Morro do Moreno: Desde 1535
Site: Divulgando desde 2000 a Cultura e História Capixaba

Fundadores de Cachoeiro de Itapemirim - João Eurípedes Franklin Leal

Frade e a Freira visto de Itapemirim

Grande é a discussão em torno do povoamento e fundação da atual cidade de Cachoeiro de Itapemirim. Também tem sido pouco o reconhecimento do estimável trabalho do Governador Francisco Alberto Rubim que, efetivamente, foi quem possibilitou o povoamento e desenvolvimento regional.

Francisco Alberto Rubim, seguindo orientação da Carta Régia, que recebeu em 1816, foi quem mandou abrir estradas, que tinham como finalidade desenvolver e proteger a colonização do interior do sul espírito-santense. Sendo a mais importante a Estrada Real São Pedro de Alcântara, entre Ouro Preto e Vitória, iniciada em 1814 e concluída em 1816.

Seu importante trabalho constou da criação de um destacamento policial, com trinta soldados, denominado Quartel da Barca, localizado a margem do rio Itapemirim, em frente a primeira cachoeira e a seis léguas acima da Vila de Itapemirim, justamente onde é hoje a cidade de Cachoeiro de Itapemirim. O nome do Quartel foi em homenagem ao Conde da Barca (Antônio de Araújo e Azevedo), Ministro de D. João VI. Em complemento a obra, foram construídas, ainda em 1819, por ordem do Governador Francisco Alberto Rubim, duas estradas ligando o Quartel da Barca ao litoral. Uma destas estradasdas atingia a antiga Fazenda da Muribeca, hoje Município de Presidente Kennedy que pertencera aos Jesuítas e a outra ligava o mesmo quartel a Piúma. Estas estradas tinham como finalidade unir e proteger juntamente com o quartel, as fazendas situadas na triangular formada pelas duas estradas e o litoral.

A proteção era garantida por patrulhas de soldados, que saíam da Vila de Itapemirim atingindo, pela praia, o Quartel de Boa Vista, próximo a Ponta do Siri, e daí alcançando a estrada, penetravam pelo interior até ao Quartel da Barca da Barca (Cachoeiro de Itapemirim) de onde retornavam a Vila de Itapemirim por via fluvial. Entrementes, outra patrulha saía do Quartel da Barca e por outra estrada atingia Piúma, seguindo pela praia até a Vila de Itapemirim e subindo o rio alcançava o ponto de partida. Enquanto uma patrulha seguia estas direções outra fazia o caminho inverso.

Este trabalho de patrulhamento destinava-se a evitar ataques indígenas, de negros fugidos ou criminosos homiziados no sertão as florescentes fazendas implantadas ou em implantação na área. Com esta iniciativa o Governador Francisco Alberto Rubim propiciou o desenvolvimento da região e a prosperidade das fazendas, dando condições para o aparecimento, no futuro, do povoado que se tornou Cachoeiro de Itapemirim.

Em torno deste futuro povoado algumas fazendas desenvolveram, como a do tenente Luiz José Moreira (denominada Caixões), que iniciava na Vala da União (Carreira Comprida) indo até Baiminas, onde iniciava outra fazenda pertencente a José da Silva Quintaes. Joaquim Marcelino da Silva Lima, mais tarde Barão de Itapemirim, possuía as terras na área onde é hoje o centro da cidade ao lado sul, onde ainda possuíam terras Ignácio de Loyola e Silva e Manoel de Jesus Lacerda. No lado norte Manoel de Oliveira Mattos possuía uma fazenda próxima ao Itabira e ele é considerado o primeiro habitante da região. Desde a Vala do Itabira até a Ilha da Luz havia uma sesmaria do Capitão Francisco Gomes Coelho da Costa, que posteriormente pertenceu a Antonio Francisco Moreira, construtor da Capela do Divino Espírito Santo, em 1863, que foi a primeira da localidade.

De grande importância para o povoamento local e de todo o vale do rio Itapemirim foi a expedição organizada por Manoel José Esteve de Lima, que com a decisão de apossar terras no sul do Espírito Santo, partiu em 1820 de Mariana em Minas Gerais, com setenta e duas pessoas, auxiliado por indígenas e escravos atingiu o Vale do Rio Itapemirim, guiado por Calixto Antonio dos Santos. Pelo seu trajeto vários acompanhantes foram se estabelecendo como Justino José Maria, que ficou no Veado (Guaçuí), Jerônimo Cardoso em São Francisco do Alegre, João Teixeira da Conceição, em Alegre, José Luiz da Silva Viana, em Jerusalém e Manoel Gonçalves Monteiro, em S. Bartolomeu e Pombal (Rive). Esta expedição esteve por algum tempo acampada em Duas Barras (confluência dos rios Itapemirim e Castelo) seguindo depois a Vila de Itapemirim.

