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Pedro Calmon no IHGES

PEDRO CALMON Moniz de Bittencourt

Na última Assembleia Geral Ordinária do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo (26 de maio), elegeu-se, à unanimidade, para os quadros de sócio-correspondente da Casa de Domingos José Martins, o consagrado historiador pátrio Pedro Calmon, Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, fazendo, com isto, justiça a um dos mais expressivos historiadores contemporâneos, cujo nome abrilhanta, praticamente, a totalidade dos Institutos Históricos estaduais.

Nascido Pedro Calmon Moniz de Bittencourt, a 23 de dezembro de 1902, na pequena cidade de Amargosa, Estado da Bahia, desde os bancos acadêmicos mostrou especial tendência para os estudos históricos.

Filho de pai baiano, Pedro Calmon Freire de Bittencourt, e de mãe petropolitana, D. Maria Romana Moniz de Aragão Calmon de Bittencourt, fez, no Colégio Antônio Vieira e no Ginásio da Bahia curso de humanidades, e o curso jurídico, parte na terra natal, parte no Rio de Janeiro, para onde se transferiu em 1922, levado por seu padrinho, Miguel Calmon, a fim de secretariar a Comissão Promotora dos Congressos do Centenário da Independência. Formou-se em dezembro de 1924, já tendo, por esse tempo, trabalhado na imprensa como redator de O Imparcial e A Tarde, da Bahia, e da Gazeta de Notícias, do Rio de Janeiro. Escreveu aos dezoito anos o seu primeiro livro, Pedras d'Armas (contos), editado em 1923, por Monteiro Lobato.

Secretário particular do Ministro da Agricultura no Governo Bernardes, habilitou-se, em concurso de provas, para conservador do Museu Histórico Nacional, e ingressou na política, como deputado estadual, ao tempo dos governos baianos de Góis Calmou e Vital Soares. Data de 1926 o seu primeiro trabalho jurídico, Direito de Propriedade, inicialmente destinado a tese de doutorado. Estreou, na tribuna do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, em 1926, como orador nas comemorações do 3º centenário da emancipação da Bahia do domínio holandês, e foi eleito sócio efetivo dessa entidade em 1931.

Datam de 1933 seus livros sobre D. Pedro I, Gomes Carneiro, Marquês de Abrantes; em 1935 publicou o primeiro tomo da sua História Social do Brasil, "Espírito da Sociedade Colonial", trabalhos que o habilitaram a candidatar-se à vaga de Félix Pacheco na Academia Brasileira de Letras, para a qual foi eleito em 18 de abril de 1936 (cadeira nº 16). Em 1929 já havia sido premiado, pela mesma Academia, seu romance histórico O Tesouro de Belchior. Em 1935 tornou-se, por concurso, livre-docente de Direito Público Constitucional da Faculdade de Direito do Rio de Janeiro e, em 1938, catedrático da mesma Faculdade (integrada na Universidade do Brasil), de que foi diretor durante dez anos (1938-1948). Vice-reitor, em 1948, ascendeu à reitoria da Universidade, a cuja frente esteve até 1966, ou seja, durante 18 anos.

Sua carreira política foi curta: deputado estadual na Bahia de 1927 a 1930. Retomou-a, deputado federal, em 1935 (da minoria parlamentar de então), voltou, em 1950, à atividade política, como ministro da Educação e Saúde (1950-1951) no governo do Presidente Dutra, e, em curto espaço de tempo, no período Kubitschek. Professor da Pontifícia Universidade Católica, desde que foi fundada, e da Faculdade de Filosofia das Ursulinas do Rio de Janeiro, conquistou, em 1955, a cátedra de História do Brasil, do Colégio Pedro II. Sua tese de concurso foi a análise da documentação inédita acerca das minas de prata.

É autor de mais de sessenta livros de literatura histórica, de História do Brasil, de Direito. Como deputado à legislatura estadual baiana (1928), ligou seu nome à primeira lei protetora, na Bahia, do patrimônio tradicional. Apesar de seus encargos de administração e magistério, o professor Pedro Calmon jamais abandonou a pesquisa pessoal de documentos interessantes para toda a história brasileira. A partir de 26 de maio último, acreditamos, tornou-se sócio de todos os Institutos Históricos do país. Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, desde 1968 (depois de ter sido orador, 1939-68); membro do Conselho Federal de Cultura; sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa, da Real Academia Espanhola, da Academia Nacional de História (Argentina), de várias outras da América, doutor honoris causa das Universidades de Coimbra, México, San Marcos, Quito, Nova York etc.

Pedro Calmon desincumbiu-se de várias comissões intelectuais e diplomáticas no estrangeiro, entre as quais as de presidente da delegação acadêmica brasileira para o acordo ortográfico em Portugal, e da delegação ao 1.0 Colóquio Luso-Brasileiro em Washington.

A publicação do livro Miguel Calmon: uma grande vida (1983), de onde coletamos estas notas, e Prêmio Moinho Santista, que lhe foi concedido, assinalam o transcurso, ainda recente, dos 80 anos do historiador PEDRO CALMON Moniz de Bittencourt, nome de alcance internacional, dedicado à cultura histórica, que, a partir de agora, empresta-nos, também, seu prestigio.

A Gazeta — 28 de junho de 1984.

 

Fonte: Notícias do Espírito Santo, Livraria Editora Catedra, Rio de Janeiro - 1989
Autor: Gabriel Bittencourt
Compilação: Walter de Aguiar Filho, março/2021

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