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Guerra do Paraguai

Procissão no Tagy durante a Guerra do Paraguai - Foto: Fundação Biblioteca Nacional

Foi com igual ardor que responderam à atitude hostil de Solano Lopez, do Paraguai. O primeiro contingente da província, constituído de oficiais e soldados de primeira linha da sua guarnição, largou para o sul a catorze de fevereiro de 1865.(50) Na véspera, a Capital, engalanada, assistiu ao desfile de despedida. Entre flores, ovações, música, partiram da terra os primeiros espírito-santenses que iam desafrontar a pátria.(51)

Até maio de 1865, a província já havia encaminhado para o Paraguai trezentos e trinta e nove dos seus filhos, sendo que duzentos e setenta e três voluntariamente.(52) Um ano depois, o número já subira para meio milhar.(53)

O concurso do Espírito Santo para a vitória não se resumiu, apenas, no abastecimento, ao Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, das privilegiadas madeiras de suas florestas.(54) Em Riachuelo,(55) como dez anos antes, no combate do Tonelero,(56) jovens da província lutaram heroicamente.

 

NOTAS

(50) - BASÍLIO DAEMON registrou o nome dos oficiais e inferiores desse primeiro contingente: major J. Batista de Sousa Braga; capitães Tito Lívio da Silva e João da Silva Nazaré; tenentes Antônio Rodrigues Pereira e Manuel Francisco Imperial; alferes José Marcelino de A. Vasconcelos, Francisco F. Pinheiro Passos, Francisco A. Leitão da Silva, Joaquim de Castanheda Pimentel, Miguel Calmon du Pin Lisboa; primeiros-cadetes Francisco Rodrigues Pereira das Neves e Luiz Vieira Machado; segundo cadete Alexandre Félix de Alvarenga Sales; primeiro-sargento João Custódio da Silva; segundo-sargento Cândido Gaio Peçanha; furriel Jacinto F. de Carvalho. Também seguiram, informa o efemeredista, os médicos do Corpo de Saúde Drs. Florêncio Francisco Gonçalves e Fortunato Augusto da Silva; o primeiro-tenente do Regimento de Cavalaria Inácio João Monjardim de Andrade e Almeida, que servia de ajudante-de-ordens. Cita, por fim, o cabo-de-esquadra Francisco de Araújo, conhecido pela alcunha de Chico Princesa e que, por atos de bravura, chegou ao posto de tenente em comissão. Condecorado várias vezes, morreu durante a campanha, “em seu posto de honra” (Prov ES, 372-3).

(51) - Correio da Vitória, quinze de fevereiro de 1865.

(52) - Relatório apresentado à Assembléia Legislativa Provincial do Espírito Santo no dia da abertura da sessão ordinária de 1865 pelo presidente dr. José Joaquim do Carmo – Vitória – Tipografia Liberal do Jornal da Vitória – 1865.

(53) - Dizia, então, o presidente: “Este resultado se não pode ser considerado ínfimo, atenta a diminuta população da Província, não é todavia o que teríamos o direito de esperar” (Relatório apresentado à Assembléia Legislativa Provincial no dia da abertura da sessão ordinária de 1866 pelo presidente dr. Alexandre Rodrigues da Silva Chaves – Vitória – 1866).

(54) - PESSANHA PÓVOA, Prov ES, 25.

(55) - “Na guerra contra Solano Lopez, soldados espírito-santenses bateram-se bravamente em Riachuelo, a onze de junho de 1865. Em ofício de vinte desse mês, Francisco Otaviano, chefe da Missão especial do Brasil, ao transmitir as notícias oficiais dessa memorável Batalha, depois de referir alguns impressionantes episódios registrados em várias unidades, afirmou em relação aos soldados capixabas: ‘As praças do Exército e dos corpos policiais do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, batendo-se com entusiasmo, expunham-se tranqüilos à morte, e morriam ao lado dos bravos marinheiros’” (FREIRE, Fatos da História, 30).

– Ao receber a notícia da vitória de Riachuelo, o Legislativo capixaba dirigiu ao soberano a seguinte mensagem: “Senhor. A Assembléia Legislativa da Província do Espírito Santo cheia de júbilo pela notícia da brilhante vitória alcançada pela Armada Nacional contra a esquadra paraguaia, no dia onze do mês passado, vem congratular-se com V. M. imperial pelo heroísmo e denodo, não só do ilustre chefe de divisão Francisco Manuel Barroso, que dirigiu a ação como também de todos os outros oficiais de mar e terra, marinheiros e soldados, que deram aos anais da história pátria um dia tão memorável e tão glorioso.

Senhor, se em tempos ordinários um ato de heroísmo mereceu sempre um lugar distinto nos anais da história, o de que se trata incontestavelmente se acha entre eles colocado, e é com o maior entusiasmo que esta Assembléia o aplaude, e ao mesmo tempo congratula-se com V. M. imperial por ver tão dignamente defendido o pavilhão auriverde, dando-se ao mesmo tempo ao estrangeiro, que sem a menor razão tão descomunalmente insultou os brios brasileiros, a mais solene lição. Vós, sr., como o primeiro dos brasileiros, dignai-vos de acolher benigno as sinceras demonstrações de júbilo da Assembléia Legislativa da Província do Espírito Santo, órgão legítimo dos sentimentos dos seus habitantes. Paço da Assembléia, em vinte e seis de julho de 1865. (aa) Francisco de Andrade e Almeida Monjardim, presidente; Manuel Feliciano Muniz Freire, primeiro secretário; Torquato Caetano Simões, segundo secretário” (Pres ES, X).

(56) - Destacou-se na ação do Tonelero o capixaba Antônio Cláudio Soído (FREIRE, Fatos, 30; AFONSO CLÁUDIO, Hist. da Literatura, 144).

 

Fonte: História do Estado do Espírito Santo, 3ª edição, Vitória (APEES) - Arquivo Público do Estado do Espírito Santo – Secretaria de Cultura, 2008
Autor: José Teixeira de Oliveira
Compilação: Walter Aguiar Filho, novembro/2017

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