Morro do Moreno: Desde 1535
Site: Divulgando desde 2000 a Cultura e História Capixaba

O martírio de Chico Prego

Depois de feita a última unção religiosa, Chico Prego de mãos atadas galgou os degraus da escada, seguido do carrasco

Em 1884, Afonso Cláudio publicou o livro Insurreição do Queimado. Pela descrição minuciosa que fez da sanguinária execução de Chico Prego, sua obra transformou-se em panfleto na propaganda em favor da extinção da escravatura.

Na passagem citada abaixo, Afonso Cláudio, em certos momentos, faz uma introspecção psicológica do condenado. Chico Prego é, na sua visão, o grande mártir da rebelião do Queimado.

 

“(...) Chico Prego veio escoltado por uma numerosa guerrilha. Impassível, frio, sem mostrar uma comoção de susto qualquer, o rebelde parecia interiormente satisfeito com a sorte que o aguardava. Se o movimento insurrecionário não o fizesse herói, a coragem da morte sagrá-lo-ia. O insurgente tinha um conhecimento nítido do seu valor: ele sabia que conspirando ofendia a ordem, mas também sabia que conspirava para ser livre (...).

Conduzido ao lugar do suplício, Prego não se aviltou por um só movimento de covardia. Assistiu impávido à construção do instrumento homicida com a coragem de quem vai empreender uma aventura arriscadíssima. Precedido do padre e do carrasco percorreu a rua ouvindo o badalar da campa, a leitura da sentença e o responsório exortativo. A longa procissão fez o itinerário (...) e, vagarosa, cadenciada, chegou ao lugar em que dominava a forca como um espectro.

Depois de feita a última unção religiosa, Chico Prego de mãos atadas galgou os degraus da escada, seguido do carrasco. Em seguida, o executor passou-lhe a corda ao pescoço, tendo antes ligado à trave do instrumento mortífero; impeliu o rebelde para o espaço em arrimado à corda, cavalgou no pescoço do negro (...). Alguns momentos depois, a corda cortada e atirado ao chão o corpo; como, porém, ainda não tivesse cessado as agonias, o executor lançou mão de um madeiro que se achava ao lado da forca e esmagou por partes o crânio, os braços e as pernas do justiçado.

Após a tirania da lei, a selvageria do homem (...). Estava feita a missão da justiça (...). Às janelas, abertas desde o começo da execução, mantinham-se, em agradável compostura, velhos e moços. Quantos não sentiam o desejo de pedir bis. Aquilo era fruto do tempo e, por isso, não tinha travos. (...) a multidão fartara-se do espetáculo (...).

 

Fonte: História do Espírito Santo – Uma abordagem didática e atualizada, 1535-2002
Autor: José P. Schayder
Compilação: Walter de Aguiar Filho, novembro/2012 

Personalidades Capixabas

O Centro de Vitória e sua revitalização - Por Gabriel Bittencourt

O Centro de Vitória e sua revitalização - Por Gabriel Bittencourt

Muito do patrimônio histórico-arquitetônico, de que vale a pena preservar para a memória capixaba, localiza-se no Centro de Vitória

Pesquisa

Facebook

Leia Mais

Galerias - As 10 mais importantes por Eurípedes Queiroz do Valle

A do Tribunal de Justiça. (Palácio Moniz Freire) -E subdividida em duas: - a especial, constituída pelos que exerceram a Presidência, e a Geral, formada por todos os Desembargadores

Ver Artigo
Judith Leão Castello Ribeiro

Foi também a primeira mulher a ingressar na Academia Espírito-Santense de Letras. Sem dúvida, ela foi um exemplo de mulher pioneira e batalhadora

Ver Artigo
Um Patriarca Nosso - Por Aylton Rocha Bermudes

Ignácio Vicente Bermudes, morador de Timbuí, merece especial celebração ao atingir os 100 anos de vida

Ver Artigo
Dr. João Dukla Borges de Aguiar

As manifestações de pesar pelo seu falecimento - O Velório na Câmara Ardente - O Enterro - As Homenagens Oficiais - Outras Notas

Ver Artigo
Desembargadores - Os 10 mais antigos

3) Carlos Teixeira Campos. Natural do Município de Calçado, no Espírito Santo, no então Distrito de Bom Jesus do Norte. Nasceu em 6-3-1908

Ver Artigo