Morro do Moreno: Desde 1535
Site: Divulgando desde 2000 a Cultura e História Capixaba

Primeiras ocorrências do Século XVII - Por Mário Freire

Combate entre Holandeses e Luso-Brasileiros no ES

Muito se devia ter falado nas cobiçadas riquezas desta Capitania, porque o segundo século da colonização começou estando no Espírito Santo, o próprio Governador Geral, D. Francisco de Souza, empenhado em fomentar novas expedições ou "jornadas" ao sertão. Ele mesmo dirigiu uma exploração até o cume do Mestre Álvaro. Nesse maciço, segundo frei Vicente do Salvador, havia vestígios de prata, e foram encontradas algumas esmeraldas, assevera Brás Rubim.

Nessa ocasião, o Governador Geral mandou, de Vitória, 200 indígenas para o serviço das minas em S . Paulo.

Com o manifesto propósito de manter as Capitanias isoladas, pouco depois uma carta régia de 19 de março de 1614 e um alvará de 21 de fevereiro de 1620 proibiam que os Governadores Gerais visitassem, sem expressa permissão, as diversas Capitanias.

Além das Ordenações filipinas, decretadas em 1603, terem prescrito, como as manuelinas, que a Fazenda Real perceberia o quinto, em salvo de todos os custos, relativamente a quaisquer metais porventura extraídos, depois de fundidos e apurados, foi nesse ano baixada a primeira lei especial sobre mineração. Quinze anos depois modificou-se essa lei com o intuito de fomentar os descobrimentos.

Propalada, como estava, a fama das riquezas desta Capitania, aquele Governador, seguindo a previdente política de erguer fortins em toda a costa, contra a temida ronda dos corsários, mandou construir um, em Vitória, aparelhado com duas peças. Na América, os portugueses, como os espanhóis, sempre tiveram grande prevenção contra o estrangeiro; era, observa Pedro Calmon, o indesejável de pouca ou diferente fé; o indesejável "atravessador no comércio; o indesejável político, capaz de divulgar, ainda mais, a notícia das apregoadas riquezas da terra... Tinham razão. Os constantes assaltos, a princípio, de espanhóis, franceses, ingleses e holandeses, amiudaram-se depois que Portugal passou para o domínio de Espanha. Vivendo em luta com várias nações, por causa da política européia, a Espanha, nessa época, provocou rudes represálias no Brasil, principalmente por embarcações da Holanda. Com o domínio espanhol, agravou-se, na colônia, a política de hostilidade ao estrangeiro.

Uma esquadra batava assaltara Todos os Santos, antes de findar o século anterior; na mesma época, sob o comando de Olivier Van Noord, uma expedição também holandesa esteve no rio Doce, em viagem de circunavegação; e uma frota, ainda holandesa, atacou em 1604 a cidade do Salvador.

O velho Tombo do Convento da Penha registrou a notícia de uma dessas invasões em Vitória. Durante a luta, as mulheres postaram-se na igreja da Misericórdia, donde, ao mesmo tempo que cuidavam dos feridos animavam os bravos defensores da pequena vila, até completa repulsa dos corsários. A comunicação, à Corte, da bravura dessas modestas heroínas, teria inspirado o alvará régio de 1 de junho de 1605, pelo qual foram estendidos, à Misericórdia desta Capital, privilégios idênticos aos que o Cardeal D. Henrique concedera à de Lisboa.

Decorridos três séculos já se não dá o mesmo valor a essas antiquadas prerrogativas, como o uso de bandeira e insígnias próprias, de tumbas ou carros, como segundo Daemon, teve a de Vitória, para enterros de pobres; além da de ricos esquifes. Outras vantagens ainda obtiveram depois, parece, essas irmandades, como o direito de precedência em relação a algumas, motivo de repetidos conflitos, até em enterros. A de Vitória, no princípio do século, passado, chegou a se julgar isenta de pagar sisa. Instituídas em 1498, pela Rainha D. Leonor, viúva de D. João II, enquanto substituiu ao Rei D. Manoel, então em Castela, essas irmandades incumbiam-se de socorrer pobres; visitar enfermos; amparar órfãos e enjeitados ; resgatar cativos ; liberar encarcerados sem recursos; recolher doentes incuráveis a hospitais; e enterrar os mortos, fornecendo, quando não houvesse, até a mortalha.

