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Gil Vellozo - Prefeito de Vila Velha

Coleção Grandes Nomes do Espírito Santo - Antônio Gil Vellozo

Antônio Gil Vellozo foi Prefeito Municipal de Vila Velha, eleito para o mandato de 1955 até 1959, e foi um dos poucos que deixou relatório de atividades. Eleito numa época que não havia Vice Prefeito, e a nível estadual foi contemporâneo do primeiro mandato de Chiquinho e a nível federal pegou a transição do segundo mandato de Vargas para o de Juscelino, quando houve em 1955 o exercício do mandato de Café Filho, Carlos Luz (por três dias) e Nereu Ramos e a eleição de Juscelino (empossado em 31/01/1956).

Foi Prefeito num período turbulento. Poucos sabem que o advogado Antonio Gil Vellozo era filho do jornalista Thiers Vellozo um dos fundadores do jornal A Gazeta em Vitória ES, que depois de passar por vários proprietários veio ficar nas mãos do grupo Lindenberg.

Gil casou-se com senhora Zita Lofêgo Botelho, filha do Desembargador Augusto Botelho, e foi pai de Ângela, Beatriz e Luiz Adolfo (esse já falecido).

O mandato de Gil ocorreu numa época de expectativa de continuação da democratização do país. Gil valorizava muito a história do município, tanto assim que aprovou na câmara Municipal de Vila Velha a lei nº 414 de 5.12.58 determinando ereção na Praça Duque de Caxias no Centro de Vila Velha um monumento, de homenagem da Prefeitura e da Câmara, ao antigo Prefeito Antonio Francisco Athayde que por aqui atuou entre 1919 até 1923 em dois mandados sucessivos de dois anos.

Tal monumento muito interessante trazia grande respeitabilidade na Praça citada, e infelizmente foi sendo depredado, com furto das placas de bronze e até da efígie de Athayde, vindo a ser demolido por volta de 1985 quando de uma grande reforma que houve (alguns diziam que não sabiam do que se tratava parecendo mais uma lápide de um túmulo abandonado). Foi uma grande perda, que merece sua reconstrução.

Pela Lei nº 64 de 25.11.1958 deu nome oficial ao Município da Cidade do Espírito Santo, ao de Vila Velha com era popularmente reconhecido. Como foi um ato que feria a exclusividade da Ass. Legislativa Estadual, por muito tempo o Governo do Estado não reconheceu facilmente essa mudança. Na garagem da prefeitura na rua Luíza Grinalda não mudaram de imediato em alto relevo a fachada a sigla PMES para PMVV.

Gil procurava marcar posição no cenário político, e opinava já naquela época que deveria haver o voto distrital para conseguir que os municípios fossem mais bem representados no legislativo tanto estadual como na esfera federal. Reclamava da modesta arrecadação do IPTU e da dificuldade de conseguir máquinas do Governo federal.

Em seu tempo houve início da Maternidade de Vila Velha, bem como da EAMES, e do Santuário do Divino Espírito Santo. O Colégio Marista já fazia um ano de funcionamento. Não havia ainda um ginásio público no Município. No mandato de Gil foi criada a Comarca de Vila Velha, passando a funcionar em casa alugada na rua Luciano das Neves, tendo sido a sede mobiliada pela municipalidade.

Conseguiu agregar algumas áreas do Estado no patrimônio municipal, na linha de preocupação que teve para com o Patrimônio Territorial do Município. Em 1956 chegou patrocinar o estudo inédito de autoria do Advogado Romero Lofêgo Botelho, sobre o Patrimônio territorial da Cidade do Espírito Santo (Vila Velha), algo fundamental para iniciar o entendimento da história do município dado o elo que faz entre o passado colonial, e a república passando pelo império. Enfrentou já naquela época de invasão de migrantes, nas áreas de Coby nas margens da Rodovia Carlos Lindenberg, como no Bosque entre Aribiri e Athayde.

Houve combate à seca em 1955 chegando instalar várias captações subterrâneas e feitos exames bacteriológico para comprovar qualidade da água. Não existia ainda a CESAN, e sim o Departamento de Água e Esgoto do Governo do Estado, o DAE, que lutava com enormes dificuldades para conseguir abastecer Vila Velha que crescia muito ao longo tanto da linha de bonde, como pela Av. Carlos Lindenberg, já com o conjunto do IBES funcionando e o Centro de Vila Velha também crescendo.

