Morro do Moreno: Desde 1535
Site: Divulgando desde 2000 a Cultura e História Capixaba

Primeiros times de Vila Velha

Troféus do Atlético Clube de Vila Velha

As partidas eram disputadas com equipes de Vitória e o acontecimento virava festa. As denominações das posições dos jogadores ainda se mantinham no inglês, a não ser as da linha de frente, que logo foram traduzidas para pontas esquerda e direita e meia esquerda e direita. A de center-forward só bem mais tarde passou para a de centro-avante. A linha média, constituída de half esquerdo e direito e center half, o centro médio ou laterais-esquerdo e direito avançados. A linha média hoje se confunde com os armadores e a linha de frente com um ou dois atacantes e, às vezes, até três. A zaga, de backs esquerdo e direito, um deles se jogar mais recuado é chamado de líbero. E o goalkeeper de goleiro.

Quanto às regras, permaneciam as denominações antigas: córner, escanteio; offside, impedimento; lateral, lateral mesmo; penalty, penalidade máxima; hand, mão; foul, falta; goal, gol, etc.

A vida do Clube Campos Salles teve duração efêmera, mas a equipe deixou suas marcas jogando contra os grandes plantéis da capital. Em certa ocaisão, numa disputa com o Vitória F.C., campeão da capital, botou terra nas suas comemorações, ao lograr vencê-lo nos seus próprios domínios. Foi um feito e tanto. Segundo nos contou Milton Caldeira, o poeta Mário Ferreira Queiroz, irmão de Carlos Queiroz, ficou tão entusiasmado que idealizou uma trovinha que passaria a ser cantada pelos torcedores canelas-verde. Era assim: “Campos Salles, Campos Salles,/ É um team de memória / [esqueceu o 3º verso] / Deu fumaça no Vitória”. Fumaça era gíria da época equivalente a surra, lavagem etc.

O troféu conquistado pelo Campos Salles era sui generis em se tratando de esporte e de uma partida de football, podendo antes destinar-se a uma exposição canina, servindo de prêmio ao mais bem colocado, principalmente se fosse uma cadela. Quem nos relata isso é Milton Caldeira: “Eu me lembro de ter visto, quando criança, na casa de Dario Araújo, na rua do Torrão, um troféu ganho pelo Campos Salles: uma cadelinha amamentando dois filhotes, em bronze ou imitação.” Isso nos leva a crer que Dario Araújo tivesse sido presidente do clube ou participado da sua direitoria.

O Campos Salles também revelou cracks. Carino Duarte de Freitas foi para o Vitória F.C., atuando como um dos seus mais importantes jogadores, goleador na posição de center-forward.

Mais tarde apareceram outros clubes de futebol. Um deles, sobre o qual pouco sabemos, era o Botafogo F.C., cujo campo de futebol tinha entrada pela rua Luciano das Neves, na Toca. O Vasco Coutinho F.C. atuou com a mesma formção entre os anos de 1931 e 1934. Quatro de seus integrantes ainda se encontram vivos: Milton Caldeira, Floriano Santos, Ernesto Vereza e Elmar Duarte. O plantel desse clube tinha os seguintes jogadores: Juca e mais tarde Odilon Amaral, goleiros; Ernesto Vereza, zagueiro direito; Elmar Duarte (Titiu), zagueiro esquerdo; Floriano Santos, Milton Caldeira e Moacyr Lofêgo, linha média; João Carneiro, Lindolphinho, Horácio, Joaquim e Rubens Rezendo (Bacalhau), atacantes.

Reis Novaes, já falecido, destacou a atuação de dois desses jogadores: do centro-médio Milton Caldeira e do centro-avante Horácio de Inhoá. Segundo ele, Milton Calderia dominava e passava a bola como um verdadeiro maestro, armando e alimentando jogadas. Do segundo jogador, Horácio de Inhoá, nos falou o próprio Milton Caldeira, que o apontou como um dos melhores centro-avantes que viu jogar. Rápido e de jogadas imprevisíveis, Horácio deixava a defesa e o goleiro adversário em polvorosa e quando menos se esperava a bola ia para o fundo da rede, ou, melhor dizendo, para o fundo do terreno, onde estavam assentadas as traves.

Antes ou depois do Vasco Coutinho muitos outros times despontaram em Vila Velha, como o Santos, o Leopoldina, o América de Aribiri, o Vila-velhense, mais tarde o Social, o Atlético, o Olímpico, o Ideal, o Tupi e tantos outros mais novos ou, quem sabe, mais velhos do que estes.

 

Fonte: ECOS DE VILA VELHA - 2001, Pag. 52/54
Autor: José Anchieta de Setúbal

Esporte na História do ES

Remo capixaba

Remo capixaba

Vitória era uma cidade sem atrativos no início do século, quando surgiram por aqui as primeiras práticas de modalidades esportivas

Pesquisa

Facebook

Leia Mais

Festas, regatas, futebol e carnaval - Por Luiz Buaiz com texto de Sandra Medeiros

Em 1921, ano em que Luiz Buaiz nasceu, crescia na cidade o interesse por futebol

Ver Artigo
Apresentação do livro Escritos de Vitória - Esportes

O esporte abre caminhos. No Brasil, por exemplo, onde a ascensão social é driblada pela má distribuição de renda, a prática esportiva é opção de muitos

Ver Artigo
Introdução do Livro Escritos de Vitória - Por Jorge Alencar

Estes Escritos de Vitória revelam traços de figuras de Vitória — de desportistas, na sua maioria, e não de literatos

Ver Artigo