 

Fonte: A Capitania do Espírito Santo, ano 1945
Autor: Mário Aristides Freire
Compilação: Walter de Aguiar Filho/ maio/2015

História do ES

Ano de 1824 – Por Basílio Daemon

Ano de 1824 – Por Basílio Daemon

É jurada solenemente a Constituição Política do Império, sendo nessa ocasião nomeado o desembargador Manoel Pinto Ribeiro Pereira de Sampaio 

 

Pesquisa

Facebook

Matérias Relacionadas

No tempo de Maria Ortiz - Por Mário Freire

Uma das primeiras medidas administrativas do século XVII, foi, corno dissemos, completa proibição de tráfico ou comércio com estrangeiros

Ver Artigo
Nas Vésperas da Independência – Por Mário Freire

A última barreira do Siri, próxima à foz do Itapemirim, havia sido o extremo norte da fazenda, doada aos padres em 1702

Ver Artigo
Após a Independência - Por Mário Freire

Dissolvendo a Constituinte em Novembro de 1823, Pedro I incumbiu o Conselho de Estado de organizar um projeto de Constituição

Ver Artigo
Os primeiros Jesuítas do ES - Por Mário Freire

A fundação dessa confraria ou irmandade justifica ser a Misericórdia do Espírito Santo, da qual Anchieta foi capelão, uma das mais antigas do Brasil

Ver Artigo
No princípio – Por Mário Freire

A “Glória”, a caravela de Coutinho, permitiu-lhe trazer 60 companheiros. Entre esses, o fidalgo D. Jorge de Menezes e Simão de Castelo Branco

Ver Artigo
Finda o Governo do Primeiro Donatário - Por Mário Freire

Confiou o governo a Belchior de Azevedo, como Capitão, com os poderes e a jurisdição que o donatário exercera: firmou esse ato na "vila de N. S. da Vitória"

Ver Artigo
Há duzentos anos passados... - Por Mário Freire (1945)

Reritiba assistiu, em 1742, um indígena que, durante uma procissão portara-se inconvenientemente, exaltou-se e conseguiu amotinar todo o aldeamento

Ver Artigo
A Independência no Espírito Santo - Por Mário Freire

O Ministro Manoel Pinto Ribeiro Pereira de Sampaio, notável espírito-santense, que faleceu em 1857 como presidente do mais alto Tribunal do País

Ver Artigo
O Norte do Espírito Santo – Por Mário Freire

Atravessaram a Ponte da Passagem, construída com o nome de Ponte de Maruípe em 1799 ou 1800, Saint-Hilaire já a encontrou em mau estado 

Ver Artigo
Últimas observações de Neuwied e Saint-Hilaire - Por Mário Freire

Saint-Hilaire escreveu curiosas observações sobre algumas culturas, como a do algodão

Ver Artigo
O Herói de 12 de junho – Por Mário Freire

Varonil até o derradeiro instante, parte dele a ordem de atirar, ao pelotão do próprio fuzilamento! 

Ver Artigo
O Sul do ES no início do Século XIX – Por Mário Freire

Rubim descreve uma grande planície até a povoação de Guaranhum, inundável quando se não limpava a vala que conduzia as águas do rio da Costa 

Ver Artigo
O Governador Rubim - Por Mário Freire

Francisco Alberto Rubim, oficial de marinha, assumiu o governo em 1812. Mandou escrever em 1816 uma descrição da Capitania

Ver Artigo
Vitória Colonial – Por Mário Freire

O cientista Saint-Hilaire enumera os conventos de S. Francisco e do Carmo quase fora da Vila: o pavimento térreo do segundo já estava ocupado por soldados pedestres

Ver Artigo
Expulsão dos Jesuítas - Por Mário Freire

Em Vitória foi erguido um templo a N. S da Conceição. Foi construído no prolongamento da Rua da Praia no ponto onde a Rua Graciano Neves atinge a Praça da Independência 

Ver Artigo
O Governador Tovar - Por Mário Freire

A vila do Espírito Santo ainda conservava os alicerces da primitiva alfândega, estabelecida nos primeiros dias da colonização

