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Pedro Lesqueves

Pedro Lesqueves

A vida continua sendo um eterno segredo trancado nos cofres de registro da Natureza. Seus enigmas e seus mistérios provavelmente serão decifrados algum dia, não sem antes pagarmos um alto preço pelo domínio de tais conhecimentos. O destino, este instrumento implacável através do qual a Natureza nos domina e nos impulsiona para a frente, é responsável pela reunião das pessoas, sua união e, depois, sua convivência, que termina num amontoado de lembranças e saudades.

JOÃO LESQUEVES, pai de PEDRO LESQUEVES, polonês imigrante, somente no Brasil viria encontrar a outra parte de sua vida, ao conhecer aqui e se casar com Catarina Wencioneck, mãe daquele que seria uma das molas propulsoras de Cachoeiro de Itapemirim.

Em sua infância, PEDRO LESQUEVES, por certo deve ter ouvido em reuniões de família, ande falavam da saudade de sua terra, histórias e lendas daquele maravilhoso país, formado pelas planícies da Cujavia (na Morávia), da Mozávia e da Podláquia, bem como da Silésia (a pequena Polônia) e de Lublin que, reunidos ao resto da Silésia, da região de Sandomierz, dos maciços montanhosos da Morávia (os Cárpatos e os Sudetos), formam a imensa Polônia imortal. JOÃO nasceu na Cracóvia (Kraków) e CATARINA WENCIONECK em Varsóvia, a Capital do País.

PEDRO LESQUEVES descende, portanto, do grande grupo étnico e linguístico dos eslavos ocidentais, cujo humanismo chamou a atenção do mundo no Século XVI, tendo atingido grandes estágios de evolução em 1648, vivendo desde então um esplendor incomparável, até seu momento de maior glória, a abertura para o Báltico.

Nasceu, PEDRO LESQUEVES, aos doze dias do mês de maio de 1904, na localidade de Urtiga, distrito da sede do Município de Cachoeiro de Itapemirim.

Sua infância transcorreu como a de qualquer criança do interior: pulando e correndo pelos prados circundantes da morada paterna, brincando não raro com desnudos sabugos de espigas de milho formando imagináveis boiadas, que "transportam" com o auxílio de diminuta zorra mercadoria vária da fantasia infantil. Quando na idade escolar, foi matriculado por seus pais no Grupo Escolar Bernardino Monteiro, de Cachoeiro de Itapemirim, onde aprendeu as primeiras letras e que lhe serviram de lustre a iluminar o caminho de lutas acerbas que o destino lhe reservaria.

Perdendo seu pai, prematuramente, vítima de picada de animal peçonhento, não conseguiu continuar os estudos, indo trabalhar arduamente no campo muito antes de atingir a adolescência, para auxiliar a mãe viúva, na sustentação da casa e na criação de outros filhos também menores.

Ainda rapazola, foi trabalhar na cidade de Muqui, na companhia de seu tio JOSÉ WENCIONECK, para aprender ofício de mecânico, na esperança de adquirir uma profissão que lhe pudesse recompensar melhor o esforço de trabalho. Mais tarde, sobrevindo melhor oportunidade no comércio, para este ramo de atividade se transferiu, trabalhando inicialmente como empregado em Cachoeiro de Itapemirim, para posteriormente se estabelecer como comerciante em Burarama — distrito do referido município, àquela época, conhecida como Floresta.

Em 24 de setembro de 1935 contraiu núpcias com a senhorita Maria Emília Ribeiro Gomes, da sociedade campista e de cuja união nasceram os filhos Gilson Carlos, Wilson e Maria Auxiliadora.

Preocupado sempre em alcançar objetivos maiores, transferiu-se em 1944, com a família, para a cidade de Campos (RJ), terra natal de sua esposa, ali se estabelecendo no comércio local como atacadista de cereais. Em 1946 retornou ao Espírito Santo para fundar em Cachoeiro de Itapemirim a conceituada firma LESQUEVES & CIA, explorando inicialmente os ramos de automóveis e eletrodomésticos, tendo finalmente se concentrado no segundo. Admitiu como sócios os filhos Gilson Carlos e Wilson, ainda jovens, hoje experimentados e destacados homens do mundo dos negócios.

