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Vila Velha, cidade nova

Momento da ligação de Vitória à Vila Velha pela 3ª Ponte

Em Vila Velha, todos concordam que a Terceira Ponte reavivou a cidade. Ela vinha cansada por décadas de congestionamentos nas duas primeiras pontes. De repente, a partir de agosto de 1989, as praias do Canto e da Costa se tornaram próximas, permitindo trabalhar numa cidade e morar na outra, incluindo a volta para o almoço.

Perto de completar 80 anos, o ex-senador carioca Mário Martins, residente em Vila Velha desde 1979, chega ao requinte de estabelecer uma nova categoria para a cidade. Antes, era cidade-dormitório. Agora, é uma cidade residencial. A diferença, explica ele, é que antes da Terceira Ponte muitos habitantes de Vila Velha só voltavam à noite, para dormir. Agora, muitos dos que trabalham em Vitória almoçam em casa. Passaram a viver a cidade de dia, ao longo da semana. A ponte rodoviária estabeleceu uma ponte humana praticamente desconhecida em Vila Velha, cidade com longa tradição em isolamento, busca e espera.

Esquecidos nos primóridos do Espírito Santo, Vila Velha sobrevivieu ao trauma dos primeiros anos, quando a maior parte de sua população fugiu para a Vitória como meio de sobreviver aos índios. Abandonada à própria sorte, ficou à mercê de índios e piratas. E dos pernilongos.

Em 1828, quando o Espírito Santo emergia de 300 séculos de letargia, Vila Velha (então denominada Espírito Santo) tinha apenas 1.250 habitantes. Era menor do que Nova Almeida, com 1.734, ou do que Itapemirim, com 1.835. E nem chegava aos pés de Vitória, 12.704.

Durante mais de 400 anos, Vila Velha manteve-se enrodilhada ao redor da Prainha, onde aportara o fundador Vasco Coutinho, em 1535 - no mês de maio, sob o signo mágico da constelação de Gêmeos.

A mais antiga vila do Espírito Santo estava predestinada ao segundo plano. A vila velha derrotas e a vila nova da vitória são como irmãs, as duas forças do mesmo processo, o positivo e o negativo, que se aliam e se completam em busca de uma integridade que se rompeu nas origens remotas do território. Por isso, mais até do que as duas primeiras pontes, a Terceira Ponte promoveu o reencontro das vilas que cresceram desiguais, apesar de próximas, e permanecem unidas, a despeito de diferenças e rivalidade abertas pelo tempo. Hoje, a cordialidade emntre Vila Velha e Vitória praticamente jogou no esquecimento o antigo apelido dos vila-velhenses, chamados de "canelas-verdes" - segundo uma versão - porque as águas da Prainha, onde encostavam os barcos, eram cheias de limo que grudavam na perna dos passageiros, quando eles saltavam ao largo. Muitos vila-velhenses desconhecem esse apelido, cujas origens se perderam no tempo. A mais antiga explicação para o apelido canela-verde encontra-se num livro do final do século XVI. Segundo o historiador Miguel Kill, da UFES, nessa obra o autor assinala que os soldados estacionados na Vila Velha usavam calças de cor verde.

Essa versão faz sentido porque os soldados sempre fizeram parte da paisagem da cidade. O Exército foi a instituição mais importante de Vila Velha, durante seus quatro primeiros séculos de existência. A única instituição vila-velhense a lhe fazer sombra, ao longo do tempo, foi o Convento da Penha, construído entre 1558 a 1570. Neste século, Vila Velha assitiu ao surgimento de outras atrações, algumas já desaparecidas, como o bonde, que se tornaram referências básicas na geografia da cidade. Uma delas é o serviço de lanchas, que continua a desafiar tantas quantas forem as pontes entre Vitória e sua irmã mais velha. Outra, criada em 1929, é a fábrica de chocolates Garoto, talvez o primeiro produto industrial capixaba a provar que o Espírito Santo não era só café e madeira.

Apesar de se ter tornado, em anos recentes, uma das maiores cidades do Espírito Santo, Vila Velha não possui certos ingredientes comuns em cidades menores. Ela não tem times na primeira divisão do futebol - já teve o Atlético, o Vila-Velhense e o Vasco Coutinho. Tampouco possui um jornal diário. E sua longa história praticamente não está registrada por escrito, como convém às cidades históricas.

 

Fonte: A GAZETA, 30 de dezembro de 1992

 


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