Morro do Moreno: Desde 1535
Site: Divulgando desde 2000 a Cultura e História Capixaba

Praça Costa Pereira (ex-largo da Conceição)

Praça Costa Pereira na década de 1920.

Era conhecida por Prainha, antes da ereção da igreja de Nossa Senhora da Conceição, templo freqüentado sobretudo por pescadores. A igreja foi demolida no governo de Moniz Freire, para a construção do Teatro Melpômene, inaugurado a 22 de maio de 1986 pela Companhia Espanhola Julia de Plá, com a opereta de A Mascote, seguida pela Sinfonia de O Guarani. “A Companhia permaneceu, em Vitória, alguns meses, mas depois de algumas representações, caiu no desagrado do público”, sendo que, para salva-lá do fracasso, Ubaldo Rodrigues escreveu a peça teatral Ontem e Hoje, em que abordava as rivalidades entre caramurus e peroas, conseguindo “casas repletas, com espetáculos diariamente repetidos”.

Mais de dois terços da praça eram banhados pelo mar, máxime nas marés cheias, que entravam pelos vazios das ruas de Oriente (atual Barão de Itapemirim), General Câmara e São Manoel, verdadeiros becos infectos, os dois últimos desaparecidos de 1922 a 1924, quando da ampliação do logradouro e abertura da avenida Capixaba. O aterro se fez aos poucos, gradativamente. A princípio, isto é, após a designação de largo da Conceição, a praça passou a denominar-se Costa Pereira. Em 1922 o prefeito Antônio Pereira Lima mudou-lhe o nome para Praça da Independência, ficando assim conhecida, pelo menos, até os anos 60, época em que voltou á sua designação anterior.

Anote-se que seu verdadeiro construtor foi o engenheiro Moacir Avidos, quando secretário da Agricultura, Viação e Obras e diretor dos Serviços de Melhoramento da Capital, datando de 23 de maio de 1928 sua inauguração definitiva, com o descobrimento dos bustos de Florentino Avidos e Moniz Freire. Mais tarde, dois outros bustos foram ali colocados os de Afonso Cláudio e Jerônimo Monteiro, ambos esculpidos pelo artista italiano Carlos Crepaz.

Os primitivos ajardinamento e arborização, projetados e executados por Paulo Motta, sofreram, com o decorrer do tempo, muitas modificações, alterando-se disposição dos canteiros, assim como feitos novos plantios de árvores. O logradouro, nos anos 40, ganhou pequeno lago artificial.

A praça, á época em que era conhecida como Praça da Independência, foi ponto de footing da melhor sociedade vitoriense, sendo que, circulando a calçada externa, de um lado caminhavam os rapazes, de outro as moças, que assim flertavam, entabulavam namoro, resultando, desses encontros, muitos casamentos. Os pais se assentavam no centro da praça, em bancos de madeira colocados sob árvores copados, sempre atentos aos namoros dos filhos. As crianças, ao redor, brincavam de roda, também de outros folguedos. A banda da Polícia Militar fazia animadas retretas no local, especialmente aos sábados, domingos e feriados.

Houve tempo em que a casa de pasto do Rocco Ferrer, aí instalada, oferecia aos fregueses suculentas macarronadas, além de grande variedade de massas, daí que muito procurada pelos italianos radicados em Vitória ou vindos do interior. Era um nadinha o preço cobrado por essas refeições.

Dos prédios que ladeavam a Costa Pereira se destacavam o Hotel Império, em cujo térreo funcionava o Café Estrela, a CBFL (atual Escelsa), a Casa Madame Prado, a sede do Clube de Regatas Álvares Cabral, o Café Avenida, A Simpatia, onde se tomava o melhor caldo de cana da cidade, a Casa Busatto, que negociava móveis, a sorveteria Pinguin, sendo ali construído, fronteiro á praça, o Teatro Carlos Gomes, inaugurado a 5 de janeiro de 1927, com a peça Verde e Amarelo, de Patrocínio Filho, representada pela companhia Tan-Tan. Deve-se essa formosa construção, iniciada em 1925, a André Carloni, tido como Mecenas capixaba, que custeou quase toda a obra, recebendo, na ocasião, apenas pequena ajuda do governo. As colunas de ferro fundido, finalmente lavradas, que sustentam os camarotes, pertenceram antes ao Teatro Melpômene.

A Praça, a partir dos anos 50, deixou de ser ponto referido da sociedade, vulgarizou-se, tornando-se, durante o dia, local de vendedores de bugigangas, e, á noite, de encontros duvidosos.

O prefeito Ferdinand Berredo de Menezes, em 1983, reformou-a, deu-lhe novos canteiros, nova iluminação, proibindo ali a presença de camelôs, também de outros vendedores ambulantes, de forma que o logradouro, de então em diante, passou, sobretudo á tarde, a ser freqüentado mormente por cidadãos idosos, aposentados, que, sentados em bancos ia agora de concreto, conversam, recordando, naturalmente, figuras, coisas e fatos de uma Vitória, tranqüila e bela, que o progresso vai desfigurando, de ano para ano.

O patrono da praça, José Fernandes da Costa Pereira Júnior (1833_1889), fluminense, foi presidente da província do Espírito Santo, no período de 10 de janeiro de 1860 a janeiro de 1863. Conselheiro do império, ministro da Agricultura gabinete de 7 de março de 1871, presidido pelo Visconde do Rio Branco. Patrono da cadeira nº7 da Academia Espírito-Santense de Letras.

 

Fonte: Revista do instituto histórico e geográfico do Espírito Santo – Nº44, ano 1994 
Autor: Elmo Elton
Compilação: Walter de Aguiar Filho, julho/2014

Bairros e Ruas

Rua 23 de Maio

Rua 23 de Maio

Era considerada, até os anos 40, como ponto nobre da cidade. Teve belas residências, destacando-se sobretudo a Vila Oscarina, palacete de propriedade de Antenor Guimarães

Pesquisa

Facebook

Matérias Relacionadas

Avenida Jerônimo Monteiro (ex-rua da Alfândega)

Atualmente, é a principal artéria central de Vitória. Chamou-se, antes, Rua da Alfândega, sendo que, em 1872, passou a denominar-se Rua Conde D'Eu

Ver Artigo
Avenida Florentino Avidos (ex-rua do comércio)

A primitiva rua do Comércio, que data do século XVII, tinha começo na General Osório e ia até o cais Schmidt

Ver Artigo
Praça Misael Pena (ex-praça do Quartel)

A 1945 a Praça do Quartel passou a denominar-se Misael Pena, tendo o prefeito Carlos Von Schilgen, em 1982, inaugurado nessa área um jardim em substituição à Estação Rodoviária 

Ver Artigo