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Os anos de chumbo – Por Sérgio Ricardo Egito

Televisão antiga, anos 70

"Por que você não escreve sobre isso?" A sugestão do jornalista Luiz Veiga da TV Gazeta, era mais do que um desafio. Participávamos do grupo que discutia a imprensa capixaba nos anos 60/70, dentro de um seminário de recursos humanos, onde a maioria dos seus jovens integrantes vinha das escolas de Comunicação e se entusiasmara com os relatos sobre a transição do romantismo da época para o profissionalismo de hoje.

As emissoras de televisão já haviam transmitido ao vivo, em preto e branco, o passeio de Neil Armstrong e Edwin Aldrin na Lua — era 19 de julho de 1969 —, e, menos de três anos depois — em 31 de março de 1972 —, foi implantado o sistema de TV a cores no Brasil.

Apesar dos avanços tecnológicos nos meios de comunicação eletrônicos, os jornais conviviam com as velhas linotipos para a composição de matérias, além das impressoras planas e retoplanas que ainda resistem em algumas empresas do interior do Estado. Pouco tempo antes, o processo de rádio-escuta para a captação de matérias nacionais e internacionais já havia sido substituído pelos teletipos e, imediatamente, para o sistema de telex mantido pelas agências noticiosas, que chegam atualmente às redações através de computadores.

O país ainda vivia sob o Ato Institucional n° 5 do regime militar — que levou à cassação de parlamentares e ao fechamento do Congresso em 13 de dezembro de 1968 —, quando, no início dos anos 70, algumas empresas regionais, como A Gazeta, começaram a trocar a tradicional composição a quente, com as linotipos, pela composição a frio. Os velhos paquês de chumbo deram lugar a tiras de papel fotográfico; as ramas que iam para as impressoras foram trocadas por chapas de alumínio; os clichês de fotografias desapareceram.

O pioneirismo na instalação de um sistema de telefotos no Estado foi de O Diário: no dia 7 de julho de 1971, estampava nas suas páginas quatro fotos do velório do trompetista Louis Armstrong, realizado no saguão do 7° Regimento dos Estados Unidos, uma fortaleza erguida na avenida Park, em Manhattan. Na seqüência, o Jornal do Brasil também faria um dos títulos mais criativos da história do jornalismo brasileiro, ao noticiar o enterro do músico no Cemitério de Flusing, em Nova Orleans: "Aqui Jazz Armstrong."

Por sua vez, na imprensa local, os jornais — O Diário, A Gazeta, A Tribuna e Jornal da Cidade — publicavam grandes reportagens sobre os desdobramentos da descoberta, em 1969, de um cemitério clandestino de vítimas do Esquadrão da Morte, formado por um grupo de policiais. Era o governo Christiano Dias Lopes Filho, o primeiro nomeado pela Revolução Militar de 1964.

Em meados dos anos 70, A Gazeta e A Tribuna já circulavam impressas em off-set; O Diário e o Jornal da Cidade continuavam nos padrões tradicionais. Vieram algumas revistas, que não resistiram muito tempo como empresas jornalísticas.

Nas redações, a contratação de repórteres era feita junto ao que se denomina hoje de "sociedade civil organizada". Novos talentos saíam, em sua maioria, dos bancos universitários, por vocação, principalmente nas áreas de ciências humanas. O curso de Comunicação da UFES só viria a funcionar a partir de 1975.

 

Fonte: ESCRITOS DE VITÓRIA — Imprensa – Volume 17 – Uma publicação da Secretaria de Cultura e Turismo da Prefeitura Municipal de Vitória-ES.
Prefeito Municipal - Paulo Hartung
Secretário Municipal de Cultura e Turismo - Jorge Alencar
Sub-secretário Municipal de Cultura e Turismo - Sidnei Louback Rohr
Diretor do Departamento de Cultura - Rogério Borges de Oliveira
Diretora do Departamento de Turismo - Rosemay Bebber Grigatto
Coordenadora do Projeto - Silvia Helena Selvátici
Chefe da Biblioteca Adelpho Poli Monjardim - Lígia Maria Mello Nagato
Bibliotecárias - Elizete Terezinha Caser Rocha e Lourdes Badke Ferreira
Conselho Editorial - Álvaro José Silva, José Valporto Tatagiba, Maria Helena Hees Alves, Renato Pacheco
Revisão - Reinaldo Santos Neves e Miguel Marvilla
Capa - Amarildo
Editoração Eletrônica - Edson Maltez Heringer
Impressão - Gráfica e Encadernadora Sodré
Autor do texto: Sérgio Ricardo Egito
Compilação: Walter de Aguiar Filho, janeiro/2018

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