Pouco depois foram criados dois novos quartéis para proteger a área, tendo em vista a florescente abertura de fazendas. Eram os quartéis de Duas Barras (na junção do rio Castelo com o rio Itapemirim) e Aquidabã (este situado em frente a Ilha da Luz), que com o Quartel da Barca protegiam a região.

Entretanto, foi entre 1840 e 1860 que chegaram à região, que é hoje Cachoeiro de Itapemirim, uma grande leva de desbravadores que influíram decisivamente no desenvolvimento local. Eram eles entre outros: Pedro Dias do Prado, José Pires de Amorim, Antonio Pinto da Cunha (primeiro médico), João Moulaz, José Pinheiro de Sousa Werneck, Francisco de Sousa Monteiro (pai de Jerônimo Monteiro, Bernardino Monteiro e do Bispo D. Fernando), Manoel Cipriano da França Horta (primeira casa), Bernardino Ferreira Rios e o padre Manoel Leite de Sampaio Mello. Em 1849, Bernardino Ferreira Rios, partindo de Cachoeira Torta, em Abre-Campo, Minas Gerais, com um grupo de agricultores, em busca de novas terras para agricultura, viajando pela Estrada Imperial São Pedro de Alcântara, chegou ao Quartel de Viçosa (Venda Nova) e  em seguida retrocedeu ao Aldeamento Imperial Afonsino (Conceição de Castelo), desceu o vale do rio Castelo, chegando a Cachoeiro de onde seguiu para o Arraial do Alegre, passou pela margem do Rio Norte Direito, chegou aos rios Veado, Preto e Carangola seguindo daí a Abre-Campo. Em seguida continuou uma segunda viagem passando pelo rio Carangola de onde chegou a Campos dos Goitacazes e pela praia atingiu a Vila de Itapemirim e pelo Rio Pardo até o Arraial do mesmo nome (hoje Iuna e anteriormente Quartel de Chavez) e pegou a Estrada de São Pedro de Alcântara até Abre-Campo. Tudo isto para conhecer a região e apossar terras para agricultura, uma epopéia.

As primeiras casas do arraial de Cachoeiro de Itapemirim foram levantadas no início de 1846, na altura do atual bairro de Baiminas, sendo instalado o Município de Cachoeiro de Itapemirim a 25 de março de 1867, desmembrando-se da Vila de Itapemirim.

 

Fonte: Espírito Santo: História, realização Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo (IHGES), ano 2016
Coleção Renato Pacheco nº 4
Autor: João Eurípedes Franklin Leal
Compilação: Walter de Aguiar Filho, agosto/2016



GALERIA:

📷
📷


História do ES

Más autoridades do ES – 1782

Más autoridades do ES – 1782

Lamego, em sua A Terra Goitacá, rememora, em páginas candentes de justa revolta, as condenáveis atitudes de Monjardim

Pesquisa

Facebook

Leia Mais

O Espírito Santo na 1ª História do Brasil

Pero de Magalhães de Gândavo, autor da 1ª História do Brasil, em português, impressa em Lisboa, no ano de 1576

Ver Artigo
O Espírito Santo no Romance Brasileiro

A obra de Graça Aranha, escrita no Espírito Santo, foi o primeiro impulso do atual movimento literário brasileiro

Ver Artigo
Primeiros sacrifícios do donatário: a venda das propriedades – Vasco Coutinho

Para prover às despesas Vasco Coutinho vendeu a quinta de Alenquer à Real Fazenda

Ver Artigo
Vitória recebe a República sem manifestação e Cachoeiro comemora

No final do século XIX, principalmente por causa da produção cafeeira, o Brasil, e o Espírito Santo, em particular, passaram por profundas transformações

Ver Artigo
A Vila de Alenquer e a História do ES - Por João Eurípedes Franklin Leal

O nome, Espírito Santo, para a capitania, está estabelecido devido a chegada de Vasco Coutinho num domingo de Pentecoste, 23 de maio de 1535, dia da festa cristã do Divino Espírito Santo, entretanto... 

Ver Artigo