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Praça D. Luiz Scortegagna (ex-largo da Matriz) – Por Elmo Elton

Catedral de Vitória, a direita vê-se o antigo largo em frente a matriz - Fonte: Acervo José Tatagiba

Este largo se situava frente à velha Matriz, onde era venerada a imagem de Nossa Senhora da Vitória. A fundação da Vila Nova do Espírito Santo, comemorada a 8 de setembro, se dera antes, isto é, a 2 de abril de 1551, mas ficou aquela data como sendo a oficial, pois foi quando, ainda no mesmo ano, os povoadores conseguiram dominar, definitivamente, os índios rebeldes, após mortífero combate, conforme registro de quase todos os historiadores. A antiga matriz foi restaurada em 1904, e demolida em 1918, para ser substituída pela atual Catedral. A demolição do venerável templo, de tão gratas recordações, foi autorizada pelo terceiro bispo do Espírito Santo, Dom Benedito Paulo Alves de Souza, paulista, que, tal como Dom Fernando de Souza Monteiro, este espírito-santense, nascido em Cachoeiro de Itapemirim, pouco cuidou de preservar os monumentos religiosos da Diocese. Foi durante a administração do segundo que se puseram abaixo as antiqüíssimas igrejas de São Tiago e da Misericórdia. Dom Benedito, que se afastou da Diocese a 15 de outubro de 1933, permitiu, por sua vez, a demolição do Convento e da Igreja de São Francisco, por um padre italiano, que nada sabia da história da cidade.

O largo da Matriz não tinha calçamento, era de chão batido. Desaparecidas as ruas 2 de Dezembro e Domingos Martins, a área, antes exígua, se ampliou, sendo que, para sagração, na catedral de Vitória, a 30 de outubro de 1938, de Dom João Batista Cavatti, então nomeado bispo de Caratinga, a Prefeitura Municipal providenciou, apressadamente, o nivelamento do antigo largo, sem dar-lhe, contudo, o necessário calçamento, o que se fez anos depois. A sagração de Dom João Cavatti se celebrou na cidade de Vitória, por escolha do mesmo, visto ser esse príncipe da Igreja natural do município de Guarapari, no Espírito Santo. À solenidade compareceu grande número de autoridades espírito-santenses e de outros Estados, dentre as quais Benedito Valadares, então governador de Minas Gerais.

A Praça Dom Luiz Scortegagna, com a Catedral já inteiramente edificada, ostenta, agora, no centro, um lago artificial, foi asfaltada e arborizada. O novo templo, de linhas em estilo gótico, tomou, assim, o lugar de um outro, a velha Matriz, que diziam ter os altares finamente esculpidos, dourados, com imagens que datavam do início da fundação da cidade.

Um esclarecimento: A designação de Nossa Senhora da Vitória é de origem luso-brasileira, portanto nada tem a ver com a invocação de Nossa Senhora das Vitórias, sancionada pela Igreja, após a vitória da batalha de Lepanto, em 1517.

A bandeira do Espírito Santo tem as cores azul e rosa, porque são estas a do manto e vestido da Nossa Senhora da Vitória. Lastimavelmente, a imagem da padroeira da cidade não figura no altar-mor da Catedral, nem mesmo ali se encontra (não sei onde esconderam), figurando, no dito altar, a de Nossa Senhora Auxiliadora, cuja devoção teve início, em Vitória, por influência de Dom João Batista Corrêa Néri, primeiro Bispo de Diocese do Espírito Santo, então criada de acordo com o Decreto da Sagrada Congregação Consistorial, de 15 de novembro de 1895, com força de Bula, no pontificado de Leão XIII. O patrono da praça, Dom Luiz Scortegagna, natural do Rio Grande do Sul, foi nomeado Bispo-auxiliar do Espírito Santo a 18 de março de 1932, assumindo, integralmente, a direção do Bispado em 1933. Providenciou, de imediato, o reinicio das obras da Catedral, então paralisadas. Era homem trabalhador, humilde, incentivador e protetor de vocações sacerdotais, muito estimado. Faleceu, no Rio de Janeiro, a 1° de dezembro de 1951, sendo seu corpo sepultado na Catedral de Vitória.

 

Fonte: Logradouros antigos de Vitória, 1999 – EDUFES, Secretaria Municipal de Cultura
Autor: Elmo Elton
Compilação: Walter de Aguiar Filho, outubro/2017

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