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Dom Pedro II e o Congo

O instrumento chamou a atenção de Dom Pedro II, a ponto de merecer do seu lápis de desenhista um rápido bosquejo, 1860

Em sua visita à Reis Magos ou Nova Almeida no ano de 1860, Dom Pedro II foi atraído por uma banda de congo que os caboclos formavam em louvor a São Benedito.

Ele anotou:

Dança de caboclos com as suas cuias de pau de [regos] para esfregarem outro pau pelo primeiro.

O ritual dos ancestrais consistia em formarem um círculo, acocorados, e ao mesmo tempo em que seguiam o ritmo da música, marcado pelos tambores, reco-recos e o chocalhar de uma cabaça contendo sementes, batiam com as mãos espalmadas nos peitos e nas coxas, fazendo caretas e trejeitos e produzindo sons guturais que mais pareciam guinchos.

Os pretos juntaram à orquestra um outro instrumento de percussão, o ferrinho ou triângulo; modificaram a coreografia e incorporaram cantigas entoadas em coro e solo.

O instrumento que chamou a atenção de S. M. I., a ponto de merecer do seu lápis de desenhista um rápido bosquejo, a cassaca, casaca, ou reco-reco de cabeça, era típico e sui generis do folclore capixaba. Assim o descreve modernamente Guilherme Santos Neves: “um cilindro de pau, de 50 a 70 centímetros de comprimento, escavado numa das faces em que se prega uma lasca de bambu com talhos transversais, sobre os quais se atrita uma vareta. Na extremidade superior desse reco-reco se esculpe, na própria madeira, uma cabeça grotesca, com pescoço comprido, lugar em que se segura o instrumento”.

Sem dar mostras de cansaço, S. M. aproveitou parte da noite organizando um vocabulário português-tupi, com auxílio “de uma índia velha da tribo Tupiniquim”, conforme escreveu.

Aos estudiosos do gênero lingüístico, vale a pena um confronto desse vocabulário, que transcrevo no fim do livro, com o que organizou Saint-Hilaire, quando visitou Nova Almeida.

O imperador recolheu-se aos aposentos que lhe estavam reservados um pouco apreensivo: Já se mataram 2 morcegos na parte do convento [habitável] e onde hei de dormir; um deles, grande e de trombas.

 

Fonte: Viagem de Pedro II ao Espírito Santo
Autor: Levy Rocha, 2º Edição - 1980 (1ª edição de 1960)
Compilação: Walter de Aguiar Filho, fevereiro/2014



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Folclore e Lendas Capixabas

Outros tempos – Por Pedro Maia

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