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Judith Leão Castello Ribeiro - Uma Mulher de Talento

Judith Leão Castelo Ribeiro recebendo a Comenda Jerônimo Monteiro, colocada pelo Governador Élcio Álvares

- Na história do Espírito Santo há um lugar reservado para Judith Leão Castello Ribeiro, mulher líder, mulher talento. Como professora, uma inteligência e uma cultura singular. Uma mulher dedicada à política partidária, um espírito de liderança e uma soma respeitável de serviços prestados à sua terra. Justa, muito justa a homenagem que o Governo do Estado lhe prestou, outorgando-lhe a Comenda Jerônimo Monteiro.

Judith Leão Castello Ribeiro nasceu na Serra – ES.

Diplomada pelo Colégio do Carmo passou a lecionar no Ginásio São Vicente de Paulo, tendo lecionado na Escola Normal Pedro II durante muitos anos, mediante concurso de provas e defesas de tese.

- Em 1947 foi eleita e tomou posse na Assembléia Legislativa, como Deputado, função que exerceu por diversas vezes.

- Foi autora entre muitos outros dos seguintes projetos:

Emenda ao projeto de nº 165 – concedendo auxílio a Sociedade São Vicente de Paulo, para construção do seu hospital:

Emenda nº 187 – para extensão da rede de luz e energia para Jacaraípe e Nova Almeida.

Projeto nº 5/62 – que autoriza o Poder Executivo a instalar um Posto Médico no Município da Serra.

Projeto – Fundação do Instituto de Educação.

- Colaborou nas revistas “Vida Capixaba”, “Canaan”, Revista do Departamento do Serviço Público e Revista da Educação.

- Fundou a Academia Espírito-Santense de Letras, da qual foi Presidente.

- Foi Presidente da Comissão de Educação da Assembléia Legislativa em todos os seus mandatos.

- Foi à primeira mulher no Brasil a integrar-se num pleito eleitoral.

- Foi membro do Conselho de Educação do Estado do Espírito Santo e secretária da Comissão do segundo grau de ensino.

- Como não poderia deixar de ser, Judith Leão Castelo proferiu um bonito discurso que achamos por bem publicar:

Li, não sei aonde: “A mulher conquista a felicidade falando o menos possível”.

Conselho subversivo. Violência às leis divinas. Provou o endocrinologista. Pende, nos seus estudos, sobre a tireóide, leve hipertireoidismo na mulher, causa na sua vivacidade no falar, rapidez de linguagem, viva imaginação, impulsividade, emotividade, predomínio do coração sobre a razão. Difere do homem, passível de ligeiro hipoteroidismo, que o faz lógico, dado ao cálculo, menos emotivo. Nele fala a razão mais alto que o coração. Considero generosidade de Deus o enriquecimento na mulher, doar, com mais hormônio, a glândula chamada da emoção. Na escala musical dos sentimentos é a emoção a nota inicial. É dos sentimentos que nasce a linguagem representativa, expressiva, única no ser humano. É a palavra, símbolo do sentir, modelada pela inteligência. Não, não pode uma sublevação à determinação de Deus criar a felicidade. Não me sentiria feliz, se não falasse, agora, do impacto emocional que me apassivou, ao ter conhecimento de libertação do Conselho da “Ordem do Mérito Jerônimo Monteiro”, acatando a inspiração do ex-governador Dr. Élcio Álvares, DD. Grão Mestre da instituição honorífica, a máxima do Estado, agraciando-me com a insígnia de Comendador.

Creiam-me, jamais na minha vida profissional, na vida política, um estímulo provocou tão intensa reação. As vitórias alcançadas tinham algo de objetivo, lembravam os meios empregados para os fins colimados. Traziam, à lembrança, amargas imagens das refregas nas competições em busca da situação de lente catedrática, na conquista do título de representante do povo na Assembléia Legislativa. Acreditem, pasmada, perdi a vivacidade. Reli o ofício e, lentamente, disse: agora? Não represento nada... Como? Por quê? Que fiz eu para merecer tanto? O Coração batia, batia, como outrora os sinos em repiques de festa. A custo pus a minha pessoa equilibrada no fulcro da minha personalidade. Consciente, mas ainda trêmula, tateando no passado, revi a “Ala Moça” do P.S.D. – Partido Social Democrático. Entre os entusiastas jovens, afanosos na organização de um ambiente acolhedor, rigorosamente em ordem para a realização de convenções, aqueles verdadeiros sodalícios de confraternização, sempre colaborando conosco, o estudante Élcio Álvares. Assíduo assistente das lutas na Assembléia, onde me empenhei na defesa da causa pública, teria eu erguido no conceito do adolescente uma imagem além do meu valor? Méritos aos quais faz jus a “Ordem do Mérito Jerônimo Monteiro?”

Num crescendo, afluíram recordações – agitação geral. Festivamente, o povo de Vitória receberia o Dr. Jerônimo de Souza Monteiro, o ícone, o ídolo, o venerado benfeitor do E. E. Santo. Reingressava na política estadual. Em nossa casa tínhamos a alma em festa, inflada de esperança. Eis que, vindo do turbilhão de gente nas ruas, chega eufórico o entusiasta jeronimista Rômulo, meu irmão, exuberante de alegria, dizendo: “Foi um triunfo! Ele volta! Está eleito!” E, inclinando o ombro diz: “Põe a mão aqui, neste ombro, quem quiser ser grande, ser gente!” Dei um pulo e cheguei perto, espalmei a mão. Rômulo, ufano, diz “Carreguei Jerônimo neste ombro!”

