Morro do Moreno: Desde 1535
Site: Divulgando desde 2000 a Cultura e História Capixaba

Praia do Suá

Acervo: José Tatagiba

No começo do século XX, pescadores portugueses, originários de Povoa do Varzim, que moravam na Capixaba, bairro de Vitória, insatisfeitos com o problema das correntes marítimas no canal da baía, ocuparam os terrenos baldios do Suá. Ali construíram suas casas de estuque, e, coordenados pela Colônia de Pesca Z 2, passaram a viver da pesca.

Fixava-se assim, desde os primórdios, a vocação pesqueira do futuro bairro. A linha de bondes (ferro-carril), inaugurada em 1912, facilitaria a vida desses pioneiros.

Luiz Derenzi dá o ano de 1906 para início da ocupação dos lotes da Praia do Suá. É o mesmo ano citado em depoimento de Eugênio Rodrigues: “Eles (os pescadores) moravam na Capixaba. Depois é que vieram aqui para a praia. Isso, diz o pessoal, foi em 1906. Eles fundaram a Praia do Suá. (...) Sempre foram pescadores. Quando vieram para o Brasil, vieram de Portugal.”

Além das dificuldades oferecidas pelas correntes marinhas do canal da baía de Vitória, Eugênio Rodrigues acrescenta outro motivo para a transferência dos pescadores para a nova colônia: “Aqui era mais perto da barra.”

Havia cerca de quarenta famílias portuguesas cujos chefes se dedicavam à pesca em alto-mar. Segundo os moradores mais antigos, os mais conhecidos foram o Torquato (José Francisco Marques), David de Maio, João Capuchinho, João Ribeiro, Eugênio Reis, Mário Cisteiro, Antônio Paes, o Belmiro, João Varanda, David Fanguetro, João Rodrigues da Silva, o Stoco, o Alvarenga, o Lavradeira e Antônio Varanda.

É natural que, no seio dessa comunidade de pescadores de origem portuguesa, a devoção por São Pedro se constituísse um traço marcante de uma tradição muitas vezes secular.

Foi através de Portugal que o culto a São Pedro entrou fortemente na terra brasileira, enraizando-se junto aos que, nas diversas povoações marinhas que se formaram na costa brasileira, no período colonial, viviam do mar e da pesca.

A comunidade de pescadores lusitanos que se assentou na Praia do Suá, naturais de Povoa do Varzim, região do Minho, não fez, portanto, exceção à regra e pode-se afirmar que foi graças a este fundo de cultura, associando tradição religiosa e atividade pesqueira, que a Festa de São Pedro se cristalizou como evento de bairro – festa de lugar onde o mar em enseada era porto de barcos, pouso de redes e repouso de pescadores.

Vale esclarecer que não se deve confundir os pescadores portugueses, que fundaram a colônia, como uma leva de artesãos navais, também portugueses, que iniciaram no estaleiro do Suá, por volta de 1950, uma empresa construtora de barcos, tendo o apoio do Governo do Estado.

 

Fonte: Festa de São Pedro na Praia do Suá
Autores: Luiz Guilherme Santos Neves/ Renato Pacheco/ Léa Brígida R. de A. Rosa.
Compilação: Walter de Aguiar Filho, fevereiro/2012 

 

LINKS RELACIONADOS:

>> Bairros da Grande Vitória

Bairros e Ruas

Vila Rubim

Vila Rubim

A Cidade de palha, sítio do Dr. Leopoldo Cunha, era composta de casas de sapé. Talvez a primeira favela de Vitória

Pesquisa

Facebook

Leia Mais

Arrabaldes de Vitória - Os 10 mais frequentados por Eurípedes Queiroz do Valle

Primitivamente a expressão significava o habitante desse arrabalde. Passou depois a significar os que nascessem em Vitória. Hoje é dado a todo espírito-santense

Ver Artigo
Centro de Vitória

Palco de batalhas ferrenhas contra corsários invasores, espaço para peladas de futebol da garotada, de footings de sábados e domingos, praças, ladeiras e ruas antigas curtas e apertadas, espremidas contra os morros — assim é o Centro de Vitória

Ver Artigo
Cercadinho – Por Edward Athayde D’Alcântara

Ao arredor, encosta do Morro Jaburuna (morro da caixa d’água), ficava o Cercadinho

Ver Artigo
Avenida Jerônimo Monteiro (ex-rua da Alfândega)

Atualmente, é a principal artéria central de Vitória. Chamou-se, antes, Rua da Alfândega, sendo que, em 1872, passou a denominar-se Rua Conde D'Eu

Ver Artigo
Poema-passeio com Elmo Elton - Por Adilson Vilaça

“Logradouros antigos de Vitória” sempre me impressionou. Mais de década depois, eu faria a segunda edição desta obra pela Coleção José Costa, dedicada à memória e história da cidade, e que foi por mim criada na década de 90

Ver Artigo