Morro do Moreno: Desde 1535
Site: Divulgando desde 2000 a Cultura e História Capixaba

Florentino Avidos: estradas e pontes

Ponte Florentino Avidos.

“Governar é abrir estradas”. A frase é atribuída a um presidente brasileiro, Washington Luís, cujo mandato coincidiu com os últimos quatros anos da República Velha – 1926-1930. Seu autor, todavia, poderia perfeitamente ser o presidente Florentino Avidos, que administrou o Espírito Santo entre 1924 e 1928. Nesse quadriênio, os recursos disponíveis foram destinados à construção de rodovias pontes e pontilhões por todo o Estado, ligando vilas e cidades do interior entre si e à capital.

É bem verdade que, no governo de Bernardino Monteiro (1916-1920), iniciativas nesse sentido haviam sido tomadas. Recorrendo ao trabalho de presidiários, esse presidente levou a cabo a construção, entre outras, da estrada entre Santa Leopoldina e Santa Tereza. Antes mesmo que Vitória tivesse automóveis, pequenos caminhões trafegavam por essa via, transportando café até o porto do Cachoeiro, no Rio Santa Maria.

Entre as 35 estradas abertas no governo do presidente Avidos, as mais importantes, seja pela extensão seja pelas regiões interligadas, foram: Vitória a Cariacica, Cariacica a Santa Leopoldina, Santa Tereza a Vitória. Quase todas as regiões do Estado passaram a ter comunicação entre si.

Quanto às pontes, foram 29 no total. Destacam-se no conjunto, a interestadual sobre o Rio Itabapoana, em Bom Jesus do Norte, a sobre o Rio Doce na atual Colatina, e o pontilhão sobre o Rio Santa Maria, em Santa Leopoldina.

Na ilha de Vitória, foi montada a Cinco Pontes. Pela primeira vez, a capital estaria ligada ao continente por via terrestre. Batizada, com o tempo, de ponte Florentino Avidos foi, para a época, uma obra gigantesca. Sua estrutura, toda metálica, foi construída na Alemanha.
No processo de modernização e embelezamento de Vitória, o presidente Ávidos alargou e calçou ruas, planejou novos bairros, fez escadarias e construiu edifícios públicos: Mercado Municipal, Teatro Carlos Gomes, escolas etc. Continuando o trabalho de seu antecessor, Nestor Gomes (1920-1924), que havia instalados serviços telegráficos por cabos submarinos entre Vitória e Rio, Florentino Avidos deu impulso ao sistema de telefonia urbana.

O porto de Vitória sofreu mais uma reestruturação. Armazéns foram construídos e novas aparelhagens foram instaladas: guindastes, pontes rolantes, embarcações e linhas férreas. O cais foi dragado, alargado e dotado de serviço de rebocadores submarinos.
No interior do Estado, foram construídas escolas nas atuais cidades de Cachoiero, Alegre, Santa Tereza, Castelo, Baixo Guandu, Santa Leopoldina, Ibiraçu, Colatina, Muqui, Viana, Afonso Cláudio etc. O esforço pela expansão do ensino, iniciado no governo Jerônimo Monteiro, apresentava resultados surpreendentes. Os números oficiais indicam que, em 1908, havia 124 escolas e 3.672 alunos matriculados no Espírito Santo. Em 1928, existiam 1.001 estabelecimentos escolares e 49.313 matrículas. Foi de fato, como afirma Luiz Derenzi, “a mais bela cruzada” empreendida pelos governantes da época.

Para tantas realizações, Florentino Avidos contou com a alta do preço do café no mercado externo. A mesma sorte não teve o seu sucessor e herdeiro político. O presidente Aristeu Borges de Aguiar, empossado em 1929, enfrentou dois grandes problemas. Primeiro, a gravíssima recessão econômica, decorrente da crise mundial do capitalismo – o crack da Bolsas de Nova York – e que significou uma queda brusca nos índices de exportação do café. Secundariamente, o surgimento de uma frente política de oposição, que o levou ao exílio – era o feflexo dos acontecimentos em nível federal.

Fonte: HISTÓRIA DO ESPÍRITO SANTO – UMA ABORDAGEM DIDÁTICA E ATUALIZADA 1535 – 2002 
AUTOR: JOSÉ P. SCHAYDER

LINKS RELACIONADOS:

>> Jerônimo Monteiro: o culto à personalidade
>>
 
Pacto entre as elites
>>
 
Governador Aristeu de Aguiar 
>> Origem da família Monteiro
>>
 
A oligarquia dos Monteiro  
>>
 
Santa Leopoldina 



GALERIA:

📷
📷


História do ES

Ano de 1826 e 1827 – Por Basílio Daemon

Ano de 1826 e 1827 – Por Basílio Daemon

Procissão de Corpus Christi - tendo chegado à baía desta capital o brigue de guerra Ururau, traiçoeiramente uma surpresa acontece 

Pesquisa

Facebook

Leia Mais

O Espírito Santo na 1ª História do Brasil

Pero de Magalhães de Gândavo, autor da 1ª História do Brasil, em português, impressa em Lisboa, no ano de 1576

Ver Artigo
O Espírito Santo no Romance Brasileiro

A obra de Graça Aranha, escrita no Espírito Santo, foi o primeiro impulso do atual movimento literário brasileiro

Ver Artigo
Primeiros sacrifícios do donatário: a venda das propriedades – Vasco Coutinho

Para prover às despesas Vasco Coutinho vendeu a quinta de Alenquer à Real Fazenda

Ver Artigo
Vitória recebe a República sem manifestação e Cachoeiro comemora

No final do século XIX, principalmente por causa da produção cafeeira, o Brasil, e o Espírito Santo, em particular, passaram por profundas transformações

Ver Artigo
A Vila de Alenquer e a História do ES - Por João Eurípedes Franklin Leal

O nome, Espírito Santo, para a capitania, está estabelecido devido a chegada de Vasco Coutinho num domingo de Pentecoste, 23 de maio de 1535, dia da festa cristã do Divino Espírito Santo, entretanto... 

Ver Artigo