Morro do Moreno: Desde 1535
Site: Divulgando desde 2000 a Cultura e História Capixaba

Prefácio do Livro “Cidade Aberta” – Por Rogério Medeiros

Capa do Livro

Vou começar fazendo uma confissão: sou fã de Pedro Maia. Portanto, inteiramente suspeito para assinar o prefácio do seu livro. Companheiro dele de profissão: somos jornalistas, repórteres daqueles que envelheceram na rua. Posso testemunhar que, de todos nós da imprensa capixaba, nenhum chegou tão fundo com ele na alma do povo capixaba.

Quê segredo detinha Pedro para ganhar de todos nós? Praticamente, acho que ele conseguiu penetrar nas partes mais áridas do povo capixaba. Especialmente na chamada marginália. Muitas vezes, por isto, o confundiram. A linguagem de Pedro vinha realmente das raízes da nossa gente. E malandro que era malandro, nesta encantada cidade de Vitória, tinha que conhecer o Pedro.

Ele se tornou realmente um personagem deste distante mundo do qual todos nós, pela natureza da nossa criação, procuramos distância. Mas a história desta gente vende jornal até hoje. Felizmente, agora, faz, também, literatura através do Pedro. Isso o torna até um escritor iluminado. Desses, que se o grande poeta Manoel Bandeira tivesse conhecido, diria assim como fez com Murilo Araújo, de Candelabros Eternos: "A vida para ele foi sempre uma iluminação, escadaria acessa".

O Pedro foi tão especial, que era diferente de nós até na Redação. Ele não era um repórter como nós. Enquanto corríamos atrás da notícia, fazendo dela a cara dela, dentro de um "realismo", entre aspas, que aprendemos nos equivocado manuais de redação, Pedro tirava da notícia a alma do povo. Enquanto muito de nós trabalhava a versão do vencedor, Pedro contava a alma do vencido. E nos vencia.

Se hoje sou fã, antes tinha inveja do Pedro, confesso também. Como também sou fotógrafo, quis, inúmeras vezes, conseguir com a câmera alcançar, como ele, a alma do povo. Fiz de meus fotografados vários personagens da vida e da pena do Pedro: Maria-Tomba-Homem, João Ramiro, Otinho... Todo eles os retratei, penso, pela alma: inspirado em Pedro.

Apesar da minha condição pedroniana confesso, vamos assim classificar minha admiração pela escrita do Pedro, ele não era uma unanimidade entre nós. Coisa que, aliás, o grande Nelson Rodrigues, já dizia, ao afirmar que "toda unanimidade é burra". Vamos ser fiéis a história do jornalismo capixaba: o Pedro sempre foi muito discriminado, e ainda muito desempregado pelo estilo e pelo tipo de vida. Muitos até achavam que Pedro era um personagem como Capitu, de Dom Casmurro, de Machado de Assis, marujo que contaria seu próprio naufrágio. Assim identificavam as suas histórias, especialmente as que foram feitas sobre a marginália.

Essa confusão fazia com que, nas minhas defesas de Pedro, assegurasse, constantemente, que a sua literatura só veria a ser entendida alguns anos depois. Lembrando aos interessados que Stendhal justificava o fato de não ser entendido na sua época, dizendo que escrevia para um público que ainda viria 100 anos depois.

Tenho convicção plena que o reconhecimento total do trabalho de Pedro só virá no dia em que se contar com absoluta honestidade o jornalismo capixaba. Certamente Pedro estará em primeiro plano entre aqueles que tiveram sempre uma relação amorosa com os seus personagens.

Com esse elogios, que não são gratuitos, muito menos motivados pelo afeto, convido, então, com a isenção de quem deu um testemunho honesto, você, privilegiado leitor, para encontro amoroso com Pedro Maia.

 

Prefácio: Rogério Medeiros

 

 

Sobre o Autor ( contracapa do livro)

Pedro Maia, jornalista, começou sua carreira no Jornal “O Diário”, a verdadeira escola do jornalismo capixaba.

A partir da década de 70 começou a escreve  crônicas sobre o cotidiano da cidade, na coluna “Comédia Capixaba” do jornal “O Diário”. Em 1978 foi lançada a coluna “Cidade Aberta” no jornal “A Tribuna” seguindo o estilo da coluna “Comédia Capixaba”

Esta obra é o registro histórico da cidade na ótica de um cronista de costumes.

 

Capa: Helio Coelho e Ivan Alves
Projeto Gráfico: Ivan Alves
Edição: Bianca Santos Neves e Lúcia Maria Villas Bôas Maia
Revisão: Rossana Frizzera Bastos
Produção: Bianca Santos Neves
Composição, Diagramação, Arte Final, Fotolitos e Impressão: Sagraf Artes Gráficas Ltda
Apoio: Lei Rubem Braga e CVRD
Fonte: Cidade Aberta, Vitória – 1993
Autor: Pedro MaiaCompilação: Walter de Aguiar Filho, agosto/2020

Literatura e Crônicas

O trio da burrice - Por Sérgio Figueira Sarkis

O trio da burrice - Por Sérgio Figueira Sarkis

Coelho, Pepe e Tutu nomes fictícios. Unidos de longa data, viviam estarrecendo a sociedade com tiradas de "burrices hidráulicas"

Pesquisa

Facebook

Leia Mais

Ano Novo - Ano Velho - Por Nelson Abel de Almeida

O ano que passou, o ano que está chegando ao seu fim já não desperta mais interesse; ele é água passada e água passada não toca moinho, lá diz o ditado

Ver Artigo
Ano Novo - Por Eugênio Sette

Papai Noel só me trouxe avisos bancários anunciando próximos vencimentos e o meu Dever está maior do que o meu Haver

Ver Artigo
Cronistas - Os 10 mais antigos de ES

4) Areobaldo Lelis Horta. Médico, jornalista e historiador. Escreveu: “Vitória de meu tempo” (Crônicas históricas). 1951

Ver Artigo
Cariocas X Capixabas - Por Sérgio Figueira Sarkis

Estava programado um jogo de futebol, no campo do Fluminense, entre as seleções dos Cariocas e a dos Capixabas

Ver Artigo
Vitória Cidade Presépio – Por Ester Abreu

Logo, nele pode existir povo, cidade e tudo o que haja mister para a realização do sonho do artista

Ver Artigo