Morro do Moreno: Desde 1535
Site: Divulgando desde 2000 a Cultura e História Capixaba

Gilberto Mota e os Ovos - Por Helio de Oliveira Santos

Capa do Livro Estórias de Boemios e Outras Estórias

Como já contei atrás duas estórias do Gilberto Mota, vocês já perceberam como ele era, amante das boas coisas da vida e gozador. Era também um sujeito que não gostava de se incomodar com nada. Basta dizer, que quando vinha à Vitória, de navio, nos famosos Itas, ou também no famoso "noturno" da Leopoldina, que saia para o Rio, as 10 horas da manhã, portanto "diurno", ele só carregava, fora a roupa do corpo, uma maleta, com escova de dentes, pente e uma ou duas gravatas.

No dia da sua chegada ou no dia seguinte ele ia na primeira camisaria e comprava uma camisa nova, uma meia, cuecas, lenço, tudo novo. A que ele tinha usado na véspera ele dava de presente a qualquer empregado do hotel. E assim cada dia ele comprava, as roupas intimas necessárias e dava as usadas para os empregados do hotel. O terno era o mesmo.

Gilberto Mota tinha um conhecido, um roceiro que tinha uma pequena granja, onde criava galinhas, lá para os lados de Cariacica. Sempre que esse roceiro sabia que o Gilberto estava em Vitória perguntava ao mesmo quando ele voltaria para o Rio, pela Leopoldina. Isto porque, a mãe do roceiro morava no Rio, em Jacarepaguá e ele então juntava uns ovos de sua granjinha, para remeter pra sua mãe, por intermédio do Gilberto.

Quando Gilberto chegava a Estação da Leopoldina, lá estava o seu velho conhecido, o granjeiro, com o indefectível embrulho, com os ovos, com o pedido de sempre:

— "Seu Gilberto, o Sr. pode levar estes ovos e entregar a minha mãe, lá em Jacarepaguá?"

O Gilberto prometia. Quando o trem começava a se locomover, ele, pela janela entregava o embrulho, com os ovos ao primeiro sujeito que passasse por ele na estação.

Chegando ao Rio, no dia seguinte, e já no escritório, ele chamava o boy e dizia: — "Vá na quitanda compre tantos ovos e vá entregar nesse endereço, lá em Jacarepaguá".

A mãe do roceiro, recebendo os ovos escrevia ao filho agradecendo-o e enviando sua benção.

Ela morreu, e o filho granjeiro também, sem ela e ele saberem que os ovos eram comprados numa quitanda no Rio...

Vocês já viram tudo: Se o Gilberto era um sujeito que quando viajava, não levava bagagem nenhuma para não se amolar, ia levar embrulho com ovos para o Rio?

Não era mais prático, para ele fazer como fazia?

 

 

Fonte: “Estória de Boemios e Outras Estórias” - 1978
Autor: Helio de Oliveira Santos
Compilação: Walter de Aguiar Filho, março/2019

Estórias de Boêmios - Por Hélio de Oliveira Santos

Plinio Bruzi e a Cabeça - Por Helio de Oliveira Santos

Plinio Bruzi e a Cabeça - Por Helio de Oliveira Santos

Plinio Bruzi hoje aposentado da Prefeitura de Vitória, figura conhecida, de tradicional família, irmão do Afrânio Bruzi e do Nilo Bruzi

Pesquisa

Facebook

Leia Mais

Dadaio Miranda e Zé Gordinho - Por Helio de Oliveira

Estávamos no Bar Globo, isto lá pelas 10 horas da manhã, tomando nossos aperitivos, eu, Dadaio Miranda, Zé Gordinho, o Júlio Teixeira da Cruz, Mario Cezar Fundão

Ver Artigo
Tipos populares de Vitória antiga

Rainha das FloresAgapitoMeio-FioOtinhoDr. AgaDeixa que eu ChutoPé de Chumbo.

Ver Artigo
Gilberto Mota e os Ovos - Por Helio de Oliveira Santos

Gilberto Mota tinha um conhecido que criava galinhas, lá para os lados de Cariacica

Ver Artigo
Francisco de Paula Nei - O maior dos boêmios

O professor, Visconde de Saboia, deu-lhe um tremendo 0, e mandou-o retirar-se da sala

Ver Artigo