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Eduardo Curry Carneiro

Eduardo Curry Carneiro

Todo homem que objetiva construir, está sempre pensando numa forma de projetar e realizar a própria felicidade. Analisando estes aspectos da vida humana, Vicente Barreto, em sua obra "CAMUS", diz que: o mundo desde o momento em que é intelectualmente conscientizado mostra-se progressivamente com todas as suas deformações e absurdos. Basta para o homem ser feliz, sua entrega espiritual e material ao mundo natural. Neste, tudo é claro, real, belo e inexplorado. Sua obra é uma progressão em direção à constatação do absurdo no mundo e sua superação. O indivíduo se põe sempre em busca da felicidade, não no mundo abstrato da inteligência, mas no concreto, movimentando-se na natureza que o cerca.

EDUARDO CURRY CARNEIRO, nasceu neste ambiente de bucolismo e de aspecto até certo ponto selvagem. Se tivesse seguido a vocação de seu pai MIGUEL CURRY CARNEIRO (já falecido), teria certamente optado pelo trabalho no campo, na fazenda, lidando com café e gado. Se preferir-se seguir o exemplo de sua mãe, Dona Maria Daher Carneiro, seria dentista, profissão que ela exerceu e da qual depois se afastou. Mas as inclinações do jovem EDUARDO eram para a fuga aos sonhos abstratos e a concretização de ideais que o levariam a deixar o campo e vir para as cidades trabalhar na construção do desenvolvimento e do progresso.

Uma situação bastante diferente daquela que ele viveu quando apareceu na fazenda onde morava com os pais, em Nova Venécia, onde nasceu em 6 de junho de 1932, um fotógrafo, oportunidade em que se faria um retrato de toda a família. EDUARDO era o único descalço, pois defendendo o direito de conviver com o ambiente natural, desprezava os artifícios vindos da cidade, preferindo os pés firmes no chão. Ele tinha escondido os sapatos num chiqueiro onde jamais foi encontrado. Por esta razão saiu no retrato com os pés descalços.

Os estudos ele os iniciou na Escola da própria Fazenda onde morava, ali se alfabetizando. Estudou depois no Colégio Americano (Ginásio e Científico). Estudou Contabilidade na Escola Técnica de Comércio "Domingos Martins", em 1957; tendo feito curso intensivo de Administração com professores da Fundação Getulio Vargas.

Que impressões EDUARDO CURRY CARNEIRO terá tido das coisas e das pessoas do seu tempo?

Ele mesmo responde: "As impressões mais marcantes que guardo da infância e da juventude, estão ligadas ao comportamento e à aparência das pessoas: lembro-me bem de que os jovens eram quase ingênuos e só pensavam em caçar passarinho, tomar banho no rio, jogar futebol coisas corriqueiras. Os adultos eram olhados e tratados com respeito, porque se faziam respeitar; os homens pareciam super-homens e as mulheres eram vistas como se fossem santas protetoras".

Muitos fatos marcaram a vida deste jovem idealista vindo de Nova Venécia, ao norte do Estado. A troca da vida campestre pela vida na cidade aos 12 anos de idade, quando se transferiu da fazenda, onde nasceu, vindo para Vitória, passando então a morar numa pensão, renunciando as vantagens e delícias, o conforto e os cuidados da casa dos pais. Quando ainda vivia no interior, aos oitos anos sofreu impaludismo, cujos efeitos muito o fizeram sofrer. Das boas recordações que ainda guarda, sempre inclui o momento em que deixou a pensão para morar com uma prima de sua mãe, Dona Tatalia (maneira como gostava de ser chamada). Foi uma das fases mais felizes de sua vida, porque voltou a viver com a mesma liberdade que sempre teve na casa paterna e a ser tratado com os cuidados e carinhos que lhe eram dispensados por sua mãe. Mas nem sempre tudo lhe sorriu. Ele se recorda com tristeza do acidente que vitimou de modo fatal um primo, quando voltavam de uma festa ocorrida na casa de pessoas amigas. Este fato o entristeceu por muito tempo.

Os momentos mais alegres de sua vida, EDUARDO CURRY CARNEIRO viveu-os quando ainda residia na fazenda em Nova Venécia, em companhia dos pais e irmãos. O momento mais triste aquele em que num desastre de automóvel morreu seu primo. O amor para ele começou muito cedo. Sempre se apaixonou com muita facilidade. Aos dez anos já curtia as garotinhas que se diziam suas namoradas. Amar mesmo, só amou Lunici, sua esposa. Desde então, seu relacionamento com a esposa e os filhos sempre foi o melhor possível, em meio a muita compreensão, sendo por este motivo totalmente favorável ao casamento.

O mundo sempre foi para todos um desafio à coragem e ao otimismo. Foi assim que EDUARDO o encarou quando partiu para lutar pela vida. Em momento algum encontrou razões para se contrariar e agradece a Deus as oportunidades que lhe concedeu de poder trabalhar com destemor e honestidade.

Tendo muitos amigos, não gosta de se referir em especial a nenhum, evitando assim melindrar os que não forem citados. Entretanto, faz uma homenagem póstuma, carinhosa, ao seu saudoso amigo e Mestre Nílton.