O Colégio Marista se abastecia com bom poço subterrâneo. E muitas casas de Vila Velha passaram ter cisterna para armazenar água para contornar constantes interrupções no abastecimento de água. Muitas vezes durante o dia faltava a água, e de noite faltava luz, algo não muito diferente do que ocorria na capital da república então no Rio de Janeiro.

Organizou feiras livres no Centro de Vila Velha (aos sábados), na Glória e no IBES, com tabuleiros e cavaletes fornecidos pela Prefeitura. Urbanizou a Praça Duque de Caxias pelo empreiteiro industrial de artefatos de concreto Sr. José Lúcio da Silva, atendendo reclamação. Até a Câmara pensava em lotear a praça parcialmente, pois no seu desenho original havia um X com duas alamedas de árvores cortando a área, deixando o resto nu.

Essa área reservada para praça já havia sido mutilada pela Prefeitura que a loteara criando a Rua Expedicionário Aquino, pois chamava-se antes Praça Vasco Coutinho conforme se vê pelo cadastro de 1894 (engº Antonio Francisco Athayde). Numa parte dessa área, Bley havia construído o Grupo Vasco Coutinho, e até a sede da Prefeitura ao lado. Na praça fez um coreto voltado para a rua Cabo Ailson Simões, áreas verdes (gramados) e ainda um bom parquinho onde hoje está o Titanic. Era ótimo para as crianças, simples, com balanços, escorregador, e gangorra; algo que ao longo do tempo foi sendo destruído, só voltando na grande reformada Praça de 1985 (adm. Vasco Alves) e depois revitalizado em 1988 (adm. Magno Pires).

Construiu o cemitério de Santo Inês, pois o da sede já estava esgotado na capacidade de receber novos sepultamentos (que exigiu em administração posterior desapropriação de terrenos anexos para ampliação).

Continuou com calçamento com paralelepípedos, ruas no Centro, Jaburuna, Paul, Aribiri, S.Torquato, Argolas e Coby, algo que seu antecessor Bezerra havia iniciado em Vila Velha pois antes só o Governo do estado fazia. Por exemplo, houve o calçamento entre o final da rodovia Carlos Lindenberg (asfalto inaugurado em 08/09/1951) de onde a mesma atingia a Av. Jerônimo Monteiro, até o Centro de Vila Velha, e ainda o calçamento entre a cabeça das cinco pontes até a ladeira de são Torquato para atingir o viaduto da Leopoldina e o monumento rodoviário (outra coisa mutilada e absurdamente demolida nos anos 80); e ainda o calçamento em 1952 do acesso o ao Convento da Penha.

Já havia o asfaltamento para acesso à residência oficial do governo do Estado na Praia da Costa, iniciando depois do Marista. Obs. : hoje na era do asfalto e do blokret muitas crianças nem sabem o que é um paralelepípedo granítico.

No tempo do Gil a Prefeitura funcionava onde é hoje a loja DIT no Centro de Vila Velha, e em algumas de suas salas funcionava a Câmara Municipal, que depois veio funcionar em cima do Bar Gardênia na Praça Capitão Octávio Araújo, em dependência alugada do Sr. Aloísio Freitas.

Promoveu aterro ode diversas ruas, principalmente na Ilha das Flores, Paul e São Torquato, em áreas alagadiças. Construiu alguns abrigos para passageiros de ônibus como o de Paul. Fez escadarias em Ataíde (famosa com vários coretos), em Paul e em Vila Batista (denotando crescente ocupação de morros nessas áreas).

Saiu para candidatar-se a Deputado, deixando o comando da PMVV nas mãos do então presidente da Câmara dos Vereadores, José Búzio da Silva Filho que logo renunciou em protesto, sendo substituído pelo Vereador Sebastião Gaiba, que veio entregar o cargo em 31/01/1959 para Tuffy Nader.

Gil veio falecer em conseqüência de trágico acidente automobilístico próximo de Juiz de Fora, quando se dirigia à Brasília já nos anos 60, por conta de ser Deputado Federal. Foi homenageado com denominação de seu nome à principal Avenida da Praia da Costa, em Vila Velha ES.

 

Autor: Roberto Brochado Abreu, outubro/2011



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