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José Maria Feu Rosa

José Maria Feu Rosa

O mundo atual, diz-se, está sendo construído por uma geração predestinada, cujos sentimentos se confundem nos conflitos gerados contra as convenções e os preconceitos, uma luta entre o materialismo profundamente ateu e destruidor e o comovente sacrifício do espiritualismo visando gerar uma realidade do mundo, capaz de destruir com a sua luz as deturpadas concepções confusas. Alessandro Manzoni teve esta sensação ao escrever: "Há momentos em que a alma dos moços não vacila em ceder a quem lhes peça rogos de abnegação e sacrifícios".

A década de 30 marcou profundamente as primeiras transformações sociais no Brasil. Foi a terrível época da recessão, o fim da dinastia dos barões do café, o começo da industrialização do País. O que viria depois não foi menos difícil do que o início da tão importante década. A revolução de 1932, a intentona de 1935, o golpe Integralista de 1937 e, afinal, a ditadura do Estado Novo.

Quando JOSÉ MARIA FEU ROSA nasceu, no dia 20 de outubro de 1939, o País estava mergulhado neste regime excepcional e rígido, em que as perseguições e o ódio prevaleciam à sensatez da razão, a mentira substituiu a verdade e a intriga tinha força letal. O pai do Prefeito da Serra, Dr. Pedro Feu Rosa, havia sido uma das vítimas desta mesma ditadura que, logo depois da revolução de 30, demitiu-o do cargo que exercia no Estado, como médico legista.

O sacrifício dos jovens haveria, todavia, de recompensar a Nação de quantos traumas viveu durante a longa noite de 15 anos de domínio de um homem que ao morrer, disse que o fazia para que o povo de quem havia sido escravo, não mais fosse escravo de ninguém, vã utopia, uma vez que os grilhões da escravatura social do povo, somente serão quebrados quando os líderes novos tiverem feito desta Nação emergente uma potência verdadeira.

Nesta luta pelo desenvolvimento coube, no Espírito Santo, uma tarefa assaz importante ao jovem prefeito da Serra, JOSÉ MARIA MIGUEL FEU ROSA, filho do Dr. Pedro Feu Rosa e de Dona Leonor Miguel Feu Rosa.

Capixaba, nascido no Parque Moscoso, JOSÉ MARIA, cresceria sentindo todos os graves problemas da Grande Vitória, o que o levaria anos depois — como estudante — a liderar um movimento vitorioso em defesa do abatimento de 50% nas passagens de ônibus e ingressos nos cinemas, movimento que estendeu para a conquista do restaurante do estudante, transformado depois em restaurante universitário.

Ele começou seus estudos no curso primário, ingressando na Escola Brasileira de Educação e Ensino, tendo feito o Ginásio e o Científico no Colégio Salesiano, ingressando em seguida na Faculdade de Direito da Universidade do Espírito Santo, formando-se na turma de 1962, registrado na Ordem dos Advogados do Brasil, seção do Espírito Santo, sob n° 969.

Foi ainda Presidente da UESE (Casa do Estudante Capixaba). Lutou pela construção da Casa do Estudante Capixaba que, filosoficamente, haveria de trazer como resultado, a construção do primeiro ginásio de esportes da Capital na época. A atual, sede do DED, foi absorvida pela Revolução em 64. As rendas do Ginásio dariam para construção de alojamentos para abrigar estudantes sem recursos oriundos do interior e que moravam em repúblicas. O Ginásio após sua construção foi inútil, uma vez que tanto a Casa do Estudante Capixaba, quanto a UESE foram dissolvidos pela Revolução de 64.

