Morro do Moreno: Desde 1535
Site: Divulgando desde 2000 a Cultura e História Capixaba

Um autor corrige outro – Por Frei Apolinário da Conceição, OFM

Convento de São francisco, 1910

Frei Apolinário não era sacerdote e sim irmão, embora dotado de boa inteligência. Nascido em Lisboa a 23 de julho de 1692, emigrou com a família para o Brasil, onde tomou o burel seráfico aos 3 de setembro de 1711. Conhecido os seus dotes, foi destacado em Lisboa como procurador da província da Imaculada Conceição, em 1724, reunindo a este cargo o de cronista da própria província em 1740, em virtude das obras já então publicadas. Frei Diogo de Freitas conta nada menos de 18 obras do esforçado cronista, entre as quais se destaca “Pequenos na terra, grandes no céu” na qual trata de 2.412 irmãos franciscanos que se notabilizaram por suas virtudes e boas obras ou pelo martírio. Faleceu Frei Apolinário no Brasil, em data ignorada, mas não antes de 1759.

Frei Apolinário da Conceição, OFM irmão da Província da Imaculada Conceição do Brasil, mas residente em Lisboa, deixou entre outras obras impressas um manuscrito EPÍTOME, dedicando-o em 1730 ao seu ex-provincial Frei Fernando de Sto. Antônio. Ocupando-se longamente de Frei Palácios, corrige por fim o equívoco ocorrido no Agiológio Lusitano que já citamos anteriormente. Demonstra a respectiva passagem quanto os nosso cronistas franciscanos estimavam a correta reprodução dos dados biográficos dos seus antepassados na vinha do Senhor.

Fonte: Frei Apolinário da Conceição, OFM Epítome do que em breve suma contém a Sta. Província de N. Sra da Conceição... Lisboa 1730 (MS), págs. 84-87.

O autor do Agiológio Lusitano, no 3º tomo a dois de maio, diz que quando os moradores o (a Frei Palácios) acharam morto, estava já a cova aberta na capela mor, onde o sepultaram à sombra da Rainha dos Anjos. Continuando com a notifica afirma que na sua sepultura se lia o seguinte epitáfio: Sepultura do Sto. Fr. Pedro Palácios natural do Rio Seco em Castela fundador desta ermida que assim na vida, como depois da morte, floresceu com milagres. Faleceu, na era de 1575”.

Esta notícia encontra as que temos nas nossas memórias, consta da inquirição e nos dá o mesmo autor no seu primeiro tomo a dezoito de fevereiro em que trata da transladação que se fez dos ossos deste servo de Deus para o Convento de São Francisco da Vila da Vitória onde diz que faleceu no ano de 1570. Esta parece ser a verdade porque além das outras memórias se colhe da carta do venerável Pe. Anchieta escrita no ano de 1572, na qual o declara já morto. Pois, diz que vivera e morrera santamente.

É também falso o dizer que o enterraram à porta da capela da Senhora, onde morrera; porque o certo é que o seu ditoso transito foi na ermida de São Francisco que é outra distinta da que fundou para o culto da Senhora. E sua sepultura foi no lugar que então servia de alpendre (do Santuário).

No ano de 1609, sendo guardião deste Convento (de Vitória) de que tratamos o Pe. Frei Antônio da Estrela, este com o parecer da comunidade e beneplácito dos moradores da vila transladou ou ossos do venerável Frei Pedro Palácios da ermida que esteve até esse tempo enterrado para o Convento de Nosso Pai da Vila de Vitória, com toda a solenidade a 18 de mês de fevereiro onde lhe deu honorífico túmulo de pedra, na capela de S. Boaventura.

Ignoramos a causa. Talvez seria querer guardar com mais segurança este precioso tesouro por não estar ainda fundado o Conventinho da Penha. Logo Deus Senhor Nosso quis confirmar com milagres a opinião que todos tinham deste seu servo, porque estando na enfermaria um corista gravemente enfermo, o Guardião com grande fé nos seus merecimentos lançou-lhe ao pescoço uma pequena arte de um osso de sua organização. E repentinamente se viu restituído à posse de sua saúde.

Divulgou-se logo este milagre pela vila e quatro pessoas que nela também estavam perigosamente doentes de febres e maleitas, aproveitando-se da mesma medicina conseguiram venturosamente o mesmo prodigioso efeito. E são inumeráveis os favores que muitos alcançam pelos merecimentos deste seu bom servo.

 

Fonte: Antologia do Convento da Penha, ano 1974
Autor: Frei Venâncio Willeke O. F. M.
Compilação: Walter de Aguiar Filho, setembro/2015

Convento da Penha

Convento da Penha – Transferido para a Mitra, 1898

Convento da Penha – Transferido para a Mitra, 1898

Dom Fernando de Souza Monteiro, resolveu então, contratar o artista francês Augusto Roner para raspar, envernizar e dourar tudo, conforme o estilo da obra

Pesquisa

Facebook

Matérias Relacionadas

O Pregador do Evangelho – Por Frei Antônio de Sta. Maria Jaboatão, OFM

Frei Antônio de Sta. Maria Jaboatão, OFM (1695-1779), compôs a sua famosa obra NOVO ORBE SERÁFICO BRASÍLICO, em meados do século XVIII

Ver Artigo
Carta de Pe. Anchieta sobre Frei Pedro Palácios

Ao pé do Convento fez uma casinha pequenina à honra de São Francisco, na qual morreu com mostras de muita santidade

Ver Artigo
Frei Vicente do Salvador , O.F.M. e a Penha do Espírito Santo

Há muito bom açúcar e algodão, gado vacum, e tanto mantimento que lhe chamava o mesmo Vasco Fernandes o meu vilão farto

Ver Artigo
O Penitente Frei Palácios – Por Frei Manuel da Ilha, OFM

Tendo recebido do menino a vela acessa, ajoelhou-se na sua sela perante o altar do Pai São Francisco que lá se achava construída

Ver Artigo
As maravilhas da Penha – Por Joaquim José Gomes da Silva Neto

A imagem de Nossa Senhora da Penha, encomendada por Frei Pedro Palácios em Portugal e inaugurada em 1570

Ver Artigo
Pe. Jorge Cardoso trata de Frei Palácios

Pe. Jorge Cardoso (1606-1669), dedicou-se publicando a sua imortal obra “Agiológio Lusitano dos Santos e varões ilustres em virtude do reino de Portugal e suas conquistas.”

Ver Artigo
A Serra da Arrábida - Frei Agostinho da Cruz, OFM

Descubra o segredo porque Frei Palácios escolheu o morro da Penha para nele prosseguir a vida contemplativa

Ver Artigo
Jesuítas em Romaria à Penha – Por Pe. Fernão Cardim, S.J.

Acompanhado de alguns confrades, o Pe. Fernão Cardim, S.J subiu à Penha aos 30 de novembro de 1584, relatando suas impressões

Ver Artigo