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Padre José de Anchieta - O Milagre do Poço em Reritiba

Padre José de Anchieta - O Milagre do Poço em Reritiba

O POÇO DE ANCHIETA  

 

A presença de Anchieta

No domínio capixaba

É força que não mitiga,

Castelo que não desaba,

Poema que não se esquece,

Planta que nunca fenece,

Não começa e nem se acaba.

 

O venerável apóstolo

Foi dos índios defensor,

Junto a Frei Pedro Palácios,

Tornando-se o pregador

Das mais bonitas lições,

Elevando os corações

Na religião do amor.

 

Notícias de seus milagres

Espalhavam-se afinal,

Atravessavam o Atlântico,

Chegavam a Portugal.

Seu nome tornou-se emblema,

A sua vida um poema

De beleza sem igual.

 

Na praia de Benevente,

Um poço guarda a lembrança

De um tempo em que se esvaía

Do povo toda a esperança.

A lenda que aqui se escreve

Mostrará, de forma breve,

Um Brasil inda criança.

 

Dos lados de Reritiba

Uma seca prolongada

Deixou a população

Local bastante assustada.

Fontes e bicas secavam,

Águas dos rios minguavam,

Não restava quase nada.

 

Animais se deslocavam

Buscando sobreviver

O povo desesperado,

Sem ter a quem recorrer,

Pedia numa oração

- Meu  Deus, manda a salvação,

Não nos deixa assim morrer!

 

Alguém então se lembrou:

- E se fôssemos pedir

Ao venerando Anchieta?

Ele, querendo intervir,

Rogará a Deus do Céu

Pelo fim desse escarcéu -

Voltaremos a sorrir.

 

A comitiva seguiu

Pela mata ressequida

Em busca do santo padre,

Temendo perder a vida.

Anchieta os recebeu

E logo compreendeu

Aquela gente sofrida.

 

Alguém pediu: - Dá-me água!

Meu bom pai, tem piedade.

Anchieta disse: - Filho,

Digo, e não falto à verdade,

 Só Deus do céu tem poder

Para aqui satisfazer

Do povo pobre a vontade.

 

Dizendo isso fez aceno

Para a grande multidão.

Bradou: - Peçamos agora

Em fervorosa oração

Que o céu venha nos remir,

Faça por terra cair

A causa dessa aflição.

 

A multidão, quando ouviu

O santo falar aquilo,

Notou que ele se mostrava

Tão sereno e tão tranqüilo,

 Em prece tão enlevada,

Que até mesmo a passarada

Se aproximava para ouvi-lo.

 

E como Moisés fizera

Com os hebreus no deserto,

Anchieta ergue o cajado

Desferindo um golpe certo,

Vencendo a cruel secura,

Da terra brota água pura

No poço que foi aberto.

 

Como a hedionda lagarta

Se transforma em borboleta,

A tristeza foi-se embora,

Qual passageiro cometa.

E a multidão que chorava

Louvando a Deus caminhava

Rumo ao Poço de Anchieta.

 

Autor: Marco Haurélio
Fonte: Lendas do Folclore Capixaba, 2009
Ilustrações: Eduardo Azevedo
Revisão: Varneci Nascimento
Coordenação: Francisco Aurélio Ribeiro
Capa: Adriana Ortiz e Klévisson Vianna
Editoração Eletrônica: ONPAGE Produções Gráficas Ltda
Editora Nova Alexandria, São Paulo – fone: (11) 2215-6252 - E-mail: novaalexandria@novaalexandria.com.br
Compilação: Walter de Aguiar Filho, março/2014 



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