Morro do Moreno: Desde 1535
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Mapa constando o Morro do Moreno no século XVI

Carta-planta da Baía do Espírito Santo e suas proximidades com a referência Monte do Moreno ( Códice do Século XVII da Biblioteca da Ajuda)

Quando o historiador José Teixeira de Oliveira (que, por sinal, não é capixaba nem nunca foi radicado no Estado), publicou a sua preciosa “História do Estado do Espírito Santo”, houve por bem fazer, para ilustração da capa do volumoso compêndio e da folha de rosto, um aproveitamento do motivo cartográfico de um trecho do litoral da Capitania: a Baía de Vitória.

Trata-se do “Roteiro de todos os sinais na costa Brasil”, autoria atribuída a Luís Teixeira (século XVI), manuscrito pertencente à Biblioteca da Ajuda, Portugal.

O Instituto Nacional do Livro, do Ministério da Educação, ao comemorar o V centenário de nascimento do descobridor do Brasil (1968), lançou uma edição fac-similar, desse códice quinhentista.

É pena que a impressão não reproduzisse, também, as cores do origianal, com os delineamentos em azuis e esverdeados que eram considerados constantes características nos manuscritos do suposto autor. Mas a edição ganhou com os comentários do historiador Max Justo Guedes, o qual considera o “Roteiro” como uma das mais notáveis obras da cartografia portuguesa dos tempos coloniais, relativas ao nosso país, e o classifica como o 1º roteiro conhecido das costas brasileiras, uma vez que outros, antecessores, são, até hoje, dados como perdidos.

Das 13 cartas insertas no códice, interessam-nos, particulamente o fólio 12 r – Carta-planta da Baía do Espírito Santo e suas proximidades, 120 x157mm; o texto para orientação dos navegadores, que antecipa e que envolve a cartografia, bem como a transcrição e os comentários da edição.

O histriador e Capitão de Fragata, Max Justo Guedes está convencido que o documento, tanto na parte do roteiro quanto na parte de cartografia, é fruto de observações diretas e de levantamentos hidrográficos. Assinala o conhecimento dos ventos e o terror aos Abrolhos  que levava os navegantes das caravelas a extrema cautela no bordejar a costa, procurando o largo, orientando-se pelas cumieiras dos montes. Deixavam às menores embarcações, os caravelões, navios mais toscos, de uma só coberta, que demandavam de seis a sete palmos d’água, a prática de arranharem a costa.

Na opinião do mesmo historiador, a carta-planta da Baía do Espírito Santo e suas proximidades “peca pelo traçado da baía e colocação de suas ihas”, tornando dificultadas as identificações. Ele julga este “um dos maiores traçados do cartógrafo” mas acha “excepcionalmente bom” o traçado da costa brasileira, bem como a arrumação em latitudes dos principais acidentes geográficos, muito pouco discrepantes das latitudes reais. Acredita que a primeira utilização das informações geográficas do “Roteiro” foi feita por Gabriel Soares de Souza, o autor do “Tratado Descritivo do Brasil”, cujos originais manuscritos em português teriam sido consumidos num incêndio, por ocasião do terremoto de Lisboa, restando, porém , 2º apógrafos.

Se imaginarmos o quanto são escassos os documentos quinhentistas da nossa História, aquilataremos melhor a importância da divulgação do  “Roteiro de todos os sinais, conhecimentos, baixos, alturas e derrotas que há na costa do Brasil desde Cabo Santo Agostinho até o estreito de Fernão Magalhães” (ms. 51-IV-38 da Biblioteca da Ajuda) e parabenizaremos, ainda que um pouco fora de data, o lançamento do Instituto Nacioanl do Livro.

 

Fonte: De Vasco Coutinho aos Contemporâneos, 1977
Autor: Levy Rocha
Compilação: Walter de Aguiar Filho,outubro/2011



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