrávamos o estabelecimento do Sr. Primo Rosetti, que era semelhante o do pernambucano Joaquim. Seus filhos eram muitos, mas no momento só me lembro de Orestes e Dalva, que é casada com Victor Hugo Gasparini. Já o Sr. Davino possuía um restaurante, que era muito frequentado pelo pessoal do mercado e por pescadores que ali chegavam para descarregamento de peixes. Ocupando uma boa parte do mercado, tanto pela parte da Princesa Isabel como da Pinto Pacca, tínhamos a Usina de Pasteurização de Leite, que era explorado pelos senhores Esteves, pai do ex-diretor da TV Capixaba Sr. Carlos Alberto Esteves, e João Tomazzi, que iniciavam uma nova era em Vitória, ou seja, a pasteurização em nossa capital. O leite era adquirido mediante um processo anti-higiênico, pois era vendido cru diretamente da fazenda ao produtor, desconhecendo-se a sua real procedência. Aí, passou a ser entregue por carrocinhas com tanques de material galvanizado e servido gelado. De início, as carrocinhas eram puxadas por animais. Mais tarde o leite passou a ser distribuído à população através de caminhonete tipo tanque térmico. Um espetáculo à parte era quando se ouvia o buzinar das caminhonetes. A garotada e adultos corriam para o local de venda a fim de assegurar o melhor lugar na fila.

Outra coisa que guardo é o estado em que ficavam as notas de um cruzeiro (aquelas azuizinhas e que traziam a esfinge do Barão de Tamandaré e ao fundo o Forte de Copacabana). Acontecia que com a manipulação dos trocadores de bonde e ônibus as notas ficam "surradas" e ainda sofrendo o natural molhamento. Elas eram remetidas aos bancos para os respectivos depósitos nas contas correntes das empresas. Eu, que era caixa de banco, passava o maior sufoco para a contagem. Depois eram depositados no caixa-forte, de onde eram recolhidas ao Banco do Brasil, para serem trocadas por notas novas e, posteriormente, serem cremadas pelo Tesouro Nacional. No entanto, ao secarem criavam bolor e era um sufoco fazer o condicionamento para que o Banco do Brasil pudesse receber.

O Sr. João Tomazzi era homem irrequieto de grandes atividades e conhecedor de mecânica, principalmente a pesada (escavadeiras, tratores etc.). Eram seus filhos: Elba, casada com Fernando Costa, que, por sua vez era filho do Dr. Theophilo Costa, um grande médico humanitário; João Filho o engenheiro Eduardo; Marília, casada com o arquiteto Dr. Alfredo Silva, que era filho do Sr. Alfredo Silva, que foi fundador e proprietário de um dos melhores bares da sociedade capixaba, o Marrocos; Teresinha, casada com o comerciante e proprietário da Loja Armazém, Sr. Marcelo Abaurre, que era filho do Sr. Dioniso Abaurre, já citado em páginas anteriores, e o caçula Ricardinho, comerciante. Ao lado da Usina ficava o açougue do Sr. Pandolpho, que contava com a colaboração de sua esposa Dona Morgada. O Sr. Pandolpho era de uma família tradicional de Vitória e foi um grande remador do Clube de Regatas Saldanha da Gama. Ao lado existiam os sanitários e banheiros, depois vinha uma outra entrada para o mercado e em frente vinha o açougue mais popular do local, que era o açougue do Sr. Ramiro da Fonseca, também já citado em páginas anteriores. O Sr. Ramiro tinha estatura aproximada de 1.55m e olhe lá. Porém o seu auxiliar, o Sr. João Sobrinho, chegava aos 1,90m. O Sr. João era pai do popularíssimo Paulo Sobrinho, que foi Rei Momo por muitos anos em Vitória. Fato marcante para mim com relação ao Sr. João foi o seu falecimento. Ele deixara o açougue para ir ao banheiro. Na hora em que estava se compondo, sofreu um enfarto fulminante e ali mesmo faleceu. Eu, que tinha meus 13 anos, despertado pela curiosidade adentrei ao local e vi o Sr. João estendido no chão e morto. Foi uma imagem que custou a sair de minha memória. Coisas da vida!

Terminando a parte exterior do mercado vinha o açougue do Moreno, que também possuía uma boa freguesia. Curiosidades sobre o comércio de carne; os açougues abriam por volta das cinco e meia da manhã e ficavam abertos até às cinco da tarde. Havia disputa pelo peso de carnes "nobres", como filé de lombo (contrafilé), alcatra, chã-de-dentro e patinho, sem contar o mignon, que em muitos açougues vinha anexado ao filé de lombo, em companhia dos ossos da costela e destes tinha de ser separado pelas donas de casa. As carnes de segunda dessa forma eram mais fáceis de manusear. Aos poucos os açougues foram adotando o sistema de desossagem. Mas a loucura total era a disputa pelo melhor peso, quando o barulho dos pedidos suplantava o de qualquer auditório de rádio ou TV; o açougueiro enlouquecia. A carne vinha do matadouro de Goiamum, em Cariacica, transportado pela "Lancha da Carne Verde", que atracava no píer de madeira, onde estão hoje o Supermercado São José e o Alyce Hotel. Dali a carne era transportada e distribuída para os açougues.

