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A história de Vitória – Por Cristina Dadalto

Duarte de Lemos

"Vitória não tem fé de ofício. Não foi legalmente batizada.... Felizmente sua origem não se perde em noites pré-históricas. Seus heróis, simples e humanos, em nada se parecem com os semideuses lúbricos e façanhudos das civilizações dalém-mar".

Luiz Serafim Derenzi — Biografia de Uma Ilha.

 

Escrever a história do Centro de Vitória — com suas igrejas seculares, escadarias imponentes, fortes, ruas, monumentos e edificações — é escrever a própria história da fundação da Ilha de Vitória. Que é uma história de renúncia, bravura e de muito trabalho.

 

Como tudo começou...

Em 1550, Vasco Fernandes Coutinho, em busca de defesa e segurança para seus governados, transferiu a sede da Capitania do Espírito Santo de Vila Velha para a Ilha de Santo Antônio. Acreditava que, na ilha, estariam mais protegidos dos ataques dos índios goitacáses, que teriam de atravessar a "muralha" de águas que a circundava. O nome, Ilha de Santo Antônio, Vitória recebeu de Duarte de Lemos, que a ganhou de presente, para usufruto, de Vasco Fernandes Coutinho, em 1537, em retribuição a seu auxilio no desbravamento da Capitania.

Contam os historiadores que, enquanto foi guardião e teve a posse da Ilha de Santo António, até sua mudança para outras terras, Duarte de Lemos pouco fez. Um dos registros de sua estada é a capela Santa Luzia, oratório de sua fazenda, na Rua José Marcelino, o primeiro ponto residencial de Vitória.

Com a povoação, ainda em 1550, a Ilha recebe o nome de Vila da Vitória. Que por fim, a 8 de setembro de 1551, dia de Nossa Senhora da Vitória, é batizada de Vitória, no êxito da guerra dos colonizadores contra os índios que atacaram a ilha.

A transformação da vila inicia-se com a chegada do padre jesuíta Afonso Brás. Ele incita o povoamento da colina, atual Cidade Alta — primeiro perímetro urbano a ser ocupado na Ilha de Vitória —, e constrói o Colégio de Santiago e a igreja (onde hoje se localiza o Palácio Anchieta).

Ainda no século XVI o Centro de Vitória começa a ter seu desenho arquitetônico construído, de acordo com premente necessidade de defesa. Em 1561 aventureiros iniciam as tentativas de tomada da cidade. O primeiro ataque partiu de franceses que infestavam a costa brasileira. A união de combatentes colonizadores e índios coloca-os em retirada. Em 1592, foi a vez do famoso pirata inglês Thomas Cavendish tentar tomar Vitória de assalto.

Em 1652, Vitória sofreria nova tentativa de invasão — dessa vez são os holandeses comandados por Patrid, que tentam repetir o intento oito anos mais tarde. As duas tentativas resultaram em vitória para a população, que lutou unida.

Os idos do século XVIII encurralam Vitória no ciclo do ouro do Brasil-colônia. É período de medo. O conde de Sabugosa manda o engenheiro Nicolau de Abreu, em 1726, fortificar Vitória. Quatro fortalezas são construídas no Centro da cidade.

O Forte São de João, localizado na curva do Saldanha, reparado em 1702, é ampliado e melhorado. É construído o forte São Diogo, situado ao lado de onde hoje está a escadaria São Diogo, que comunica a Praça Costa Pereira com a Cidade Alta. O fortim Nossa Senhora do Monte do Carmo, localizado entre o Cais Grande e o Cais do Santíssimo, edificado ainda no século passado, é também melhorado e recebe casa de pólvora. Um quarto forte é construído: o de Santo Inácio, também conhecido por São Maurício, na quadra da confluência da rua General Osório com a Nestor Gomes.

Ao longo da baía de Vitória vários cais já haviam sido construídos, para embarque e desembarque de viagens e de mercadorias. O Cais da Coluna ou do Imperador, que ficava fronteiriço escadaria de acesso ao colégio Jesuíta; o Cais de São Francisco, de uso particular dos padres franciscanos, situado onde atualmente existe o Centro de Saúde. O porto dos Padres, que ficava na parte baixa da ilha, na esquina da atual Rua General Osório com a antiga rua do Comércio. O Cais do Santíssimo ou da Imperatriz, localizado nas proximidades da região que hoje é o Teatro Glória e a Rua Marcelino Duarte.

Vitória, com seu belo aspecto paisagístico, a pouco e pouco vai se transformando. A vida social e econômica desperta. Caminhava-se a pé, as ruas são tortas e enlameadas. A Cidade Alta é toda dividida por quarteirões irregulares. O dos jesuítas ocupa posição principal, com o colégio e a igreja de Santiago, cuja fachada se volta para o largo Afonso Brás, fronteira à igreja da Misericórdia (hoje ali está situada a Assembléia Legislativa).

A população de Vitória, segundo os anais da Biblioteca Nacional, vol. XXXIV, p. 176 e 180, em 1790 é composta por 7.225 habitantes, dos quais mais da metade, 4.898, são escravos. Nessa época, a população negra, congregada em irmandades, ergue a igreja de Nossa Senhora do Rosário.

Em 17 de março de 1823 é proclamada a independência de Vitória. O historiador Luiz Serafim Derenzi assim descreve o episódio: "Nenhuma festa comemorou o evento. Vitória vivia dias de agitação política. Todas as atenções estavam voltadas para os acontecimentos que sacudiam a nova nacionalidade. O povo pobre e ignorante não opinava. A elite, pequena e dividida, orientava-se pelos lideres em expectativa. O novo predicamento do município não trouxe fato novo à economia pública." O primeiro presidente provincial foi o bacharel Inácio Acióli de Vasconcelos. Governou de 24 de fevereiro de 1824 a 23 de novembro de 1829.

Sem expressão política-econômica no cenário nacional, Vitória recebeu em 26 de janeiro de 1860 a visita de D. Pedro II e sua esposa D. Teresa Cristina, que regressavam de uma viagem ao norte do País. O desembarque se deu no cais das Colunas. O forte de São Francisco, em Vila Velha, e o de São João dispararam seus armamentos em continência militar.

Hospedado no colégio Santiago, que havia se transformado em palácio de governo, o Imperador teve os conventos, igrejas, cemitérios, repartições públicas, quartéis, escolas, hospitais e cadeia incluídos em seu roteiro de visitas.

 

Fonte: Centro de Vitória, Coleção Elmo Elton nº 2 – PMV, 1999
Texto: Maria Cristina Dadalto
Fotos: Judas Tadeu Bianconi
Compilação: Walter de Aguiar Filho, agosto/2020

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