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O Instituto Histórico e sua revista - Por Gabriel Bittencourt

Capa da Revista do Instituto Histórico e Geográfico, nº 35

A pesquisa histórica no Brasil, no dizer de José Honório Rodrigues, nasceu com a fundação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, em 1838, no Rio de Janeiro, então capital do Império do Brasil. Logo, a ideia de um Instituto Histórico e Geográfico surge com o anseio da PESQUISA HISTÓRICA NO BRASIL, e com ela se funde. Antes existia apenas a pesquisa individual, o trabalho de um ou outro estudioso que tentava encontrar, em arquivos nacionais ou estrangeiros, novas fontes que fundamentassem os temas por desenvolver. Assim sendo, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro não surgiu como uma organização puramente acadêmica, mas com o objetivo de investigar, organizar os documentos históricos.

Por conseguinte, coube ao IHGB a inspiração aos Institutos Históricos estaduais para o início da pesquisa histórica e geográfica regional e lançar os fundamentos de um sistema de investigação em prol da elucidação do passado nacional e da cultura dessas duas ciências afins.

Imbuídos desse pensamento, intelectuais capixabas, reunidos no então Congresso Legislativo do Estado do Espírito Santo, a 12 de junho de 1916, data alusiva a Domingos José Martins, fundaram a associação cultural destinada ao estudo da História e Geografia, especialmente no que se refere à área regional.

Nos seus 68 anos de existência, a serem comemorados no próximo 12 de junho, o Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo apresenta um fabuloso lastro de realizações, que se concretizam no plano da pesquisa histórica e, sobretudo, a exemplo do congênere nacional, na Revista do Instituto.

Nesta última, desde a publicação do seu n° 1, em 1917, um ano após a fundação da entidade, tivemos trabalhos valiosos que, paralelo às atividades diretas de seus membros, floresceram e deram bons frutos.

Do Instituto irradiou-se a inteligência, a cultura, o trabalho de pesquisa de seus sócios que, com os olhos voltados para a nossa tradição, de uma forma ou de outra, contribuíram e contribuem para a grandeza cultural de nossa terra. Homens como Antônio Francisco Athayde, Carlos Xavier de Paes Barreto, Ceciliano Abel de Almeida e tantos outros, que não cabe aqui enumerar, emprestaram sua colaboração à Revista e muito realizaram pela cultura capixaba.

A Revista, anual, é dedicada a estudos, ensaios, discursos, conferências, documentos para nossa história etc. É o veículo, por excelência, da memória capixaba. Aberta aos estudiosos, sócios e não-sócios, teve sua tiragem interrompida apenas na década de 1970, em razão da construção da nova sede da Casa de Domingos Martins, só voltando a funcionar a partir de 15 de novembro de 1980.

Como que saindo de uma longa hibernação que o tornara latente por aquele espaço de tempo, o Instituto tem realizado reuniões, ciclo de palestras, movimentos culturais, reorganizado sua biblioteca e, principalmente, reeditado sua Revista (nº 34 em 1983).

A Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Espirito Santo, a exemplo da Revista do IHGB que é publicada, ininterruptamente, sob os auspícios do Ministério da Justiça, sempre contou com o patrocínio do Poder Público, em nosso caso, do próprio Chefe do Executivo. Incólume, tem atravessado os momentos políticos os mais difíceis sem que o apoio lhe seja retirado, seja em períodos de governos autoritários ou democráticos.

Entretanto, paradoxalmente, em que pese a legitimidade do governo estadual e sua preocupação com as instituições culturais, este acordo tácito para publicação da Revista corre o risco de ser rompido. O processo para a edição nº 35 (1984), protocolado na Casa Civil, sob o nº 5.149 em 19 de dezembro de 1983, foi arquivado em 18 de maio último, sem despacho do governador Gerson Camata.

Este ato, lamentável para a cultura da História e Geografia do Estado, acreditamos, não partiu do governador, que não apôs sua assinatura no processo. Preferimos acreditar ser obra de algum assessor menos avisado e que, certamente, desconhece a tradição de mútua colaboração entre o Estado e o Instituto, referendada na audiência concedida à Diretoria do Instituto, em fins do ano passado, ou ainda, o que é pior, desconheça as realizações da entidade, que, sem apoio oficial, promoveu ou promove: a restauração do mobiliário e obras de arte que compõem seu museu, a instituição do "Prêmio Judith Leão Castello Ribeiro", o apoio ao próprio governo estadual na "Questão de Limites Bahia/Espírito Santo, o "Seminário sobre o Ensino de História e Geografia no 1° e 2º Graus" em convênio com a SEDU, a fundação do Museu da Imagem e do Som, palestras, conferências a portas abertas etc.

É, pois, investido desse espírito dinâmico, que o Instituto Histórico e Geográfico do Espirito Santo, vem com o melhor de seus esforços, trabalhando em prol cia cultura regional. Tudo isso, portanto, corre o risco de ficar sem registro se não atingir a comunidade intelectual através de sua Revista, cuja ausência, sem dúvida, será uma grave perda para os futuros estudos das coisas capixabas.

A Gazeta — (Vitória) 29 de junho de 1984.

 

Fonte: Notícias do Espírito Santo, Livraria Editora Catedra, Rio de Janeiro - 1989
Autor: Gabriel Bittencourt
Compilação: Walter de Aguiar Filho, fevereiro/2021

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