Em frente à entrada do mercado havia um terreno baldio, onde o Mc Donald funcionou, e que era ocupado por vendedores de carvão, que vendiam para o consumo em fogareiros, fogões e os ferros de engomar. No mesmo local eram comercializadas aves (galinhas, patos e perus). O maior vendedor era o Sr. Sérgio: meu pai, travava verdadeira "briga", quando ele tentava subir o preço em 10 centavos por unidade, ou seja, enquanto um frango custava um cruzeiro, a galinha era vendida por noventa centavos. Na parte interna do mercado funcionavam as bancas de verduras e legumes e uma banca de peixes, onde os mais conhecidos eram João Varanda, ainda vivo e tendo como marca em sua vida uma parte heroica durante uma tempestade em alto-mar, que resultou no naufrágio do barco "Irmãos Varanda". O detalhe desse naufrágio é que foi durante a noite e um dos seus irmãos desaparecera imediatamente, mas o outro conseguiu, com o auxílio de uma peça de madeira que flutuara, agarrar-se a ela e com o outro braço segurar o irmão. Esse drama durou cerca de mais de trinta horas e só terminando quando deram na praia de Nova Almeida. Seu irmão já estava falecido, porém conseguiu levá-lo para terra. Como marca do espólio triste até hoje o braço que sustentou o irmão está atrofiado. O Sr. Varanda mora no mesmo lugar, ou seja, na antiga Vila de Pescadores, que é hoje o próspero bairro da Praia do Suá. Atualmente ele deve estar na casa dos 95 anos de idade. Outro pescador que levava seu produto de pesca para ser ali negociado era o Sr. Joaquim Chrystllo, que tornou-se o pescador mais próspero de Vitória; é falecido. Naquela época já existiam os atravessadores, mas comprar o pescado diretamente dos pescadores era mais vantajoso, pois podia-se adquirir peixes mais, frescos, por durar a pescaria um ou mais dias, e mais baratos. Ali também eram comercializados camarões e outros crustáceos. Existia também uma área destinada à venda de salgados, como carne-seca, lombo de porco, orelhas, pé de porco, linguiça etc. Sua venda era explorada pelo Sr. Carlos Coronel. Cerca de 30 barraquinhas de madeira compunham o comércio, e vendiam diversos tipos de mercadorias. No centro do mercado havia uma dispensa para material de limpeza e a administração do mercado. Este era o Mercado da Capixaba, que deu sustento a tantas pessoas hoje formadas em direito, medicina, contabilidade e magistério.

 

Fonte: A Ilha de Vitória que Conheci e com que Convivi, vol. 6 – Coleção José Costa PMV, 2001
Autor: Délio Grijó de Azevedo
Compilação: Walter de Aguiar Filho, julho/2019

A Ilha de Vitória que Conheci e com que Convivi - Por Délio Grijó

De bonde com Grijó - ainda na Rua Jerônimo Mon...

De bonde com Grijó - ainda na Rua Jerônimo Mon...

Hotel Tabajara, de propriedade de dona Penhinha Medina. Na época era o melhor hotel da cidade, mas tinha um inconveniente, que era o movimento de cargas e descargas do porto

Pesquisa

Facebook

Leia Mais

As Ilhas de Vitória - Por Délio Grijó

A Ilha das "Cobras", seus proprietários são os herdeiros do Sr. Alfredo Alcure, industrial de muito conceito em Vitória

Ver Artigo
De bonde com Grijó pelo Parque Moscoso

No Parque Moscoso existia a fábrica de massas Apolo, pioneira em Vitória, e que também funcionava como panificadora, identificada por Padaria Sarlo

Ver Artigo
De bonde com Grijó – Praça Costa Pereira

O bonde, a partir de 1950, começou a circular a Praça Costa Pereira

Ver Artigo
De bonde com Grijó, anos 40 - Da Praia do Canto à Praia do Suá

As famílias mais conhecidas do local eram: Pedro Vivacqua, Enrico Ruschi, Norberto Madeira da Silva, Homero Vivacqua, Lobo Leal, Pietrângelo De Biase e Von Schilgen.

Ver Artigo
De bonde com Grijó - Pela Rua Coronel Monjardim

Já no bonde novamente vou atingindo as minhas queridas ruas Barão de Monjardim, Henrique de Novais e Av. Capixaba

Ver Artigo