Ainda em companhia de seus filhos, PEDRO LESQUEVES, com orientação segura e objetiva, mais tarde veio a se dedicar à pecuária adquirindo várias propriedades nos municípios de Itapemirim e Linhares, sendo hoje dos maiores e bem-sucedidos criadores capixabas.

Em 1972 sofreu tremendo revés, tendo enorme prejuízo, com o desabamento do Edifício "NINA" em Cachoeiro, onde funcionava sua loja comercial:

O Imprevisto e fortuito acidente não foi suficientemente grande para abater seu ânimo e sua coragem inquebrantáveis, pois em menos de quinze dias já estava com sua loja reinstalada em outro local, reiniciando as atividades com muito mais garra. E nem podia deixar de ser assim, porque correndo em suas veias o sangue corajoso e indomável dos poloneses, a herança atávica dos seus antepassados, acostumados a lutas intermináveis contra a adversidade, haveria de prevalecer diante da fatalidade e torná-lo vitorioso.

Com a evolução constante dos seus negócios, fruto do esforço pessoal, dedicação e honestidade, mais recentemente, em 1973, fundou em Vitória a firma LESQUEVES VEÍCULOS LTDA. — Concessionária da General Motors do Brasil para os produtos Chevrolet — dispondo de amplas e modernas instalações na Avenida N. S. da Penha.

No campo das atividades sociais, é Membro do Rotary Club de Cachoeiro de ltapemirim, desde 1952, do qual foi Presidente por um período de diretoria, desfrutando ali grandes e marcantes amizades.

Tem como hobby se vestir bem e viajar, conhecendo todos os Estados brasileiros, e no exterior visitou os Estados Unidos, Argentina, Paraguai, diversos países do Velho Mundo e tem pretensões de conhecer Jerusalém, a Cidade Santa.

Os homens simples possuem histórias simples. Mas. PEDRO LESQUEVES na sua simplicidade, não é um homem comum. Tendo iniciado a escalada para a conquista de uma posição na vida, enfrentando tantas adversidades e desafios, acabou por impor-se ao respeito e à consideração de seus conterrâneos.

Cachoeirense amante de sua terra natal, filho de poloneses que vieram aqui tentar a sorte, sua sensibilidade certamente se divide entre as partículas da cultura eslava e a beleza da alma sentimental da "Princesa do Sul”. Se a Polônia deu poetas como Adam Mickiewicz, considerado o maior de sua especialidade naquele país, Cachoeiro deu Solimar de Oliveira e Benjamin Silva, duas figuras do maior quilate no mundo da poesia brasileira.

E não seria demais incluirmos, como homenagem de PEDRO LESQUEVES a Cachoeiro e a seu povo tão hospitaleiro, corno certamente fariam seus pais se pudessem, como mensagem de gratidão, em sua biografia, esta pérola do sentimento cachoeirense — O FRADE E A FREIRA — de autoria do inesquecível poeta local, Benjamin Silva:

"Na atitude piedosa de quem reza

E como que num hábito embuçado

Pôs naquele recanto a natureza

A figura de um frade recurvado.

 

E sob um negro manto de tristeza

Vê-se uma freira tímida a seu lado,

Que vive ali rezando, com certeza,

Uma oração de amor e de pecado ...

 

Diz a lenda ... uma lenda que espalharam

Que aqui, dentre os antigos habitantes,

Houve um frade e uma freira que se amaram ...

 

Mas que Deus os perdoou lá no infinito,

E eternizou o amor dos dois amantes

Nestas duas montanhas de granito".

 

Fonte: Personalidades do Espírito Santo. Vitória – ES. 1980
Produção: Maria Nilce
Texto: Djalma Juarez Magalhães
Fotos: Antonio Moreira
Capa: Propaganda Objetiva
Compilação: Walter de Aguiar Filho, outubro/2020

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