Antes disto, entretanto, muitas festas foram realizadas e inclusive o governador Jones dos Santos Neves conseguiu recursos através do senador Ary Vianna, o que proporcionou a conclusão do prédio. Naquela época difícil, JOSÉ MARIA MIGUEL FEU ROSA, fez muitas viagens com colegas ao Rio nos desconfortáveis trens da Leopoldina, ficando alojados no prédio da UNE, no Flamengo (Rio), ou no Instituto de Surdos e Mudos, em Laranjeiras e comiam no Restaurante do Calabouço. Na sua condição de líder estudantil, tinha uma quota de passagens pela empresa aérea Cruzeiro do Sul para todo o território nacional, o que lhe permitiu conhecer o Brasil inteiro e participar de diversas campanhas nacionais, como “0 Petróleo é Nosso” em defesa da Petrobrás. Numa destas campanhas, em Fortaleza, no Ceará, onde haviam montado uma torre simbolizando o petróleo, o comício foi dissolvido por um contingente policial, tendo JOSÉ MARIA pulado de uma altura de três metros, do alto da torre com microfone agarrado na mão, que traria como recordação, se não tivesse sido roubado por um colega de São Paulo.

Teve como colegas nesta época, Délio Neves Rocha, Jayme Telles de Sá, Jones de Almeida, José Fernando Ozório, Rogério Nonato, Luiz Paulo Souza, Jacy Roque Prates, Hélio França (falecido), Lúcio Merçon, Edson Machado, Máximo Moreira Alves, Hélio Carlos Manhães, Paulo Pimenta, Antenor de Carvalho, e Antônio Carlos que hoje é Promotor Público.

Seu primeiro emprego foi como professor de português, inglês, francês, história e geografia no Colégio Estadual, sendo que gostava muito de lecionar, mas ficou um ano sem receber, época em que o Estado só dependia de recursos provenientes do café e era governador Francisco Lacerda de Aguiar. Isto lhe causou grandes transtornos porque, como rapaz, tinha que frequentar cinema, pagar a cervejinha do Dominó, as despesas de namoro e o velho Pedro Feu Rosa não soltava dinheiro, porque ele estava trabalhando. Ficando numa situação insustentável, quando já estava na Faculdade, abandonou a vida de professor e foi trabalhar com Antônio José Miguel Feu Rosa, seu irmão e Sebastião Edward Costa no escritório de advocacia, acompanhando processos, fazendo júris, comparecendo a audiências, viajando muito para o interior para resolver problemas do escritório. Seu irmão Tom Zé e Edward resolveram também trabalhar com madeira e ele embarcou na mesma canoa. Durante este período chegaram a exportar aproximadamente três mil toneladas de jacarandá por ano. A firma exportadora Sul-Americana ia de vento em popa, quando o governo fechou a exportação de toros obrigando-os a instalar indústria de serraria e laminação. Até então ainda com 23 anos já tinha um patrimônio considerável e se casou no dia 27 de julho de 1963 com Maria da Penha Vervloet encerrando a primeira fase de sua vida. Do matrimônio nasceram Lerciene, Pedro Eduardo, Rebeca, Leonor, José Maria Filho e Penélope. A família ainda adotou Marluce, cujos pais morreram deixando-a órfã no interior da Bahia, onde o pai da menina faleceu vítima de um acidente. Como os irmãos da vítima foram para São Paulo, deram-lhe a menina que ele cria como filha, dispensando-lhe igual tratamento que dá aos seus filhos legítimos.

O fechamento da exportação de madeira em toros trouxe para o Brasil interesse de Multinacionais e transformaram os empreendimentos locais muito difíceis, criando uma crise, no período em que JOSÉ MARIA FEU ROSA presidia o Sindicato de Madeira, procurando coordenar as mil indústrias do ramo instaladas no Espírito Santo.

