Pessimismo de Mem de Sá para com Vasco Coutinho

O governador geral já tinha elementos para julgar a situação do senhorio de Vasco Coutinho e não vacilou em transmitir seu ponto de vista ao soberano: “O perigo que esta terra agora pode ter hee ter capitão tão velho e pobre e nisto vera Vossa Alteza que os armadores são os nervos do brasil / e a capitania que os não tiver senão podera sostentar”.(1)
Tão certo estava o missivista de que o estado precário da capitania decorria da falta de capitais e da própria pessoa do seu donatário que chegou mesmo a aconselhar: “Pareceme que Vossa Alteza devia de tomar esta terra a vasco fernandez e logo mandar a san tome [?] e dar aos homens ricos que para ca querem vir as omras que pedem e embarcação e mandar alguns a esta capitania / outros ao espirito santo e conceder privilegios de novo inda que estem jaa no foral aos que ca quiserem vir”.(2)
Sede do governo do sul? – Iam além, muito além, os planos de Mem de Sá. Propunha-se a vir assentar outra cidade aqui na capitania, parecendo-lhe “co a ajuda de deos que em pouco tempo a ei de fazer tal como esta no salvador / a outra será do espirito santo”. Reforçando os argumentos, acenava com a possibilidade de “asi segurarse a a terra de todo do gentio: e dos frances: os quaes esta muito certo que em podendo hão de vir fazer salto ahi: / e mais são para arrecear”.(3)
Sabia arrazoar o senhor governador. Mas foi em pura perda o trabalho, pois a Coroa não deu ouvidos à cantilena.
NOTAS
(1) - Carta, I, 225.
(2) - Carta, I, 225.
(3) - Carta, I, 225.
Fonte: História do Estado do Espírito Santo, 3ª edição, Vitória (APEES) - Arquivo Público do Estado do Espírito Santo – Secretaria de Cultura, 2008
Autor: José Teixeira de Oliveira
Compilação: Walter Aguiar Filho, maio/2017
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