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Benevente

Foz do Rio Benevente, Anchieta

A baía de Benevente é larga, rasa e aberta. Navios de mais de dez pés de calado não podem chegar a uma milha da praia, mas podem ancorar a alguma distância fora dela, em quatro braças e meia, orientando-se pela última quarta lés-sueste e pela casa mais visível do lugar, norte por nordeste.

A povoação está situada no lado direito da foz de um rio que deságua no mar. Fica, em sua maior parte, em terreno baixo, com exceção da igreja e de um prédio junto a ela, que aparentemente foi um mosteiro, apesar da parte mais baixa estar agora transformada em prisão. Ficando a outra parte da vila quase no mesmo nível do rio, as ruas, que antes devem ter sido parcialmente calçadas, são hoje uma sucessão de poças de algo que deve ter sido água um dia. As casas estão, em grande número, em triste estado de decadência, sendo algumas restos de belos edifícios, com cortinas, persianas e entalhes de madeira.

Vários pequenos navios estão no estaleiro, e muitos barcos costeiros comerciam os produtos das fazendas situadas rio acima. O suprimento é abundante e de fácil obtenção; mas como é trazido do interior, é preciso uma antecedência mínima de um dia no pedido. O rio é navegável por canoa até das milhas além da vila, encontrando-se boa caça em suas margens. No ponto extremo da baía existe um recife chamado Ponta do Cormorant, por ter o vapor Cormorant encalhado ali.

O relevo da costa entre o cabo São Tomé e Guarapari é baixo; mas quarenta milhas para o interior se ergue uma cadeia de montanhas de talhe o mais rebuscado. Entre esses montes e a costa há extensas florestas de madeira de boa qualidade, principalmente pau-rosa, habitadas por índios vivendo em estado de barbárie. Diz-se que eles ocasionalmente se casam com colonos e que em certas estações do ano visitam as fazendas a fim de trabalhar, sendo pagos sobretudo com cachaça, bebida alcoólica local, semelhante à aqua ardente. Poderíamos deduzir, entretanto, que esses selvagens nem sempre visitam a civilização com tão amistosos motivos, mas são frequentemente seduzidos pela esperança de saque. Os habitantes do litoral vivem principalmente da pesca, e quando nossos navios de guerra navegavam nessas águas para reprimir o tráfico de escravos, as pessoas entravam em aflição, impedidas de fazer-se ao mar em suas canoas devido à proximidade dos navios. Laranjas e bananas, entretanto, são encontradas aí em abundância, e com elas os brasileiros conseguem sobreviver, à falta de outro alimento.

 

Fonte: Ingleses na costa – Impressões de um aspirante de marinha sobre o Espírito Santo em 1851.
Autor: Edward Wilberforce
Compilação: Walter de Aguiar Filho, dezembro/2010 

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