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Pedro Palácios - Por Nara Saletto

Capela de São Francisco quando sofreu um incêncio nos anos de 1950

Pedro Palácios era natural de Castela, Espanha. Tomou o hábito de franciscano, como irmão leigo, e transferiu-se para Portugal, onde foi atraído, como tantos de seus contemporâneos, pelo Novo Mundo que se abria aos europeus. Ao contrário da maioria deles, porém, não o movia a busca de riquezas ou de poder, mas sim “o zelo na salvação das almas” de seus habitantes selvagens. (Anchieta, 1988, p. 327). Conseguiu embarcar num daqueles frágeis navios que partiam para o Brasil, abarrotados de gente e de mercadorias, onde se misturavam autoridades coloniais, aventureiros de todo tipo, mercadores, degredados, soldados e religiosos.

Não se sabe ao certo onde desembarcou. Segundo José de Anchieta, seu contemporâneo, frei Palácios esteve inicialmente na Bahia, onde pregava nas aldeias indígenas, muitas vezes em companhia dos jesuítas, e teria passado pouco tempo depois ao Espírito Santo, onde chegou em 1558 e continuou com o mesmo zelo sua pregação entre os moradores.

Anchieta se refere a ele como “homem de vida exemplar”, ligado aos jesuítas, com os quais se confessava e frequentemente comungava. Conta que estes o repreenderam por haver batizado algumas pessoas sem as formalidades rituais, e lhe deram as instruções necessárias para realizar o batismo nas situações extremas, quando fosse impossível encontrar um padre. (Anchieta, 1988, p. 327).

Fixou-se em Vila Velha, mais precisamente num monte encimado por um penhasco, próximo à entrada da baía, no qual passou a morar — numa cabana ou numa gruta — enquanto construía, com a colaboração dos moradores, uma pequena capela na encosta. Dedicou-a a São Francisco de Assis, fundador da ordem a que pertencia, e nela colocou uma imagem desse santo e um painel de Nossa Senhora das Alegrias, que trouxera da Europa.

Em seguida, empreendeu a construção de uma ermida no alto do rochedo, segundo uma lenda a pedido da própria Virgem, cujo painel por três vezes desapareceu da capela e se colocou no cimo do monte. A ermida era pequena, com o teto em abóbada, ladeada por duas palmeiras. Depois da morte de frei Palácios a construção foi aprimorada, tomando-se “graciosa e bem acabada”, na opinião de um contemporâneo, que a visitou em 1585, o padre Fenão Cardim. (Cardim, 1978, p. 207) Era vista de longe e logo se tomou uma referência para os navegantes, que passaram a visitá-la em romaria, cumprindo promessas que faziam à Virgem Maria durante as tempestades que enfrentavam no mar.

Tornou-se conhecida como ermida da Penha, por causa do penhasco em que foi construída, e esta designação acabou sendo atribuída à santa, que não é, porém, a Nossa Senhora da Penha de origem europeia. Em 1610, o santuário era o “melhor e de mais devoção que há em todo o Brasil”, segundo um jesuíta. Ao pé do monte haviam sido construídas casas boas para os romeiros. (Oliveira, 1975, pp. 136-137). Em 1637 a construção foi ampliada e a partir de então passou por algumas reformas, tornou-se um convento, e vindo a adquirir a forma que tem hoje nas últimas décadas do século XVIII.

Frei Pedro Palácios faleceu em 1570, na pequena capela de São Francisco, onde vivia.

 

Autora: Nara Saletto
Fonte: Donatários, Colonos, Índios e Jesuítas  - O Início da Colonização do Espírito Santo, 1998 (Coleção Canaã Volume 4 Arquivo Público Estadual Secretaria de Estado da Cultura e Esportes Governo do Estado do Espírito Santo)
Compilação: Walter de Aguiar Filho, junho/2019

 

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