Minha posição revolucionária – Por Eurico Rezende
Desde os primeiros preparativos, tive participação efetiva no esquema pró-Revolução.
Passo a resumir minha colaboração, ditada por dever patriótico indiscutível.
Em dezembro de 1963, o Governador Magalhães Pinto, de Minas Gerais, me telefonou, solicitando meu comparecimento a Belo Horizonte, a fim de trocarmos idéias sobre a reestruturação de nosso partido, a UDN.
Atendi, de imediato, à convocação.
Como se verá, outro seria o assunto da agenda.
No Palácio da Liberdade, após o jantar, o ilustre homem público — um dos melhores que minha geração conheceu e admira — falou-me sobre a situação nacional e da necessidade urgente de uma solução. Disse-me dos esforços de sua persuasão junto ao Presidente João Goulart para que alterasse os preocupantes rumos de seu governo, intensamente exacerbados pela atuação subversiva do Deputado Leonel Brizola. A Nação caminhava para conseqüências perigosas, envolvendo a deterioração de nossas instituições democráticas. A pregação de uma "República Sindicalista", a formação das "Ligas Camponesas", a insuflação constante às greves, a exploração demagógica em torno das "reformas de base", os indícios cada vez mais ostensivos da influência de Cuba no corrente processo de subversão, a indisciplina já evidente nos quartéis, a desorientação reinante em nossa economia, impedindo os investimentos e, conseqüentemente, alargando as faixas de empobrecimento da classe média, e outras ocorrências motivavam a inquietação de meu interlocutor. Esperava-se uma mudança decomportamento do Governo Federal no sentido de conter aqueles fatores antinacionais. Mas, àquela altura, o Governador Magalhães Pinto chegara à conclusão de que o Presidente João Goulart ou estava inteiramente destituído de autoridade para conduzir os negócios do Estado, ou mesmo em atitude de conivência com os líderes e promotores da desordem. Em qualquer destas duas hipóteses, era mister a reação contra aquele penoso estado de coisas.
Confidenciou-me, então, que estava mantendo contatos para empreender uma revolução, com mecanismos de eficiência, porém, capazes de evitar uma guerra civil.
Para esse objetivo, julgava indispensável a colaboração do Estado do Espírito Santo, principalmente por dois motivos:
a) no caso de a tropa insurrecional ter necessidade de ultrapassar a linha fronteiriça Minas — Espírito Santo, tal fato poderia ser interpretado como invasão do território capixaba, tendo em vista a sesquicentenária questão de limites que tanto afligia os dois Estados, na época;
b) o movimento revolucionário poderia durar tempo considerável, pois era previsível a resistência do Governador Miguel Arraes, de Pernambuco; neste caso, o porto de Vitória desempenharia papel relevante no esquema, considerando-se sua estratégica localização, além de sua conexão com a estrada de ferro da Companhia Vale do Rio Doce.
Qual seria a resposta do Governador do Espírito Santo, Dr. Francisco Lacerda de Aguiar, se recebesse um pedido para cooperar?
Respondi ao Dr. Magalhães Pinto que o Dr. Chiquinho, na condição de abastado fazendeiro, certamente estava atemorizado com a tentativa de cubanização do Brasil. Mas, na qualidade de político, chefiando um Estado pobre, dependente do auxílio da União, talvez não se manifestassefavoravelmente, assim com antecedência. Todavia, se sondado e não dando adesão, garantiria o sigilo.
Pediu-me então o Governador que eu conversasse com o seu colega capixaba.
Aceitei a missão.
Discuti o problema com Dr. Chiquinho e encontrei da parte dele, a princípio, uma reação cautelosa e, por fim, completa receptividade.
Os dois Governadores se encontraram e o compromisso da desejada colaboração espírito-santense foi assumido ("DCN" —Seção II — 15-6-72, pág. 1438).
Fonte: Memórias – Eurico Rezende – Senado Federal, 1988
Compilação: Walter de Aguiar Filho, maio/2018
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