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Gilberto Mota, Dadaio Miranda e o Almoço

Capa do Livro Estórias de Boêmios e Outras Estórias

Como já contei anteriormente, o Gilberto Mota era um incrível gozador e pregador de peças. Um dia, o Dadaio Miranda, estava sentado no Bar Brahama, no Rio de janeiro, bar esse que ficava embaixo do Ed. Avenida, onde hoje se ergue o Edifício Avenida Central, na Av. Rio Branco ou Av. Central. (Antigo nome).

Nesse Ed. Avenida, ficava embaixo também, em frente ao Bar Brahama a famosíssima Galeria Cruzeiro onde pontificava o chamado Relógio da Galeria. Essa Galeria pode se dizer era o ponto de encontro de todo o Rio daquela época, você queria marcar um encontra com um amigo era só dizer: — As tantas horas na Galeria, embaixo do Relógio. Era um relógio grande, redondo, desses antigos, pregado na parede e onde os bondes que vinham de Ipanema e Copacabana, paravam, para soltar todos os passageiros, pois dali da galeria ele voltaria para a Zona Sul do Rio, ou seja, Copacabana, Ipanema, Botafogo, Flamengo, etc.

O Dadaio, como já disse acima estava sentado, tomando seu chopp , quando apareceu o Gilberto Motta, sentou na sua mesa, e conversa vai, conversa vem, o Gilberto convidou o Dadaio para irem almoçar na Taverna Azul, restaurante caro, que ficava nos fundos do Ed. Avenida, dando para o Largo da Carioca.

O Dadaio virou-se e disse:

— "Gilberto, eu estou só com 5$000 (cinco mil reis) no bolso, como é que vou almoçar no Taverna Azul? Qualquer refeição lá vai a uns 100$00 (cem mil reis)!?"

Mas o Gilberto retrucou: — Dadaio você é meu convidado, a despesa é por minha conta!"

E foram. O Gilberto escolheu uma mesa no meio do restaurante. Isto era mais ou menos meio dia. Mandou vir logo uma garrafa de vinho francês, e mais outra, maionese de lagosta, filé mignon com não sei o que, e vem mais vinho, e o Dadaio comendo e bebendo como nunca na vida. Lá pelas tantas, o Gilberto levantou-se e falou ao Dadaio que ia dar um telefonema.

O tempo começou a passar e nada do Gilberto voltar. Nisto entra um garoto, vendedor de bilhetes de loteria, e oferece um ao Dadaio. Dadaio recusou. E já eram umas três horas da tarde, nada do Gilberto aparecer, e ele já começando a suar frio, nervoso, pediu mais uma garrafa de vinho, e começou a matutar, enquanto bebia, como é que ia sair daquela situação, pois ninguém o conhecia no restaurante, era a primeira vez que lá entrava. E o garoto vendedor de bilhete de loteria, entrou novamente oferecendo ao Dadaio um bilhete de loteria e ele mandou-o pros infernos.

E Dadaio já meio cheio, olhava para um lado e outro, com esperanças de que em algum momento não ter nenhum garçom no salão e ele pudesse dar o fora, por uma porta que tinha no outro lado da porta principal do Taverna Azul, porta essa nos fundos que dava para o Largo da Carioca. Mas sempre tinha um garçom perto da sua mesa. Mas felizmente pra ele — pensou Dadaio — chegou um momento em que não havia nenhum garçom nem maitre no salão: — É agora!!!

Levantou-se meio bambo, e dirigiu-se rápido para a porta dos fundos.

Quando abriu a porta e já estava com os pés do lado de fora, já na calçada, lá estava um "maitre", esperando-o e que lhe disse:

— "Sr. Dadaio, o Sr. não precisava sair aqui do Restaurante, assim, fugindo! Saiba o Sr. que quando o Sr. Gilberto Motta, saiu daqui avisou-nos que toda a despesa dele e a sua era por conta dele. Ele é nosso freguês antigo e a palavra dele é uma ordem".

O que o Dadaio, xingou e soltou palavões a respeito do Gilberto e família não está na Enciclopédia Britânica!

PS. O garoto que a toda hora vinha oferecer bilhetes de loteria ao Dadaio, também era a mando do Gilberto Motta ... e os garçons e maitres já tinham recebido instruções do Gilberto para procederem daquela maneira...

 

Fonte: “Estória de Boemios e Outras Estórias” - 1978
Autor: Helio de Oliveira Santos
Compilação: Walter de Aguiar Filho, março/2019

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