Dificuldades nos negócios, quem não as encontra? Ele também encontrou as suas sem que tivessem impedido de ser feliz.

Muito importantes para EDUARDO CURRY CARNEIRO, são seus familiares e, sobretudo, sua mãe já em idade avançada, alvo de todo o seu amor e carinho de filho agradecido e reconhecido.

Dentre as suas metas de vida, inclui sempre ser útil ao próximo, desejando para ele o que deseja para si mesmo: saúde e êxito no trabalho. Nos seus momentos de folga cultiva o esporte de garimpar águas marinhas, mas já foi um razoável caçador em épocas passadas quando o tempo lhe sobrava.

Do seu casamento, que veio aumentar o peso de suas responsabilidades, EDUARDO viu nascerem os filhos: Alexandre (com 19 anos); André (com 17 anos) e Andressa, com 11 anos.

Sua filosofia para vencer na vida oferece a quem quiser de graça: trabalhar, poupar, e aplicar. Sempre que se puder ajudar a alguém, fazendo amigos, pois ninguém consegue vencer na vida sem os possuir. Ainda dentro desta sua filosofia, acha que o dinheiro é importante para o êxito de qualquer um, desde que a pessoa não se deixe escravizar por ele, mas "o dinheiro em si não é bom, nem mau, tornando-se um instrumento neutro, capaz de criar a abastança ou estimular a miséria, dependendo daquele que o possui". Ainda dentro desta linha de raciocínio, ele acha que o dinheiro não somente dá status como qualquer outra coisa, dependendo da quantidade que se possuir e do uso que se fizer dele.

Embora as pessoas achem que ele é uma personalidade de destaque, EDUARDO CURRY CARNEIRO prefere se considerar apenas um homem tímido e humilde, que tem procurado servir e encontrar a reciprocidade nas pessoas da sua maneira de ser.

No início de sua escalada para uma vida melhor, lutou com muitas dificuldades pela falta de experiência. Hoje ele considera ter experiência fator preponderante para o êxito das pessoas em qualquer ramo de atividade humana, desde que aliada à força de vontade, a perseverança e a disposição para trabalhar. Isto tudo, aliado ao fator sorte, que muito ajudou as pessoas amigas a ajudarem-no abaixo de Deus.

Do ponto de vista afetivo, suas maiores ambições, são ver a própria família amparada e os filhos criados, formados e encaminhados na vida. No mundo dos negócios, continuar a frente da empresa de construção civil, por gostar de tal atividade, ajudando as pessoas que precisam trabalhar, cumprindo assim a lei divina que nos manda ajudar a todo que necessita.

Pessoa de hábitos simples, nunca se importou muito com tipo de roupa ou de carro, não gostando apenas de comida malfeita. Tendo convivido com muitas pessoas, EDUARDO CURRY CARNEIRO, nunca percebeu se ter deixado influenciar pela inteligência ou cultura delas, preferindo ter suas próprias convicções e defender seus pontos de vistas pessoais. Entretanto, jamais conseguiu livrar-se de uma sensível veia poética, como se pode constatar por este poema de sua autoria intitulado CONSTRUTORA.

"Tenho nas mãos o prumo do equilíbrio,

O nível do bom senso, a régua da ponderação.

Sinto que posso erguer com as bases do despreendimento

E as ferragens da humildade

Um novo edifício-sociedade em substituição a este,

Em ruínas.

O mundo-verdade necessita de modernas edificações

E há terrenos em quantidade e preços módicos.

Eu nasci para arquiteto do ideal

E ando com a cabeça cheia de projetos-objetividade

Dêem-me licença para edificar;

Deixem-me construir"

 

Ele faz questão de enfatizar que não conhece, nem tem vontade de conhecer países estrangeiros, preferindo ter primeiro uma visão ampla e geral do Brasil, exemplo que deveria ser seguido por outros brasileiros.

À futura geração ele recomenda: "PRECISAMOS NOS ADAPTAR ÀS NOVAS ÉPOCAS, MAS RESPEITAR PRINCÍPIOS QUE NÃO MUDEM JAMAIS". Completaríamos este seu pensamento, acrescentando o que o Papa João Paulo II, dirigiu aos jovens brasileiros: “Abertos para as dimensões sociais do homem, os jovens não escondem a vontade de transformar radicalmente as estruturas que lhes apresentam injustas na Sociedade. Então dizem, com razão, que é impossível ser feliz vendo uma multidão de irmãos carentes das mínimas oportunidades de uma existência humana. Receio que muitos bons propósitos de construir uma Sociedade justa naufraguem na inautenticidade e se esvaziem por faltar-lhes sustento de um sério empenho de austeridade e frugalidade. É preciso vencer as tentações da Sociedade de Consumo, a ambição de ter sempre mais enquanto os outros têm sempre menos".

 

Fonte: Personalidades do Espírito Santo. Vitória – ES. 1980
Produção: Maria Nilce
Texto: Djalma Juarez Magalhães
Fotos: Antonio Moreira
Capa: Propaganda Objetiva
Compilação: Walter de Aguiar Filho, agosto/2020

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Antônio José Peixoto Miguel

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