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Acidentes Geográficos do ES - Os 10 mais curiosos

Pico do Itabira - década 1930

1) O Frade e a Freira. São duas montanhas que se destacam de um conjunto existente nas proximidades da cidade de Rio Novo do Sul. Representam, com nitidez impressionante, a figura de um Frade, sentado, que tem ao lado, em plano inferior, como que ajoelhada, uma Freira com o seu manto, numa atitude de confidência. Do trecho da rodovia que liga a cidade de Rio Novo ao lugar Safra, nas proximidades de Cachoeiro de Itapemirim, o conjunto é visto nitidamente. Impressionado com esse capricho da natureza o poeta espírito-santense Benjamim Silva dedicou àquelas duas figuras de pedra este soneto:

Na atitude piedosa de quem reza

E como que num hábito embuçado,

Pôs naquele recanto a natureza

A figura de um Frade recurvado.

 

E sob um negro manto de tristeza

Vê-se uma Freira tímida a seu lado

Que vive ali rezando com certeza

Uma oração de amor e de pecado.

 

Diz a lenda - uma lenda que espalharam -

Que ali, dentre os antigos habitantes,

Houve um Frade e uma Freira que se amaram.

 

Mas que Deus os perdoou lá do infinito

E eternizou o amor dos dois amantes

Nessas duas montanhas de granito...

 

(Do livro “Escada da Vida”. Ed. do autor. Rio 1938. Pág. 98)

 

2) As Furnas do Limoeiro. Situam-se nas proximidades da cidade de Castelo, a 16 quilômetros desta, na antiga Fazenda deste nome. É constituída de cinco grandes galerias, sendo 3 à esquerda e 2 à direita, com cerca de 15 metros de altura e 100 de fundo. É a mais importante gruta de calcário do Estado. Os seus estalactites e estalagmites impressionam o visitante pela sua beleza. Na primeira das galerias há, no teto, “abertas” para a luz e numa dessas claraboias, encontra-se a chamada “Pedra do Sino” que, quando tocada, produz sonoridades suaves como se fosse do melhor bronze. A “Gruta do Limoeiro” é denominada pela beleza e amplitude de seus “salões”, a “Maquiné Capixaba”.

Fonte de estudos: “O Município de Cachoeiro de Itapemirim” do prof. Domingos Ubaldo Lopes Ribeiro. Ed. Tip. Patronato Rio 1928. Págs-52 a 54. Reportagem do Prof. magistrado e historiador Dr. Renato Pacheco, com ilustrações fotográficas in “Revista Capixaba, Nº 31 de setembro de 1969 Ano-XIII.

3) As dunas da Vila de Itaúnas. Ficam na foz do rio Itaúnas, no Município de Conceição da Barra, no extremo norte do Estado, na pequena povoação desse nome. São dunas formadas pelas rajadas de areia alvíssima vindas da praia próxima e que ameaçam soterrar toda aquela pequena Vila. Grande parte dela já está sepultada sob aquele vasto lençol movediço. O espetáculo que oferece ao visitante é, a um tempo, grandioso e triste. Grandioso porque lembra um trecho de um vasto Saara e triste porque assiste-se ao fim de um velho e tradicional aglomerado humano. A municipalidade já providenciou a transferência dos poucos habitantes que ainda ali permanecem, para local próximo, seguro e longe da sua influência. O fenômeno tem sido objeto de estudos de geólogos, geógrafos e curiosos.

4) O pico do Itabira. É um colossal e esguio monolito que se eleva à altura de 550 metros, constituindo, pelo seu feitio, o maior “dedo de Deus” dos capixabas. Situa-se nas proximidades da cidade de Cachoeiro de Itapemirim. Os cachoeiranos fizeram dele o símbolo da cidade, e os intelectuais da sua Academia de Letras transformaram-no no seu escudo e emblema, pondo-o entre dois ramos de louro que se entrelaçam. Visto ao longe, o conjunto de montanhas que o cercam lembra, na linha de seu recorte, a silhueta do falecido Ministro brasileiro Osvaldo Aranha, deitado, trazendo à boca o seu conhecido e inseparável cigarro, representado este exatamente por aquele pico. O poeta cachoeirano Benjamim Silva, já referido, numa estrofe de seu poema “Itabira”, descreveu-o assim:

É um esguio pedaço de granito

Da singular conformação de um dedo

Que parece indicar que no infinito

Existe algum mistério algum segredo.

Livro citado, pág. 83.

5) Ilhas flutuantes. Encontram-se na lagoa Jabaeté, no Município de Viana, vizinho ao da Capital. São pequenas ilhas cobertas de arbustos que se deslocam e passeiam pela superfície de suas águas ao sabor dos ventos. É comum vê-las numa das suas margens para, no dia seguinte, encontrá-las na margem oposta. A explicação que se tem dado para o fato é a de que as raízes destes arbustos se entrelaçam e prendem a porção de terra de pouca espessura em que vicejam, formando essas ilhotas que sobrenadam e se deslocam.

6) O vale do Canaã. Destaca-se dos demais vales espírito-santenses pela sua grandiosa beleza panorâmica. Situa-se no Município de S. Teresa. Nele se inspirou o escritor brasileiro Graça Aranha para escrever o seu famoso romance “Canaã”, um dos mais destacados e conhecidos da nossa literatura, quando exercia a judicatura na cidade de S. Leopoldina, que lhe fica próxima. O escritor o escolheu para cenário dos episódios de toda a sua obra. A natureza espírito-santense encontrou, no autor, o mais legítimo e autorizado paisagista dos encantos daquela região. Fonte de estudo: Augusto Lins. “Graça Aranha e o seu romance”, o mais completo estudo já publicado sobre o romancista e a sua obra. Ed. 1968.

