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O ES em 1900 – E assim o Espírito Santo chegou ao fim do século

Vitória nos últimos anos do século XIX

Sua população – 209.783 almas(25) – na quase totalidade empregava-se no trato da terra, dedicando-se, de preferência, às culturas de café, cacau, algodão, cana-de-açúcar, milho e arroz.

O comércio desenvolvia-se, principalmente o de exportação e importação, que já se fazia diretamente com os Estados Unidos da América, Europa e Argentina.

Dois estabelecimentos bancários funcionavam na Capital: o Banco Espírito-santense e o Banco da Vitória.

O território do Estado estava dividido em vinte duas comarcas, compreendendo doze cidades – inclusive a Capital – e dezessete vilas. Sua representação no Parlamento Nacional era constituída de três senadores e quatro deputados. Para o Congresso Estadual elegia vinte e cinco representantes.

As principais localidades dispunham de estações de correios e telégrafos. A Capital ostentava uma dezena de grandes edifícios, nos quais estavam instalados o governo estadual, o Congresso, a Corte de Justiça e outros serviços, além de um teatro, inaugurado durante a primeira administração Muniz Freire.(26)

A comunidade católica – ou seja, a quase totalidade da população – desde 1895 vira satisfeito antigo anelo, isto é, a criação do bispado local. Naquele ano, a quinze de novembro, o papa Leão XIII promulgou a bula que instituía a diocese do Espírito Santo, com sede em Vitória, e mandava submeter ao respectivo bispo a paróquia de Veado – atual Guaçuí – antes incluída na diocese de Mariana.(27)

O Judiciário estadual tinha a sua mais alta instância na Corte de Justiça(28) – sediada em Vitória – composta de cinco ministros, assistidos pelo procurador-geral do Estado.

Bem promissora a vida associativa, principalmente a profana, que tinha nos Clubes Comercial (29) e Alemão(30) – ambos em Vitória – suas mais altas expressões.

Culturalmente, o Estado fizera apreciáveis progressos. A simples existência, na Capital, do Congresso, da Corte de Justiça, dos altos órgãos administrativos, do Bispado, Escola Normal, Biblioteca Pública, dois jornais,(31) permite concluir pela presença de numerosa classe de homens de letras e saber. Também o interior podia apontar seus bacharéis, médicos, professores, juízes e promotores de Justiça, além dos vigários, agentes dos correios e telégrafos, que todos eram elementos vivos de uma cultura algo superior à rotina da maior parte dos habitantes da terra.

NOTAS

(25) - Informa o volume I (Introdução, do Recenseamento do Brasil realizado em primeiro de setembro de 1920 – Rio de Janeiro – 1922), que a população do Estado compreendia 109.228 homens e 100.555 mulheres; 149.324 solteiros, 53.071 casados e 7.388 viúvos; 176.847 brasileiros e 32.936 estrangeiros.

(26) - Teatro Melpômene – Construído pelo governo do Estado, seu edifício era todo de madeira (pinho de Riga) e foi inaugurado a vinte e um de maio de 1896. Informa Eujênio de Assis que, com o advento do cinema, sofreu adaptações e passou a cine-teatro.

“O aspecto era belíssimo e, internamente, satisfazia perfeitamente, com belas decorações e ótimas instalações”. As galerias e camarotes repousavam em colunas de ferro. Cobertura de telhas marselhesas. Estilo renascença. Sua lotação era de 1.200 lugares. Foi inaugurado o Melpômene pela Companhia Julia Plá, com a opereta A Mascote.

(27) - O primeiro bispo – D. João Batista Correia Nery, antes vigário de Campinas, no Estado de S. Paulo – preconizado a vinte e nove de agosto de 1896, e sagrado, em Roma, a primeiro de novembro de 1896, tomou posse da diocese a vinte e três de maio de 1897.

(28) - O Tribunal de Justiça, instalado a quatro de julho de 1891 e dissolvido pela Junta Governativa, voltou a ter existência, com a denominação de “Corte de Justiça”, pela Constituição de dois de maio de 1892. Passou a denominar-se Tribunal Superior de Justiça, após a reforma da Constituição, a treze de maio de 1913.

(29) - Fundado em 1886, tinha por finalidade promover o desenvolvimento do comércio, indústria e lavoura, proporcionar diversões aos associados, defender seus interesses contra quaisquer violências, assim como zelar pelo conceito da classe que lhe dava o nome. (PEREIRA, Almanaque de 1899, 17).

(30) - Deutscher Verein – Fundado a oito de outubro de 1893. Recreativo e auxiliador, dispunha de sala de leitura (PEREIRA, Almanaque de 1899, 17).

(31) - O Estado do Espírito Santo, órgão do Partido Construtor-Autonomista; e o Comércio do Espírito Santo, órgão do Partido Republicano Federal.

 

Fonte: História do Estado do Espírito Santo, 3ª edição, Vitória (APEES) - Arquivo Público do Estado do Espírito Santo – Secretaria de Cultura, 2008
Autor: José Teixeira de Oliveira
Compilação: Walter Aguiar Filho, setembro/2017

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