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A Enchente de 1960 - José Anchieta de Setúbal

Vila Velha vista do Convento da Penha, com destaque para o Colégio Marista, 1960

Em março de 1960 Vila Velha sofreu uma das maiores enchentes da sua história, dentre as incontáveis que se registravam anualmente, com o transbordamento das águas do Rio Jucu. Mais famosa do que essa só a enchente centenária, ocorrida no ano de 1935. No entanto, a enchente de 1960 se destacou em relação à anterior porque as regiões afetadas com a subida das águas estavam mais povoadas, o que exigiu das autoridades imediatas providências para socorro dos flagelados.

O Grupo Escolar Vasco Coutinho suspendeu as atividades para alojar as vítimas da enchente. O prefeito da época Tuffy Nader, decretou estado de calamidade pública, tomando as medidas cabíveis para o caso em socorro à população. O povo mobilizou-se fornecendo colchões, agasalhos, alimentos, etc. O Comando de 3º BC colocou homens e viaturas à disposição para ajudar nos salvamentos, responsabilizando-se também pelo fornecimento de refeições diárias aos desabrigados alojados no Grupo Escolar.

Vila Velha, por assim dizer, ficou embaixo d’água. Numa visão panorâmica do alto do Convento até à beira das partes altas do loteamento Praia da Costa, abrindo em leque no sentido sul – um só lago a perder de vista na imensidão das suas planícies, interrompido por algumas elevações e pela faixa do litoral. Era muita água e nela se podia mesmo navegar com embarcações de pequeno porte.

O furor das águas tornara caudaloso o rio da Costa, principalmente sob a ponte Nova. O vão sob a ponte, cada vez mais pressionado por redemoinhos que forçavam para o outro lado, tornou-se impotente, sendo arrancado da sua base em meio a formidável estrondo. Com a queda da ponte Nova virou-se mais uma página da história de Vila Velha, cujos moradores perderam importante via de comunicação com a Praia da Costa. Alguma providência urgente deveria ser tomada para restabelecer, mesmo que provisoriamente, tão importante elo de ligação.

Para isso a Prefeitura contou com a participação sempre solícita do saudoso companheiro de Rotary e ex-governador do nosso distrito, Roberto Viana Rodriguez. Engenheiro civil e diretor do DNOS – Departamento Nacional de Obras e Saneamento – que executava uma obra no canal cortando o rio da Costa para, encurtando-lhe o percurso, facilitar o escoamento das águas até o mar, engendrou este homem público uma ponte sustentada por cabos de aço, colocando-a no lugar da que fora destruída, até que se estabelecesse uma passagem definitiva.

Outras providências foram adotadas para que tal desastre não se repetisse. No rio Jucu foram realizadas obras para contenção de suas águas, como a construção de dique de terra batida no local sujeito a transbordamentos, uma espécie de estrada que as águas desse rio, mesmo durante as enxurradas mais fortes, não ousariam transpor.

Essa importantíssima obra exige constantes monitoramentos e cuidados, pois se uma chuva forte e intermitente forçasse o rompimento do dique, certamente centenas de milhares de pessoas ficariam desabrigadas ou isoladas em suas moradias. Seria o maior flagelo por que passariam Vila Velha e o Estado do Espírito Santo.

Passado o furor da enchente e desfeitas as medidas paliativas de acesso à Praia da Costa, no vão da ponte ruída foram colocados manilhões e sobre eles um aterro. Mais tarde essa cobertura se estenderia, mais ou menos em nível com a estrada, até a Rebentação, fazendo desaparecer a ladeira que antecedia a chegada à Praia da Costa. O resultado desse aterro perdurará para sempre, haja vista que todas as ruas transversais à avenida Champagnat são desniveladas em relação a ela.

 

Autor: José Anchieta de Setúbal
Livro: Ecos de Vila Velha,2001
Compilação: Walter de Aguiar Filho, novembro/2012

 

 

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