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Futuro é de esperança – Rio Doce

Maquete do Rio Doce e seus problemas ajudam a visualizar ações

O risco que a falta de água pode causar à sobrevivência dos cerca de 3,5 milhões pessoas que vivem às margens da bacia hidrográfica do rio Doce serviu para colocar do mesmo lado ambientalistas, entidades, poder público e iniciativa privada, que passaram a discutir qual será o futuro das populações, caso seja mantido o atual quadro de assoreamento e lançamento de esgotos no rio.

Um passo importante foi a criação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, o CBH-Doce, que reúne membros da sociedade civil organizada e poder público para discutir os problemas do rio. Outro aspecto relevante é o trabalho de articulação, mobilização, marketing e informação realizado pelo Projeto Águas do Rio Doce. Idealizador do maior evento voltado para a discussão dos problemas hídricos do País, o Fórum das Águas – o último deles foi realizado em março na cidade de Ipatinga (MG) e reuniu mais de 120 mil pessoas.

“Atuamos junto a todos os 230 municípios que formam a bacia fortalecendo o sistema de gerenciamento dos recursos hídricos”, explicou o professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Edmilson Teixeira, um dos idealizadores do Projeto Águas do Rio Doce.

Na Rede de Ciência, Tecnologia e Inovação do Doce, 11 instituições passaram a fazer pesquisas sobre o impacto das cheias, inundações, drenagem urbanas e tratamento de efluentes.

O Programa Geração Futura desenvolveu trabalhos de educação ambiental junto a crianças e adolescentes.

“A idéia foi alterar os materiais didáticos para aproximá-lo da realidade local. Queremos desenvolver o sentimento de identificação, como forma de fortalecer a auto-estima dessas populações”, explicou o professor.

Um avanço na redução do esgotamento sanitário que é lançado no rio foi o documento “Rio Doce Limpo”, produzido pela Cipe Rio Doce, que reúne deputados estaduais de Minas e do Espírito Santo.

O vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (CBH-Doce), o prefeito de Colatina, Guerino Balestrassi, busca apoio para viabilizar um projeto de R$ 30 milhões junto ao Ministério das Cidades. A expectativa é de que, no espaço de dois anos, 95% do esgoto seja tratado no município.

Recomendações dos especialistas

PLANEJAMENTO

“É preciso ter propriedades rurais bem planejadas, que garantam a reserva legal (de 20%) do território formado por mata. Preservar a vegetação ciliar às margens do rio e manter as áreas mais íngremes, em declive, com cobertura florestal. A medida é para frear a água de chuva, evitando que a terra seja carreada para dentro do rio.”

Fábio Ahnert, gerente de Recursos Hídricos do Iema

RECUPERAÇÃO

“É preciso recuperar os topos de morros. Cada montanha é uma caixa d’ água. A água cai sobre ela e infiltra no solo, saindo num lugar que chamamos de nascente. Se um terço do morro fosse coberto com floresta, a capacidade de infiltração seria melhorada e diminuiríamos a erosão. Além disso, as matas ciliares devem ser preservadas, o que não inviabiliza o plantio de frutas, palmito. Nas margens do rio estão as terras mais férteis, já que elas concentram os nutrientes dos topos do morros.”

Henrique Lobo, ambientalista e pesquisador

PESQUISA E IDENTIFICAÇÃO

“Vamos desenvolver pesquisas de interesse no sistema do rio doce, bem afinado com o seu gerenciamento, sobre os temas: cheias e inundações/drenagem urbanas, sistemas de informações e tratamento de afluentes. A idéia é integrar as atividades. Outro tema é trabalhar as gerações futuras (crianças e adolescentes) para que elas atuem em sintonia com os princípios do desenvolvimento sustentável. Queremos desenvolver o sentimento de auto-estima. Antes de ser capixaba ou mineiro, o indivíduo precisa dizer: “Eu sou do Doce.’”

Edmilson Teixeira, idealizador do Projeto Águas do Rio Doce

Ações concretas

Viagem no rio tem alcance internacional

Após o sucesso da expedição Álvaro Aguirre, que no ano de 2004 coletou sementes, mudas e raízes do que ainda resta da Mata Atlântica e flagrou, por meio de fotografias, a miséria das populações ribeirinhas ao longo da bacia do rio Doce, uma nova incursão está a caminho.

“A expectativa é de que ela saia no início de setembro. Vamos mostrar o rio ao agente internacional Stephen Hartness Graham, que é diretor de um banco interessado em investir na sua preservação”, explicou José Lino França Galvão, coordenador do Projeto Álvaro Aguirre, que foi reestruturado e ganhou o nome de Projeto Coletando.

Novos 22 pontos para monitorar as cheias

A Agência Nacional de Águas (ANA) vai criar 22 novas estações e modernizar as 30 existentes que fazem o monitoramento das cheias do rio Doce. Atualmente, os municípios de Colatina, Linhares e Baixo Guandu são beneficiados.

O trabalho, que já é realizado há 8 anos, permite alertar as Defesas Civis dos municípios acerca da previsão hidrográfica, para permitir a remoção das populações dos bairros atingidos e evacuação de trabalhadores nas indústrias localizadas às margens do rio.

O projeto é uma parceria da Câmara Técnica de Gestão de Cheias e da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), do governo federal.

Bacia-piloto garante benefícios ambientais

Cerca de 200 propriedades rurais próximas ao município de Itarana estão servindo de projeto-piloto para a criação de uma bacia hidrográfica que garanta o uso racional da água na agricultura. Localizada numa área de 150 quilômetros quadrados, a experiência deverá ser empregada na bacia do rio Santa Joana, um afluente do Doce.

O Projeto Sossego, como é conhecido, visa aumentar a produtividade para cada metro cúbico de água utilizado e também reduzir problemas de saúde causados por veiculação hídrica, principalmente os altos índices de esquistossomose.

Terceiro comitê do rio está a caminho

O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (CBH-Doce) possui oito regiões hidrográficas, sendo seis em Minas Gerais e outras duas no Espírito Santo – as do rio Guandu e do Santa Maria do Doce. Todas elas possuem comitês regulamentados.

Até o início do próximo ano, o Baixo Rio Doce deverá contar com uma terceira região, a do rio São José. “É importante a interação de todos os comitês porque eles gerem o uso da água nessas regiões, analisando os problemas e propondo soluções”, explica o especialista em recursos hídricos Edmilson Teixeira.

Recursos para tratar esgoto das cidades

A Comissão Interestadual Parlamentar de Estudos para o Desenvolvimento Sustentável da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (Cipe Rio Doce), formada por deputados estaduais de Minas Gerais e Espírito Santo, vai empregar, em parceria com o governo mineiro, recursos da ordem de R$ 4 milhões para elaboração de projetos de criação de Estações de Tratamento de Esgoto (ETE’s).

A informação é do coordenador da unidade regional da Agência Nacional de Águas (ANA) na bacia do rio Doce, Ney Murtha.

 

Fonte: A Tribuna, Suplemento Especial Navegando os Rios Capixabas – Rio Doce - 01/07/2007
Expediente: Joel Soprani
Subeditor: Gleberson Nascimento
Colaborador de texto: Nelson Gomes, Wilton Junior e Lívia Scandian
Diagramação: Carlos Marciel Pinheiro
Edição de fotografia: Sérgio Venturim
Compilação: Walter de Aguiar Filho, setembro/2016

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