Ver Artigo
Primeiros dias do Século XIX – Por Mário Freire

O primeiro Governador no século passado, Antônio Pires da Silva Pontes era notável geômetra e astrônomo, com relevantes serviços na demarcação dos limites do Brasil 

Ver Artigo
Ao findar do Século XVIII – Por Mário Freire

O majestoso portão de acesso ao Convento da Penha conserva a data de 1774. Nessa época, ergueram, ao fim de penúltima volta da ladeira, uma capela ao Bom Jesus

Ver Artigo
Um cimélio do Arquivo Municipal - Por Mário Freire

A Prefeitura Municipal de Vitória possui uma planta datada de 1764 do capitão José Antônio Caldas, incumbido de apresentar as plantas de diversas fortificações desta Capitania 

Ver Artigo
Primitivas Matrizes – Por Mário Freire

Sobre o Reguinho, lodosa vala que, buscando o mar, derivava pelas atuais ruas Graciano Neves e Sete de Setembro, até a praça, agora, da Independência

Ver Artigo
De Francisco Gil de Araújo ao final do Século XVII - Por Mário Freire

A criação da Vila de Guarapari, em 1 de janeiro de 1679, foi um de seus mais celebrados atos 

Ver Artigo
Reincorporação da Capitania à Coroa - Por Mário Freire

Um velho mapa, rudimentar, de 1631 assinala o rio Doce como extremo da Capitania de Porto Seguro. Teria talvez influído para a Ouvidoria do Espírito Santo ficar limitada, por esse rio, com a Comarca de Porto Seguro

Ver Artigo
A Inquisição no Espírito Santo - Por Mário Freire

Uma ordem régia de 1720, por exemplo, proibiu aos barqueiros e canoeiros cobrarem passagens aos franciscanos, em viagem por mar ou rio, no trecho entre o Espírito Santo e o Rio de Janeiro

Ver Artigo
Surgem as Minas Gerais - Por Mário Freire

A quem descobrisse ouro ou prata, além do foro de fidalgo assegurara a propriedade das minas, com a obrigação apenas de pagar o quinto devido à Fazenda

Ver Artigo
Cessa o domínio dos descendentes do fundador - Por Mário Freire

Filho de Ambrósio de Aguiar Coutinho, era neto de Antônio Gonçalves da Câmara. Este fora casado com D. Maria de Castro, filha de outro Ambrósio de Aguiar Coutinho

Ver Artigo
Primeira metade do Século XVII – Por Mário Freire

Puderam os franciscanos ampliar, em 1637, a ermida da Penha, transformando-a em santuário; pouco depois, faziam o calçamento da ladeira

Ver Artigo
Segunda metade do Século XVII – Por Mário Freire

Os jesuítas, cuja rivalidade com os franciscanos era indisfarçável, tentaram apossar-se judicialmente do Santuário da Penha

Ver Artigo
Como se escrevia a história nos tempos de Maria Ortiz - Por Mário Freire

Maria Ortiz despejou um caldeirão de água fervente, no Almirante Pieter Pieterszoon Heyn, chefe da expedição holandesa

Ver Artigo
Finda o século XVI no Espírito Santo - Por Mário Freire

A “Capitoa e Governadora” do Espírito Santo; por morte de filho de igual nome do Fundador, coube a donataria, em 1589

Ver Artigo
Quando os Franciscanos e os Beneditinos chegaram - Por Mário Freire

Pedro Palácios em 1558, ergueu, uma pequena ermida a São Francisco; e iniciou mesmo a construção de uma capela, no alto pedregoso da colina

Ver Artigo
Primitivos Aldeamentos após a morte do 1º Donatário - Por Mário Freire

O desânimo que a todos ia empolgando, na Capitania, não atingia, felizmente, os jesuítas

Ver Artigo
Velhas Contendas - Por Mário Freire

A resolução régia de 1732 fez presumir ou considerar Campos pertencente ao Espírito Santo

Ver Artigo
Revoluções Liliputianas - Por Mário Freire

D. João V, que, indiferente aos protestos do povo, costumava repetir: "Meu Avô deveu e temeu; meu Pai deveu: eu não devo, nem temo"... 

Ver Artigo