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Gilberto Michelini - Personalidade Capixaba

Gilberto Michelini - Personalidade Capixaba

O substrato de uma personalidade é aquilo que forma a parte essencial de suas qualidades intrínsecas. Ele depende de qualquer convenção ou de valores falsamente estabelecidos.

Discorrer sobre a vida de alguém é como acompanhar as águas de um rio, em cujo transcurso vai descobrindo o encanto de situações que embelezarão o trajeto então percorrido.

GILBERTO MICHELINI, como as águas de um rio que veio de longe, trouxe o encanto de sua simplicidade, conquistando por merecimento e justiça a cidadania honorária capixaba. Ele nasceu no dia 26 de fevereiro de 1930, na cidade paulista de Ribeirão Preto e, sentimental como todo descendente de italianos e portugueses, reverencia com especial carinho a memória de seu pai falecido em 1965, Vismo dos imigrantes. Ele recorda DANTE MICHELINI, seu pai, com certa pureza infantil, colocando em sua saudade a perenidade de um sentimento importante. DANTE MICHELINI deixou amplamente registros de uma personalidade que certamente contagiaram tantos quantos tiveram a felicidade de privar de sua amizade, ou simplesmente de conhecê-lo.

Mas, ninguém foi mais contagiado pela forte personalidade do pai, do que o próprio GILBERTO MICHELINI, que tem seguido seus bons exemplos e seu estilo de vida, uma herança para ele incalculável em seus valores materiais e espirituais.

Antes de vir para o Espírito Santo, este paulista, mistura de duas raças que tiveram grande influência na colonização do Espírito Santo, estudou no austero Colégio Anglo-A-mericano, em Santos, onde cursou o primário, tendo em seguida ingressado com méritos no ginásio do liceu São Paulo, na mesma cidade.

Desde cedo despertou em GILBERTO MICHELINI o apreço por dois esportes nobre: o xadrez e a pesca. Ele foi um dos fundadores do Clube Capixaba de Xadrez e, na década de 1950, foi contemporâneo de verdadeiros “cobras” enxadristas do Estado, como Cézar Gianordolli, Hilário Soneghetti, Euclides Simões, Edson Machado, Roubach, Fábio Pontes, Jesse Burns, Luiz Porto, Sérgio Nasser, Délio Dessaune, sendo grande incentivador dos emergentes valores novos, do enxadrismo capixaba.

Em 1972 deixaria a casa paterna onde até então vivera para construir a sua própria família, continuando, porém, com mesmo entusiasmo suas relações com amigos e irmãos. As pessoas que o conhecem são unânimes em afirmar que GILBERTO MICHELINI só deu alegrias aos seus pais.

Dizem os antigos e as regras da vida confirmam, que todo a aquele que foi bom filho, será bom esposo, bom pai e inigualável amigo. Este princípio aplica-se inteiramente à personalidade de GILBERTO MICHELINI que, se como filho foi e é um exemplo, não menos exemplar repetiu-se a sua fidelidade aos amigos, tradição que conserva desde sua juventude até hoje. Possuidor de um caráter inabalável e inatacável, seus exemplos são dignos de serem seguidos.

Com 16 anos de idade, por vontade própria, iniciou-se na vida profissional, ocupando seu primeiro trabalho remunerado na firma Mckinlay S/A, da qual seu pai era sócio gerente de Vitória. O destino manteve-o fiel às esperanças do velho DANTE MICHELINI fazendo com que permanecesse com suas atividades cafeeiras.

GILBERTO MICHELINI é o exemplo do filho no qual o pai se perpetuou, prosseguindo o trabalho por ele deixado com a mesma sensibilidade e o mesmo interesse, valendo-se dos segredos, regras, ações e reações, atitudes diante de êxitos e insucessos, cautelas e cuidados, segurança, sobriedade, tolerância e limites, valorizados pela própria experiência e descobertas, enriquecendo seus conhecimentos até chegar à plena realização das maiores aspirações que um homem de café poderia sonhar: Presidente de uma firma de porte médio e Presidente da entidade de classe dos exportadores, o Centro do Comércio de Café de Vitória.

