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Rua Sete de Setembro (ex-rua da Várzea)

Rua Sete de Setembro vista do Morro da Fonte Grande

Partia da Prainha (largo da Conceição) e terminava na rua da Capelinha (atual Coronel Monjardim), hoje se alongando até a Fonte Grande. Foi por muitos anos apenas residencial, com uma ou outra casa de negócio, inclusive a padaria de seu Menininho Pessoa, as construções mais expressivas datando do primeiro meado deste século, sendo que, a partir da década de 60, passou a ser, também, artéria de importância comercial, ali se construindo vários edifícios.

A placa com a denominação de rua 7 de Setembro foi colocada pelo prefeito Antônio Pereira Lima, em 1922, quando das comemorações do centenário da independência do Brasil.

Até o governo de Florentino Avidos, que a saneou, apresentava constantes problemas, qualquer aguaceiro a deixava totalmente alagada, pondo em sobressalto seus moradores.

A Prefeitura Municipal de Vitória tinha sede aí, em construção sólida, de aspecto agradável, projeto do arquiteto J. Pitilick, com entrada também pela praça do trabalho (atual praça Ubaldo Ramalhete Maia). Encarregou-se de sua construção, em 1925, a firma Politi, Derenzi & Cia, vencedora em concorrência Pública, as despesas orçando em Cr$ 264.661,00, em moeda de hoje. Era prefeito, na ocasião, Otávio Índio do Brasil Peixoto, que se demorou no cargo de 1924 a 1928. Esse prédio, tão apreciado pelos vitorienses, foi demolido, sem justa razão, por determinação do senhor Chrisógono Teixeira da Cruz, então prefeito da cidade.

Residiram nessa rua, entre outras, as famílias Abaurre, Grijó, Proença, Pacheco, Pinto, Maurer, o historiador Mário Aristides Freire e André Carloni, sendo que nela se localizam, desde muito tempo, a Federação Espírita Francisco José de Melo, a Creche Menino Jesus e a Primeira Igreja Presbiteriana de Vitória.

O cronista Fernando Tatagiba, assíduo frequentador dessa artéria, referindo-se ao recente desaparecimento de uma lanchonete ali instalada, ponto de encontro de rapazes da própria rua e, também, dos que gostam de matar o tempo falando da vida alheia, escreveu:

 

"Após quinze anos de lirismo e de luzes, a Lanchonete Sete – situada na rua Sete de Setembro, um dos pontos mais frenético das cidade – fechou definitivamente suas portas.

Em seu interior – por mais de uma década – aconteceram inúmeros encontros e desencontros, beijos na fronte ou no horizonte, solitários encostados nos balcões, uma mulher esperou alguém que não veio.

A moda que perdurou longo tempo – a efervescência de grandes lanchonetes – talvez se encerre agora, fechando um ciclo.

A rua Sete nunca será a mesma.

Os homossexuais transeuntes não mais vislumbrarão as lâmpadas e as cores.

As mariposas já não terão onde pousar.

A solidão do calçadão.

 

 

II

 

É provável que a época deste tipo de estabelecimento tenha chegado ao fim. Os frequentadores habituais lamentam o fato, mas depois se conformarão.

Aconteceu anteriormente com a lanchonete Petrópolis, que acolheu em seu útero muitos bêbados, prostitutas, boêmios e passageiros da noite.

Ocorreu antes com a Rio Doce: no interior havia restaurante, padaria e balcões, além do ponto para o cafezinho.

E com a Canaã, na praça Costa Pereira: o chope escuro, o namoro na penumbra, os desamparados na porta sem terem para onde ir.

Para cada período houve um pouso, lar doce bar para os abandonados da sorte, os que moram sozinhos, os viventes em vagas de pensão, os solteirões.

Para cada pessoa houve uma pausam ninho sem estranhos e sem estradas, onde se amontoam as conversas diárias, um café e um cigarro.

 

 

III

 

A Lanchonete Sete chegou ao fim: o balconista Serrano não mais perguntará pelo pessoal da praça da alegria.

Por longos anos a lanchonete recolheu a todos: às vezes a chuva caindo lá fora.

Por longos anos expôs um painel de Vitória ainda cidade-menina.

Agora um banco, uma sapataria, lojas, ou um buraco transformará tudo: o painel antigo desaparecendo e com ele a mudança da cidade num lugar lúgrube, cada vez mais desumano e irreconhecível.

Sobrarão os escombros de Tubarão, o odor da Aracruz Celulose, o estalido do estaleiro, um pedaço do Penedo as ruas sujas.

Restarão talvez alguns versos de Otinho – poeta da rua Sete por excelência.

Restará provavelmente uma valsa, tocada paradoxalmente neste samba-enredo chamado Vitória.

Ficará, às vezes, quem sabe, um pedaço de balcão para que um boêmio faça dele um violão".

 

Fonte: Logradouros Antigos de Vitória, 1999
Autor: Elmo Elton
Walter de Aguiar Filho, maio/2012 

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