7) O rio subterrâneo. É o rio Santa Maria. Atravessa zona acidentadíssima da região central do Espírito Santo. As suas sucessivas e espetaculares quedas d’água estão sendo aproveitadas para a construção de Usinas elétricas. Ao se aproximar da cidade de Santa Leopoldina, ele desaparece, abruptamente, de seu leito e começa a correr, escondido, sob enormes blocos de pedra que se ajustam, para reaparecer, adiante, alegre e barulhento. É realmente espetáculo curioso senti-lo sob os pés do observador. Idêntico fenômeno se observa no rio Muqui do Norte, afluente do rio Itapemirim, na cachoeira formada pelo rio Sumidouro que tem exatamente esse nome porque também corre subterraneamente, numa distância aproximada de um quilômetro para reaparecer já no Município de Cachoeiro de Itapemirim. Fonte de estudo: Mário Aristides Freire- “Subsídios para o estudo da Hidrografia Espírito-santense. “in” Rev. do Instituto Histórico do Estado. Vol.17. Ano-1957.

8) A Pedra Azul e o seu lagarto. É uma bela montanha que se destaca à margem da rodovia BR-262 nas proximidades do povoado de “Venda-Nova”, no Município de Domingos Martins. Uma de suas faces, a que dá para o poente, completamente lisa e despida de vegetação, toma, ao cair das tardes, uma coloração azulada de belíssimo efeito. Mas o que a torna curiosa é a existência de um bloco esguio de pedra que se deslocando do alto, parou à meia encosta, dando ao observador a imagem perfeita de um enorme lagarto que procura subir. Tão nítido ele se apresenta, que se vê a cabeça e o corpo do animal afastado da pedra tendo apenas as patas postas nela, na posição exata de que está subindo. Dificilmente o viajante resiste ao desejo de bater uma fotografia daquele capricho da natureza. De certo ponto da rodovia a visão é perfeita. Fonte de estudo:- “A Caprichosa orografia espírito-santense”. Memória histórica apresentada ao 6º Congresso Brasileiro de Geografia pelo Dr. Antonio Francisco de Athayde. Ed. Soc. Artes Gráficas, Vitória. 1919.

9) A Pedra dos Ovos. É a denominação dada a um enorme bloco de granito de forma arredondada que emerge do mar na margem esquerda do canal de acesso ao Porto de Vitória. Esse bloco se equilibra sobre outro, bem menor, que lhe serve de base e que melhor se divisa e se observa nas marés baixas. O nome dado deriva do fato das aves marinhas a preferirem para a feitura de seus ninhos e guarda de suas posturas. Nas marés altas, a base que a sustenta se oculta dando ao observador a impressão de que ela flutua. Pedra-pião é outro monólito de 5 a 6 metros de diâmetro em forma de pião, de onde tira o nome. De feitio regularmente arredondado se equilibra na sua parte mais fina sobre outro bloco maior que lhe serve de mesa ou tablado. O que admira é ver toda aquela enorme massa granítica se equilibrar num pedestal tão fino. Encontra-se nas proximidades do povoado de Safra, à margem da BR-101. Fonte de estudo:- Veja autor e estudo já citados no § anterior.

10) O Ninho da águia. É outro capricho curioso da natureza. Está esculpido numa saliência rochosa existente num dos flancos do Morro “Moxuara” do vizinho Município de Cariacica. Da rodovia que liga a capital espírito-santense àquela cidade ela aparece nitidamente, representando uma enorme ave deitada em seu ninho com a cabeça voltada para o lado sul. A perfeição da silhueta chama logo a atenção do viajante que por ali passar. Fonte de estudo:- Além dos autores e dos estudos citados veja ainda a conferência do Prof. Dr. Mário Freire “Serras e montes capixabas”. Rev. do Instituto Histórico nº 17 Ano-1950-57. Vitória. 1958.

 

Notas:

 

Academia Espírito-Santense de Letras

Ester Abreu Vieira de Oliveira (Presidente)

João Gualberto Vasconcellos (1° Vice-Presidente)

Álvaro José Silva (1° Secretário)

Marcos Tavares (1° Tesoureiro)

Secretaria Municipal de Cultura - Prefeitura de Vitória

Lorenzo Pazolini (Prefeito Municipal)

Estéfane da Silva Franca Ferreira (Vice-Prefeita)

Luciano Pícoli Gagno (Secretário Municipal de Cultura)

Elizete Terezinha Caser Rocha (Coordenadora da Biblioteca Municipal Adelpho Poli Monjardim)

Conselho Editorial

Adilson Vilaça

Álvaro José Silva

Ester Abreu Vieira de Oliveira

Elizete Terezinha Caser Rocha

Fernando Achiamé

Francisco Aurelio Ribeiro

Getúlio Marcos Pereira Neves

Organização e Revisão

Francisco Aurelio Ribeiro

Capa e Editoração

Douglas Ramalho

Impressão

Gráfica Espírito Santo

Imagens

Arquivos Pessoais

 

Fonte: O Estado do Espírito Santo e os Espírito-santenses - Dados, Fatos e Curiosidades (os 10 mais...) - 4° Edição (Reedição da 3ª ed. de 1971)
Autor: Eurípedes Queiroz do Valle
Compilação: Walter de Aguiar Filho, Maio/2022

 

 

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