Ele não aceita receitas mágicas nem extremismos, como fórmulas idéias de se vencer na vida. Certas virtudes são, entretanto, nos seus entenderes essenciais a quem objetiva o êxito profissional: TRABALHO, PERSEVERANÇA SEM DESESPERO, SERIEDADE NO TRATO DAS COISAS E DAS PESSOAS, MANTER SEMPRE O OTIMISMO E O BOM HUMOR. O sentido do triunfo, da vitória, na sua concepção não possui tamanho. A vitória da formiga é tão gratificante para ela, como a do cientista que descobre uma nova vacina o é para ele.

Nos momentos difíceis que atravessou ou venha a atravessar GILBERTO MICHELINI se socorre da famosa poesia de Rudyard Kipling, “SE”.

Muita gente se pergunta qual a importância do dinheiro no êxito dos indivíduos e no seu status. Para GILBERTO MICHELINI não é o dinheiro que dá status ou promove o êxito de ninguém. O dinheiro e a fortuna podem surgir como conseqüência, mas não obrigatoriamente do status pessoal das pessoas uns possuindo notoriedade e não possuindo dinheiro e outros sendo donos das verdadeiras fortunas e sendo ilustres desconhecidos. No seu entender a história universal promova sua teoria. Pois pessoas notáveis, homens públicos cientistas, literatos, e até mesmo comerciantes e empresários, que desfrutaram de grande notoriedade, status e prestígio, graças a seus êxitos em diferentes áreas de atividades humanas, acabaram por morrer na mais profunda e consternadora miséria, uma vez que o dinheiro não chegou a ser para eles, o alvo, o objetivo principal. Dentro deste critério, GILBERTO MICHELINI acha que o dinheiro agrada pelo menos em quantidade moderada ele é necessário para se viver bem. Mas sozinho, na opinião ele é necessário para se viver bem. Mas sozinho na opinião dele, não conduz ninguém a nada, constituindo-se em simples ilusão e frustração.

Para GILBERTO MICHELINI a maior riqueza é aquela abstrata chamada AMIZADE. Muito mais valiosa, diz ele, do que os bens materiais, as amizades são tesouros que nada têm a ver com saldos bancários. E possuindo tantos amigos, ele separa a amizade da intimidade, definindo-a como uma identificação de gostos, opiniões, e quem sabe, até mesmo a fenômenos extra-sensoriais, como o magnetismo que emana de cada um de nós. Da mesma forma, ele gosta de ser útil aos seus amigos, na mesma proporção em que recebe a reciprocidade.

Quando tinha 14 anos de idade, GILBERTO MICHELINI aprendeu por experiência própria que os telhados foram feitos para os gatos, nunca para os homens. Este fato pitoresco de sua juventude ele mesmo conta com bom humor.

Congregado Mariano da Paróquia de Santo Antônio do Embaré, em Santos, foi tentar pegar uma bola de pingue-pongue no telhado da igreja-sede da Congregação que ficava entre as duas torres da igreja, bem ao alto. Deu um show tentando descer da cumeeira e só não se espatifou no pátio devido à providencial intervenção de dois frades que com algumas cordas conseguiram evitar a sua desastrosa aterrissagem. Nunca mais quis andar em telhados...

Embora não seja um homem metódico, aos 50 anos de vida, GILBERTO MICHELINI sempre que chegam de viagem, (quase todas as semanas), suas primeiras preocupações são: dar uma chegadinha à casa de Dona Julieta para beijá-la e abraçá-la, indo em seguida a sua própria casa, para brincar com sua filha única ANDRÉIA PAULA, de seis anos. Só então vai para o escritório.

Esportista por vocação dedica seus fins de semana à pesca oceânica, tendo como companheiro o seu amigo Rubens Magalhães.

Se tivesse que fazer uma lista de amigos, colocaria nela toda a população da cidade. Desconhece ter inimigos, o que é uma raridade nos dias atuais.

No Espírito Santo, GILBERTO MICHELINI é, ainda, Cônsul Honorário da Finlândia, desde 1971, com jurisdição em todo Estado.

Quando, no futuro, seus biógrafos tomarem o encargo de escrever com maiores detalhes sua vida, dirão que GILBERTO MICHELINI foi acima de tudo um homem, alegre, jovial, que soube encarar o presente com otimismo e o futuro como uma simples conseqüência inevitável neste misterioso fenômeno que é existir.

 

Fonte: Personalidades do Espírito Santo. Vitória – ES. 1980
Produção: Maria Nilce
Texto: Djalma Juarez Magalhães
Fotos: Antonio Moreira
Capa: Propaganda Objetiva
Compilação: Walter de Aguiar Filho, agosto/2020

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