Devido suas atividades no ramo de madeira, realizou várias viagens ao Exterior, procurando negócios, instalando sucursais na Alemanha, tendo residido naquele País um ano e, em Milão, na Itália, seis meses. Era um verdadeiro camelô internacional, mas o sistema brasileiro de apoio às nossas indústrias não estava ainda adequado para a realidade no exterior, tanto assim que encontrava com empresários de São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Norte e Nordeste, buscando também negócios para suas empresas. Na época, substituiu o Dr. Armando Rabello como conselheiro da Codes-Cred, depois transformada no BANDES, mas que funcionava quase precariamente devido às dificuldades enfrentadas na ocasião. Fazendo uma avaliação da sua empresa, com os sócios, seu irmão Antônio José e os irmãos Ademar e Luiz Alberto Musso Leal, achou que o melhor era vender a firma e assim foi feito, tendo abandonado definitivamente o ramo de madeira.

Instalou então uma firma de Construção Civil — Construtora Martins — da qual é acionista até hoje, fez muitas obras particulares, para a COHAB-ES, INOCOOPS, TAMOYO, estando a mesma atualmente entregue ao seu cunhado Antônio Aranha Vervloet pois ao ser eleito para a Prefeitura da Serra, afastou-se totalmente das empresas, dedicando-se em tempo integral à administração do Município.

Como candidato a Prefeito da Serra, pela ARENA, em 15 de novembro de 1976, obteve 87% da votação de todo o Município, percentual este só alcançado em cinco Municípios do País, num total de 4 mil. Na mesma ocasião, elegeu também a maioria absoluta da Câmara Municipal da Serra.

O sorriso de uma criança, talvez seja a razão de sua prole enorme e é um dia feliz e alegre quando pode almoçar com sua mulher e com os filhos na mesma mesa.

O seu momento de maior tristeza: certamente foi o dia em que perdeu o pai, amigo, conselheiro e companheiro.

JOSÉ MARIA MIGUEL FEU ROSA tem os seguintes irmãos: Maria Thereza, Antônio José, Pedro, Ana Maria e João Miguel.

Possui os títulos de "Amigo de Vitória", outorgado pela Prefeitura Municipal; Título de Agradecimento da Associação de Radioamadores (LABREAL pela participação que teve durante o período das enchentes que abalaram o Estado no início de 1979; possui também Diplomas de Participante de diversos Seminários e Congressos.

Quando pode gosta de jogar xadrez, sendo considerado um bom enxadrista.

Guarda ainda grande influência recebida na infância através do pai, pela extinta UDN e pelo seu líder, Brigadeiro Eduardo Gomes. Devido à influência herdada do pai, dá-se bem em qualquer ambiente, excluindo onde houver hipocrisia. Sua mãe, Dona Leonor, é venerada por ele e seus irmãos, como esteio, apoio e coragem nas horas difíceis, sempre incentivando a família, dando-lhes acima de tudo uma grande sensação de segurança para enfrentar tudo.

Dentre bons vizinhos cita Abido Saadi como um deles e, amigos, Helder Varejão, Luiz Brito, Luiz Alberto Musso Leal, Jones de Almeida, Maria Nilce companheira dos tempos estudantis, Romildo Vello, Luiz Sarlo, Vitorio Gianordoli, não podendo citar todos porque a lista seria muito grande. JOSÉ MARIA FEU ROSA, como não poderia deixar de ser, é devoto de São Benedito, promovendo na Serra todos os anos a tradicional puxada do mastro, tendo como centro de atração a figura folclórica de São Benedito.

JOSÉ MARIA MIGUEL FEU ROSA, Prefeito da Serra, político desta geração de que falamos no início, intrépida, leal, objetiva, consciente do seu papel histórico e de suas altas responsabilidades para com o Estado e para com a Pátria, um filho muito digno do Município da Serra, que tem sabido honrar as tradições de sua família e as glórias conquistadas naquelas terras progressistas por seus Maiores.

 

Fonte: Personalidades do Espírito Santo. Vitória – ES. 1980
Produção: Maria Nilce
Texto: Djalma Juarez Magalhães
Fotos: Antonio Moreira
Capa: Propaganda Objetiva
Compilação: Walter de Aguiar Filho, agosto/2020

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