Cumpriu-se, hoje, a profecia, estou aqui. Espero não ser acoimada de saudosista, sujeita ao fenômeno psíquico da regressão. Retorno ao passado por afetividade que transpõe os limites da gratidão, torna-se veneração. Em nossa família era cultuada a figura do Dr. Jerônimo Monteiro. Ufanava-se meu pai por haver seu irmão, Cassiano Cardoso Castello, nos idos de 1910, colaborado na magistral obra de Jerônimo de Souza Monteiro, como um dos prefeitos da recém criada prefeitura. Orgulhava-se do reconhecimento do Dr. Jerônimo Monteiro, integrando, por merecimento. Cassiano Cardoso Castello na magistratura. Lá, longe de Vitória, na Serra, passei a conhecer a história de quem teve o poder de dizer ao Estado do Espírito Santo, dizer a Vitória, como Cristo à filha de Jairo: “Levanta-te e anda”.

Eram lições de educação moral – apuro do sentimento de gratidão e de civismo. Floriram em minha formação profissional. Professora de professorandas levaram elas, no coração, a imagem do Dr. Jerônimo de Souza Monteiro. Os anais da Assembléia Legislativa registram a personalidade do imortal administrador, com a emotividade animada pelas lembranças cultivadas na nossa família. Na data de 4 de junho, aniversário de minha mãe e do Dr. Jerônimo de Souza Monteiro, as taças erguidas saudavam a rainha do nosso lar e do Dr. Jerônimo de Souza Monteiro, com o epíteo de ressuscitador do Espírito Santo.

O Dr. Jerônimo de Souza Monteiro não desapareceu. É um símbolo, uma bandeira, um oráculo ouvido pelos administradores neste palácio de Anchieta. Ouvido, sim, por aqueles que na prática interpretaram a sempre atual definição: “A Política é a arte de bem servir ao povo”. Tive a ventura de colaborar em três administrações sob a égide do Dr. Jerônimo de Souza Monteiro, como representante do povo que fui, em quatro legislaturas. Reconheço que Carlos Fernando Monteiro Lindenberg em dois quatriênios e Jones dos Santos Neves ouviram, do oráculo governamental, inspiração para imitá-lo. Foram, estou certa, agraciados com a sanção espiritual do ícone, Dr. Jerônimo de Souza Monteiro.

Apreciando valores não faço comparações. Daqueles tempos chego aos dias de hoje, quando um quatriênio guardaremos no escrínio do passado, representado num relatório escrito com a arte ogival, homenagem que mereceram as Epístolas de São Paulo.

O otimismo venceu! Ordem, trabalho, humanismo ético, tendo por meta o homem, eis o governo do Dr. Élcio Álvares.

O solo capixaba assemelha-se ao corpo humano, no seu sistema de circulação. Estradas vicinais aproximam o homem do campo aos centros citadinos. Produtores e consumidores se conhecem. A lavoura tem onde se agasalhar na Capital: a Ceasa foi erigida para servir, manter a sobrevivência do povo. O mar tornou-se estrada. Vitória e Vila Velha ligadas por excelente sistema de transporte economizam tempo, dinheiro e energias físicas. A estação rodoviária, cartão de visita da Capital, é um ornato. Escolas brotaram pelos sertões, como flores silvestres. A segunda ponte, desafio técnico de dois governos, já na última escalada. E a terceira ponte? A fonte copiosa de críticas ao otimismo do Sr. Governador é uma realidade. Sim, realidade porque tem bases sólidas. Técnicos e operários a erguem sobre as ondas, manuseando o material de estrutura física, enquanto o segundo lastro, mercê da amizade do Presidente Geisel ao Governador e governados do Espírito Santo, garante no erário público o seu término.

Humanismo, no sentido ético, a preocupação do Sr. Governador com o funcionalismo, pagando, com sucessivos aumentos, sempre em dia, ou melhor, antes até do mês findar, a cinqüenta mil funcionários. Só esta vitória é motivo para o Governador manter o sorriso que o otimismo responde por ele, despertando inveja aos céticos, aos tristes da vida.

Agradecendo, genuflexa, a honorífica insígnia da “Ordem do Mérito Jerônimo Monteiro”, aos ilustres elementos que a compõem, de modo especial ao inspirador do ato que me faz ser gente, ser grande, como profetizou o meu irmão Rômulo Leão Castello, de saudosa memória, peço vênia para fazer um apelo ao Dr. Élcio Álvares: continue otimista. Disse o inolvidável Paulo VI, em plenos dias em que acirradas eram as críticas ao otimismo de V. Exª. , Senhor Governador: “O otimismo considera tudo sob uma luz serena, que, aliás, é a luz da economia divina nos destinos humanos”.

Rogo-lhe, Sr. Governador, continue otimista! Ficará sob a luz da economia divina e seus destinos serão regidos por Deus.

                                       Obrigada! Adeus! Obrigada!

 

Fonte: Jornal A Gazeta -  Caderno Semanário, 18/03/1979
Compilação: Walter de Aguiar Filho, setembro/2014



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